Não estou mais conjecturando sobre as chances do Bahia neste campeonato brasileiro: tanto faz. Inclusive, neste caso, sou plenamente a favor de uma eutanásia futebolística simbólica, no melhor estilo Antônio Cícero: morra-se com dignidade, sem choro nem vela, com discrição e com a cabeça erguida. Se bem que no caixão, cheio de flores, a cabeça fica na horizontal e a cara pra fora. O Bahia, nem a cara bota…
Eu é que não vou ficar fazendo oração, continha na calculadora e ficar secando o Cruzeiro. Quem quiser que o faça. Caso o improvável aconteça, terá sido pura sorte e acaso, nessas aleatoriedades randômicas redundantes que fazem das nossas vidas algo imprevisível.
Não há melhor eutanásia, no caso, do que colocar a equipe sub-20 para jogar contra o mais do que rebaixado Atlético-GO. Com a altivez de São Jorge, enfrentemos o dragão rumo a uma dita “campanha inédita” de pontos ganhos corridos. O treinador é a mesma nulidade de sempre, o mesmo embuste. Então, colocando a molecada pra jogar, quem sabe não surge aí uma esperança pro ano que vem, uma vez que Ceni é melhor que Guardiola e não sairá do Bahia nem debaixo de cacete de torcida organizada.
Viver de esperanças: eu as vivo desde o longínquo 1988/89. Entrementes, vi o quarto lugar diante de um Corinthians muito mais mambembe do que o de hoje; vi o sétimo lugar de um time pra lá de mambembe, comandado por um professor de inglês frustrado. E vi, também, trocentos rebaixamentos, goleadas, humilhações e passeios em séries diversas. Essas goleadas nem me incomodam mais: o que me incomoda é perder para os flamengos da vida por puro viralatismo.
Diante da classificação mais escancarada, para a Libertadores, dos últimos 35 anos, eu, um homem de meia idade, com o humor todo fodido por anos de estradas nem sempre bem “pavimentadas”, não posso passar pano, aceitar ou me conformar com o que está acontecendo com o Bahia.
Esqueçam a matemática! Esqueçam o cruzeiro desvalorizado! Ganhar ou perder do time “do” Goiás não vai apagar um ano com derrotas para o ridículo rival estadual, para o inexpressivo CRB, para o Flamengo (sem a menor menção de resistência), e dentre outras tantas derrotas ridículas neste brasileirão, como lá em Caxias perante o Juventude. Quem quiser que me convença que recordes históricos de pontuações sejam trunfos para um clube SAFado que não está fazendo mais do que a sua obrigação diante do montante financeiro despendido – e desperdiçado. Mas o dinheiro não é meu, não é nosso, não temos legitimidade nenhuma para reclamar disto – apenas lamentar.
Fui, sou e continuo sendo a favor do modelo de SAF, mas admito que este possui um triste efeito colateral, conforme descrito.
2024 está perdido, mesmo com uma – repito – improvável classificação à Libertadores. Ou melhor, à pré-Libertadores. Perdido porque a probabilidade de sucesso com Rogério Ceni é virtualmente nula, e quem diz isso são as próprias estatísticas. Ele tem material para fazer melhor, e não faz porque não quer (ou não sabe como). Classificar para uma “pré”, enfrentar um Huachipato da vida e tomar cacete?! Melhor nem disputar. Porque, com Ceni, isso é o mais provável.
Outrossim, dirão alguns afoitos que “a Sulamericana dá vaga à Libertadores de 2026”. Leia o parágrafo anterior novamente. E – pior – com o time de Canabrava ao lado.
Como o intrépido treinador tricolor não está na Premier League por pura injustiça, diriam os grandes executivos do City matriz, temos que ter fé. A mesma fé que eu tenho no sucesso do Bahia neste brasileiro é a mesma fé que eu tenho que vai cair um meteoro na cabeça de Rogério Ceni.
Para encerrar este ensaio de otimistas divagações sobre cercas de arame liso na fazenda dos burros, remeto a duas personalidades tão díspares entre si quanto ovo frito e goiabada: Dilma Rousseff e Caio Alexandre.
Indagada sobre a abertura de poucas vagas no programa Pronatec, em 2015, a ex-presidente do Brasil saiu-se, perante a imprensa, com a seguinte frase:
“Não vamos colocar meta. Vamos deixar a meta aberta; mas quando atingirmos a meta, vamos dobrar a meta”.
A despeito da disartria da senhora Rousseff, com umas 3 gotinhas de Rivotril, ela tinha “razão”.
Os executivos do City, no começo do ano, disseram que a “meta é chegar entre os dez primeiros do brasileirão”. Ok, foram honestos, ponderados e modestos. Contudo, poderiam ser mais ousados e intervir mais precocemente quando a barca tricolor estava adernando. Agora é tarde.
Finalizando, e enfatizando a importância da pontuação correta nas frases, a fim de fixar-lhes um sentido unívoco, vamos fazer uma brincadeira com o famoso bordão do nosso volante de Kombi, adequando-o à realidade.
“É! O Esquadrão não tem jeito!”
Feliz 2025 a toda nação tricolor!
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