é goleada tricolor na internet
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Publicada em 21 de novembro de 2011 às 00:00 por Autor Genérico

Autor Genérico

Porco Dio!

Na primeira vez que viajei para a casa dos meus sogros, desci no aeroporto de Caxias do Sul num típico dia de verano: um grau negativo e uma dor óssea então jamais sentida na minha vida.

Estava ao lado da esteira de bagagens, numa saleta minúscula, e observava aquelas figuras em minha volta, as quais pela fisionomia tinham literalmente os dois pés na bota. Ao meu lado, um velhinho com dois metros de nariz e a indefectível boina na cabeça e elegantemente vestido, aguardava a sua bagagem.

Eis que a bagagem de todo mundo já tinha sido entregue menos a do velhinho.

Irritado, o senhor dirigiu-se ao funcionário da companhia aérea e recebeu a triste notícia de que sua bagagem tinha sido extraviada em São Paulo.

Neste momento só consegui visualizar as jugulares do indivíduo saltando para fora do seu pescoço, e eis que ele explodiu de raiva na cara do empregado da companhia: “PORCO DIO! Tutti incompetente! Disgraciato!” e outros impropérios os quais não consegui identificar por não ter familiaridade alguma com aquele dialeto mistura da língua de Berlusconi com o sotaque do tabaréu local, ou colono, como eles dizem.

O italiano é conhecido pelo seu temperamento extremamente explosivo e por falar muito alto. Uma das formas mais peculiares deste povo expressar raiva e indignação é através do uso de blasfêmias como “porco Dio” (Deus porco), “Madona putana” (Nossa Senhora puta) etc. Algo bem contraditório no berço do catolicismo.

Diz-se da palavra blasfêmia, de acordo com o Dicionário Houaiss: 1- enunciado ou palavra que insulta a divindade, a religião ou o que é considerado sagrado; 2- palavra, expressão ou afirmação que insulta ou ofende o que é considerado digno de respeito ou reverência; 3- afirmação absurda ou ilógica; contra-senso.

Ao perdermos para o time do Palmeiras, o ex-Palestra Itália e clube conhecido pela alcunha de Porco, mais uma vez desvelam-se as fraquezas do Bahia: do elenco ao treinador. Joel Santana, em que pese sua contribuição para não estarmos amargando colocação pior neste campeonato, trocou os pés pelas mãos ao escalar um tal Camacho, por exemplo, no time titular. Independente deste fato, a péssima atuação dos medalhões Souza e Carlos Alberto e a insistência em afirmar que Júnior ainda joga bola, podem ser consideradas verdadeiras blasfêmias contra a lógica e o esporte bretão em si.

Não obstante a blasfêmia que a diretoria do Esporte Clube Bahia comete diuturnamente contra a sua maior divindade e quem lhe mantém ainda vivo, a sua torcida, o time do Esporte Clube Bahia foi um verdadeiro absurdo ou contra-senso na data de ontem.

Foi amplamente dominado pelo Palmeiras, clube o qual anda às turras com o “gringo” Luiz Felipe Scolari e vinha de uma longa sequência de jogos sem vencer. Venceu, e jogando um futebol convincente, na “boa terra”; a mesma boa terra de Corinthians, Santos, Grêmio, Vasco, etc etc etc.

Tendo-se como base os confrontos contra clubes do chamado “G12”, o seleto grupo dos “grandes clubes brasileiros”, no qual o Bahia adentrou de última hora como sócio-fundador do Clube dos Treze, até o momento vencemos apenas o Fluminense e o São Paulo em nossos domínios e o Flamengo e o Fluminense fora; sendo que apenas o jogo contra o tricolor carioca em Pituaçu foi isento de emoções fortes.

É muito pouco.

O Santos, no que pese sua iminente participação no Mundial e por já estar garantido na próxima Libertadores, poderá até facilitar contra o nosso tricolor, mas o problema do Bahia não é o adversário, e sim ele próprio. Sua imprevisibilidade assusta o torcedor mais racional e assim como o resultado de ontem não estava no “script”, o próximo possivelmente idem. Aguardemos cenas dos próximos capítulos. Possibilidade enorme de um verdadeiro mata-mata entre nordestinos na última rodada em busca da sobrevivência! Ceará possível que Bechara ressuscitará em Pituaçu???

Apenas lembrando que a luta pelo título de Campeão Brasileiro de Não-Rebaixamento segue acirrada, e faltando duas rodadas, somente o catarinense Avaí está definido lá embaixo.

Um time que se diz bicampeão brasileiro, recordista de público nos estádios e com uma “torcida de ouro”, certamente abriria mão destes títulos honorários em troca de um time mais competitivo e mais regular.

