Grande tacada do Presidente do Bahia, Marcelo Guimarães Filho, ao buscar com discrição o nome certo para recolocar o Bahia em cena nacionalmente. É algo novo, diferente para o Bahia e inédito na carreira do técnico Renato Gaúcho, que nunca quis sair do Rio, nem nunca se imaginou na Bahia e no Bahia, certamente. O que pegou a todos de surpresa e trouxe de imediato resultado midiático para o clube. O Bahia durante este ano não havia sido tão falado como está sendo, em nível nacional, de domingo, 13, para cá.
Outro acerto dentro desse cenário foi a despistada oportuna que o Presidente Marcelo deu na Imprensa, “sugerindo” até, que ela, Imprensa, seja mais cautelosa com as notícias, pois todos davam o René Simões como certo. Foi um corre-corre sem precedentes. Não houve o famoso “furo!” que quase toda a Imprensa tentava dar na base da adivinhação.
O certo é que Renato Gaúcho está aí e, a exemplo do que aconteceu com ele, outras boas surpresas podem surgir, tendo como fator decisivo o próprio Renato. Prestígio, principalmente junto a jogadores, ele tem de sobra. A imprensa do Sul e Sudeste tem por Renato muito respeito, motivada pela franqueza dele e por ser um cara que dá a Cézar o que é de Cézar. Quem souber lidar com ele, seja jogador ou cronista, vai se dar bem. Quem não souber…
Uma coisa me chamou a atenção: Renato é um predestinado à polêmica. O moço nem desembarcou em Salvador e uma parte da imprensa já colocava em manchete o que aconteceu, há vinte e poucos anos, quando ele disse, intempestivamente, após levar uma “ovada” na moleira, que o deixou atordoado apesar da vasta cabeleira, que a Bahia era terra de Índio. Por acaso não é? Hoje em minoria, sim, mas continua sendo a terra dos índios.
Será que ser chamado de índio é tão pejorativo assim? Para mim não é nem um pouco. Afinal, onde está o demérito em ser chamado de índio? Não somos reais descendentes de índios, portugueses e africanos? Aqui é a terra dos índios, onde o Brasil foi descoberto. Os conquistenses – Vitória da Conquista – são chamados de mongoiós em justa homenagem aos antigos habitantes da terra do frio, os índios mongoiós. Itabuna, Itabela, Itapetinga etc., derivam do Tupi-Guarani, posto que ita na língua Tupi-Guarani é pedra.
Certamente haverão de dizer que a intenção de Renato foi chamar os baianos de primitivos… mas não agiram de forma primitiva naquela ocasião? E se o tal ovo pega no olho e compromete a sua visão? Quem viu a imagem da cena na TV notou a força da explosão do dito ovo.
Ora, a culpa de tudo foi de um tal Lazaroni que jamais deu certo na Seleção e de um diretor de futebol chamado Eurico Miranda. A eles deveria ser remetido o ex-futuro pintinho, já que a sanha do torcedor era incontrolável. A reação de Renato foi como seria a minha, a sua, leitor, ou a de qualquer visitante naquele momento numa terra comentada em versos e prosas pela sua hospitalidade.
Bebeto disse naqueles dias que sentia vergonha de ser baiano e, entretanto, ele veio jogar aqui no rival e ninguém, que eu saiba, recordou aquilo. Pelo contrário, eu sofri com um engarrafamento terrível nas imediações de São Cristovão devido a festa que muitos baianos estavam fazendo para recebê-lo, já que fora contratado pelo Vitória da Bahia.
Precisamos saber separar aquilo que é dito sob efeito de uma pancada dada deliberadamente por alguém capaz de qualquer gesto prejudicial à integridade física do próximo, do que é dito de forma, também deliberada, de falar mal de um povo e de uma terra. O que, diga-se, neste caso, não foi a real intenção de Renato. Foi a reação devida a ação. Isto me parece óbvio.
Quinta-feira é o dia da apresentação de Renato na bela Casa Tricolor, na Pituba, que está show de bola. Esperamos que o passado esteja enterrado e que os índios sejam respeitados. Discriminar não é chamar alguém de índio, discriminar é achar-se ofendido ao ser chamado de índio. O Índio representa uma parte muito importante da nossa cultura e da nossa história. Os cearenses, por exemplo, se sentem orgulhosos de uma das suas mais poéticas referências que é denominar o Ceará como a “Terra de Iracema”. Iracema não era uma índia? Fictícia ou não, representa a legião indígena no Ceará.
É melhor entender Renato Gaúcho como técnico e como marketing, aprovado em todas as pesquisas pela maioria esmagadora da torcida tricolor, como investimento de um clube que está precisando ocupar o seu legítimo lugar na mídia brasileira. É preciso acabar com essa mania de perseguição pessoal que há em certos setores da imprensa baiana para com os dirigentes do Bahia. E tudo isso por que alguns benefícios foram cortados, contrariando alguns interesses.
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