Precisamos preservar Vitor Hugo, precisamos nos preservar

                Em todos os círculos de debate que eu estou presente na minha vida, eu tomo muito cuidado para criticar Vitor Hugo. A barra que Vitor está passando em 2023, eu passei em 2008 e até hoje não consegui me recuperar. Por ser solidário a esta dor, não tenho a menor intenção de vaiá-lo no estádio, criticá-lo diretamente em redes sociais ou deixar a paixão tomar conta e desrespeitá-lo. E por compreender isso, afirmo: Vitor Hugo precisa ser preservado.

                Contratado em abril, Vitor foi um dos reforços mais celebrados pela nação tricolor. Ídolo na Turquia, figura importante no Palmeiras campeão antes disso, trata-se de um jogador com histórico de primeira prateleira. Um jogador que veio com a responsabilidade de resolver a posição. Gerou grande expectativa na torcida e na imprensa para ser uma liderança técnica em campo, quem sabe até o capitão. Na sua primeira entrevista, causou um encantamento na imprensa e na nação tricolor com sua personalidade irreverente e sua mentalidade vencedora. Parecia ser um jogador que nos ajudaria a mudar de patamar.

                Entretanto, dentro de campo, Vitor parece não ser o mesmo jogador que víamos pela TV em outros clubes. E não é apenas a questão da idade, pois, aparenta ser um jogador de extracampo tranquilo, com baixíssimo índice de lesões. O jogador não causa grande impacto positivo para o Bahia no campeonato brasileiro e, pelo contrário, tem se tornado uma peça que tem sido explorada pelos adversários pelas fragilidades. Ignorando as falhas que não geraram gols, fizemos um levantamento de falhas cruciais cometidas pelo atleta que geraram gols. E repito (essa será a tônica dessa crônica), não temos a intenção de depreciá-lo, apenas de entender o que está acontecendo com este atleta:

                Nessa análise, notamos que 12 dos 34 gols do Bahia no campeonato tiveram uma falha decisiva de Vitor Hugo. É possível notar também que existe uma tendência em como ocorre essas falhas. Desses gols sofridos, a grande maioria ocorre em momentos de desatenção do jogador, onde sua concentração na partida está baixa e gera um lapso temporal entre sua ação e a ação do adversário. Nesses momentos de baixa concentração, é comum também perceber a recorrência de gols onde Vitor deixa o seu adversário e tenta desarmar outro adversário que já estava marcado, o que pode significar duas coisas: ou ele não confia no seu companheiro de zaga ou ele quer resolver sozinho. O outro motivo recorrente é o controle de profundidade e a corrida para trás.

                Essa questão de correr para trás, não vejo como resolver. O jogador não tem muita velocidade, quem o contratou já sabia que levaríamos gols com essa falha. O problema são esses momentos de desatenção do atleta. Isso é um fator psicológico, não vai ser resolvido com treino. Ele precisa sair dessa pressão, precisa estar mais com a sua família, precisa se apegar com o que ele acredita. Trata-se de um jogador com três anos de contrato. Ele precisa ser tirado do time titular (ou pedir para sair um pouco do time). Não dá mais para esperar uma reação do atleta que não virá, pelo menos não nesse ano. Vitor está sendo prejudicial ao Bahia no campeonato e se permanecer como titular chegará um momento em que a sua continuidade no clube ficará insustentável como ficou com Chávez, Cicinho e está ficando para Everaldo.

                E o problema fica ainda maior quando os reservas de Vitor Hugo são Gabriel Xavier, o melhor zagueiro do elenco do Bahia; Marcos Victor, que antes da lesão estava muito bem e Raul Gustavo, que comete suas falhas, mas é um jogador mais vibrante. A pressão fica ainda maior perante a torcida. Por isso, deixo aqui o meu apelo a Rogério Ceni e a Vitor Hugo: preservem o atleta. Por tabela, vocês preservarão o Bahia.

BBMP !