Tudo bem que regularidade absoluta não foi a tônica de nenhum dos clubes desta Série A, nem mesmo dos líderes; mas será que devemos nos dar por satisfeitos com isso e dizer que “tudo está sob controle”?

Por falar em Avaí, o seu arquirrival Figueirense, clube o qual passou décadas longe da primeira divisão nos anos 80 e 90 com um período longo de hegemonia local do interiorano Criciúma, briga matematicamente palmo-a-palmo pela classificação na Libertadores.

Não que o Figueira seja o clube mais bem gerido do mundo nem possua um timaço, mas o seu maior segredo foi a regularidade positiva, com grande número de triunfos fora de casa, assim como o Bahia na Série B do ano passado. Sua diretoria pode ser amadora, e nem a conheço; mas talvez as palavras ORGANIZAÇÃO e PLANEJAMENTO, provavelmente presentes no Orlando Scarpelli, passem longe do Fazendão. Competentes FAZEM e não apenas prometem, ipso facto.

Sorte com certeza não foi. Mais de 40 jogadores no elenco, alguns com salários que beiram o meio milhão de reais para mal entrar em campo, com certeza o Figueirense não possui.

Louve-se o esforço da diretoria em contratar Carlos Alberto, Ricardinho e Jobson. Foram boas contratações, porém de alto risco. Quem contrata três atletas de prognóstico incerto e deposita neles a esperança e a certeza de uma boa campanha sem um “plano B”, assume o risco e poderá pagar caro por ele como pagou.

Sem falar no campeonato baiano, vitrine de jogadores encostados e de rendimento aquém do esperado, que geraram despesas inonimáveis para o Bahia sem retorno algum.

Com esta derrota, sinto um cheiro de algo queimando… a minha língua quando disse na última coluna que estávamos aliviados. Não estamos de jeito nenhum!

A partir de agora, seremos cruzeirenses desde criancinhas contra o Siará. O Bahia matematicamente depende só dele, mas psicologicamente o Bahia depende mesmo é da sorte, e que os Deuses do Phutebol olvidem as blasfêmias diárias contra esta torcida tão maltratada e digam AMÉM.

PS: Falando do nosso querido Leãozinho, o maior rival do Bahia cujo nome estou proibido de pronunciar por convicções religiosas; assim como o Bahia vai “voltando ao normal”, o Canabrava idem. Sua sina de time amarelão, perdedor, fracassado e ao mesmo tempo megalomaníaco ultrapassa os limites do lógico e do racional. Ok, eles ainda podem comer asa de frango nas Alagoas e o Xicotinho Queimado do Ricifi cagar no pau diante do semi-extinto Vila Nova lá no Goiás. Mas, sinceramente, e considerando que o nosso rival é literalmente a verdadeira spazzatura do calcio brasiliano; se o Sporcaccione de Canabrava subir e o Bahia descer, podem pedir perdão de todos os seus pecados porque 2012 vem aí junto com o Juízo Final.

PS2: A entrada do jogador do Internacional Bolívar no nosso lateral Dodô foi no mínimo uma imprudência com graves implicações para o atleta do Bahia. Uma lesão como esta, que pode até acabar com a sua carreira, não precisa estar relatada em súmula para ser severamente punida. O nível das arbitragens neste campeonato Brasileiro tem sido péssimo para todos os clubes e não apenas para o tricolor de aço; e isso certamente merece providências drásticas dos chefões do apito. Esta é a roda da vida: o mesmo Paulo César de Oliveira de 2004 prejudica o Bahia mais uma vez; o mesmo Dodô, satanizado pela torcida outrora, agora gera uma onda de indignações e compaixão (e se fosse Carlos Alberto?). O mesmo Nikão, jogador irregular e instável quando jogava pelo Atlético-MG e pelo Canabrava, tem entrado bem e melhorando a qualidade no meio-campo tricolor.

PS3: E, como não poderia deixar de ser, faço mais uma vez sinceros votos de que la direzione di qualità dubbiosa do nosso EC Bahia faça melhor daqui para frente caso escapemos do descenso; e que o melhor é nestes dois jogos dar uma raça a mais em campo e depois a gente briga. Que a Sua Serenidade, o Presidente do Esporte Clube Bahia, possa reeleger-se brevemente em pleito pulito, probo, non sospetto, e que todos possam comungar pela paz e pela harmonia em busca da Graça Suprema de um Bahia na Série A em 2012 – forte, competitivo e menos medíocre.

Dominus Vobiscum!

“Et cum spiritu tuo!!!”

It, Missa est!

“Salute Tricolore!!!”

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