No final do ano conversei com o presidente Marcelo Filho, do E.C. Bahia, o suficiente para obter dele o perfil que sua diretoria tem traçado para 2013 em relação ao elenco. O objetivo é fazer um time como a torcida vinha pedindo, ou seja; usar ao máximo a prata de casa e fazer algumas contratações pontuais de jogadores que possam vir somar vestindo a camisa do Bahia. Pelo que pude entender nada será muito diferente disso, até por necessidade.
Do meu ponto de vista vejo com otimismo o fato de o Bahia focar o trabalho em cima daquilo que naturalmente deve ser a fonte principal de abastecimento do Tricolor. E não poderia eu pensar diferente disso porque tenho defendido a tese de que um grande time de futebol passa, principalmente, pelo comprometimento do atleta com o clube.
Sou favorável à política caseira porque entendo que esse é o caminho mais seguro para se formar um bom time de futebol em médio prazo e um ótimo time no longo prazo. Melhor encarar a realidade e entender de uma vez por todas que dentro do atual orçamento tricolor não cabem as grandes estrelas nacionais.
Historicamente as grandes conquistas do Bahia aconteceram quando se olhou para o celeiro baiano e a própria base de formação de atletas do clube. É só voltar no tempo para lembrarmo-nos de Nadinho, Marito, Biriba, Florisvaldo, Bombeiro, Léo Brílgia, Ronaldo Passos, Bobô, Zé Carlos, Charles, Tarantini, Claudir, só para citar alguns.
É claro que houve times maravilhosos nas décadas de 70 e 80 que conquistaram muitos títulos e estavam sempre entre os melhores do Brasil porque afinal quem tinha a sorte de ter em suas fileiras jogadores como Douglas, Picolé, Roberto Rebouças, Baiaco, Osni, Zé Eduardo, Romero, Longhi, Jésum, Beijoca, Jorge Campos, Sapatão, Ubaldo, Peri etc. só poderia ser mesmo um privilegiado.
Não é possível competir com clubes como São Paulo, Corinthians, Santos, Fluminense, Internacional, Cruzeiro, Atlético e Grêmio na hora de contratar, claro que não dá e a torcida precisa entender isto definitivamente como realidade e não de forma passional.
O Palmeiras vai chegar a pagar quase 300 mil mensais para ter Marcos Assunção, 37, por mais um ano. Isto pode não ser regra, mas é a realidade do futebol brasileiro, se o Palmeiras não pagar perde o jogador que muito provavelmente seria contratado por um desses clubes citados acima.
Por essas dificuldades e pelo momento inflacionário do futebol no Brasil é que acho que o correto é buscar no desconhecido uma fórmula equilibrada de contratar. Certamente vai aparecer um ou dois que dê certo, assim como deu certo Helder, Neto, Lomba, Titi e Fahel.
O Corinthians deu exemplos de como fazer a coisa certa, pois quando perdeu a classificação de forma bisonha na Libertadores, há dois anos, toda a torcida pediu a cabeça de Tite na bandeja, mas Andrés segurou a onda contra tudo e todos conservando-o no cargo e não partiu em busca de grandes contratações, fez apenas a contratação média. Saíram Ronaldo e Roberto Carlos, mais tarde vendeu um ou dois e buscou no desconhecido e na Base o time que afinal se sagrou campeão do mundo.
Lembro-me do Cruzeiro de 1965 quando Felício Brandi cansado de levar pancada colocou um time inteiro com jogadores absolutamente desconhecidos e jovens, e disse: pra perder ou pra ganhar, a torcida tem de entender que o time deste ano será esse aí. Então surgiram para o cenário encantador do futebol Tostão, Raul, Natal, Zé Carlos, Dirceu Lopes, Piazza e Hilton. A partir dali o Cruzeiro descobriu a fórmula e se tornou esse grande clube.
Marcelo Filho e Angioni terão de bancar uma eventual contrariedade da torcida e apostar no sucesso da molecada. Convicção é fórmula, ou o ônus daquilo que foi planejado em nível de elenco. Se quiser formar um time bom à médio prazo, precisam fazer ouvido de mercador e encarar os fatos. Se for ouvir na íntegra os clamores por um time caro, vai acontecer o mesmo que vem acontecendo há dois anos.
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