é goleada tricolor na internet
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Publicada em 7 de maio de 2006 às 00:00 por Autor Genérico

Autor Genérico

Precisa-se de um Vidente

Durante a II Guerra Mundial, o presidente americano Roosevelt andou se aconselhando com uma vidente chamada Jeane Dixon. A mulher era retada! Acertava muito. Ela previu, por exemplo, que os aliados russos se transformariam em principais inimigos dos EUA após a guerra e, até mesmo, que o presidente só tinha poucas semanas de vida – o que acabou se concretizando (não se sabe se por efeito do impacto da previsão ou por conta da insidiosa doença que o consumia).

Cá por nossas bandas não dispomos, na atualidade, de uma vidente desse calibre e pontaria. Foi-se o tempo da Madame Beatriz (passado, presente e futuro) e a Mãe Dinah, convenhamos, vem atirando a esmo e obtendo acertos bastante esparsos para ser levada a sério. Mas estou precisando urgentemente de uma vidente de responsa.

Preciso de uma pitonisa que possa me apontar a quantas andamos do fundo do poço. Que consiga predizer quanto sofrimento e humilhação ainda haveremos de agüentar, como o de ter que aturar a declaração do técnico Barbosinha do Camaçari, durante a confusão armada pelo massagista Carcaça (nome sugestivo) no último jogo do Bahia, quando disse ao repórter Hélcio Braga (eu ouvi): “Time falido! Diretoria mentirosa!”, referindo-se ao meu outrora glorioso e respeitado Esporte Clube Bahia.

Necessito de uma Cassandra, com credibilidade, para me fornecer os augúrios referentes à motivação que terá o atual elenco para se empenhar completamente, tendo rotineiramente dois meses de salários atrasados.

Seria bastante útil ter um oráculo em transe que dissesse a cada um dos atuais mandatários do Bahia, em latim e em nome de boa parte da torcida: Quo usque tandem abutere, Catilina, patientia nostra? Quam diu etiam furor iste tuus nos eludet? Quem ad finem sese effrenata iactabit audacia? O tempora, o mores!* Também seria de grande ajuda esclarecer porque o atual presidente Petrônio Barradas não procura tratamento para sua paranóia ou resquício da ditadura militar, pois insiste sempre em qualificar os que se opõem às suas ações assim: “esses não são verdadeiros torcedores do Bahia”. Pára com isso, Petrônio! Coisa mais infantil!

Eu entenderia melhor as ações da oposição se alguma taróloga me explicasse a razão para eles lançarem tantos factóides na imprensa, que, como factóides, nunca resultam em algo concreto.

Adoraria que uma quiromante dissesse ao nosso técnico Mauro Fernandes, genérico de Vanderlei Luxemburgo (ao menos na sintaxe), que Luís Alberto não deve ser escalado como volante, pois o jogador possui deficiências na marcação que o obrigam a fazer faltas perto da área, com mais espalhafato do que violência, o que produz um número elevado de cartões amarelos e vermelhos.

Uma intérprete de pedras runas poderia revelar para Mauro Fernandes que os técnicos anteriores não perceberam que Luís Alberto é um excelente segundo atacante, pois tem presença na área, excelente arranque, passa bem, cruza bem, tabela bem, chuta bem, conclui bem, cabeceia bem e, a exemplo de Júnior Baiano (que também deveria ter sido atacante), vem sendo erroneamente posicionado atrás. Para Luís Alberto é preciso adicionalmente dizer que perder ou adiantar demais a bola não significa que ele precisa se vingar doadversário que tomou a bola e decapitá-lo. Que ele foi um dos poucos talentos que o Bahia revelou nos últimos tempos.

O outro talento que está retornando e para o qual eu necessitaria que um profeta, tipo Nostradamus, me dissesse qual o destino que lhe aguarda é Jair. Que diabos esse menino tem na cabeça? Que limitação mental o faz deixar de perceber como tem desperdiçado o seu talento? O que ele tem feito na vida cotidiana que interfere tanto no seu rendimento e no seu futuro? Como pode ele desperdiçar o dom que lhe foi dado? Acho que o técnico, seja ele quem for, tem obrigação de recuperar esse jogador. É um dos poucos que me tiram de casa para vê-lo jogar no estádio. Mas o seu futuro ainda é uma incógnita para mim.

Algum oriental que saiba jogar o I Ching poderia me tirar a premonição de que logo perderemos Rafael Rastos, que encheu meus olhos e meu peito de esperanças ao vê-lo fazer uma apresentação soberba contra o Poções, na Fonte. Preciso ser tranqüilizado urgentemente quanto a essa ameaça de perda.

São muitas as incertezas. É grande a perplexidade. Estamos no limiar de uma guerra para tentar retornar à segunda divisão. O campeonato baiano, cujo valor intrínseco é mínimo (para não dizer nulo), deveria servir para montar o time destinado a encarar o desafio que teremos no segundo semestre. A se julgar pelo que temos apresentado, não passaremos da primeira fase. Mas como futebol não é lógica e existem fatores transcendentais intervenientes, resta-me apelar para o mundo mágico. Se algum paranormal quiser se candidatar a me ajudar nessa empreitada, mas achar a tarefa muito difícil, pode, pelo menos, me soprar as seis dezenas da Megasena acumulada que serão um consolo razoável.

* Até quando, ó Catilina, abusarás da nossa paciência? Por quanto tempo ainda há de zombar de nós essa tua loucura? A que extremos se há de precipitar a tua audácia sem freio? Oh tempos, oh costumes! (trechos de um famoso discurso de Cícero contra Lucius Sergius Catilina, no Senado Romano, em 63 AD)

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