Já é de conhecimento público que a segunda e última instância do Poder Judiciário da Bahia destituiu aquele que se dizia dinâmico e futurista da presidência do Esporte Clube Bahia. Para a Justiça baiana, o momentaneamente ex-mandatário tricolor alcançou sua reeleição em pleito improbo e sem a transparência necessária como há de convir a um sufrágio desta natureza.
Salvo fatos novos que demonstrem o contrário, e diante de computadores que fazem arte (FRANÇA, 1994), o sr. Marcelo Guimarães Filho comprovadamente não fora reeleito dentro dos requisitos de moralidade e transparência, demonstrando sua incompatibilidade com o exercício desta tão importante função. Transpondo-se às regras eleitorais no processo político nacional, diz-se do Código que rege a matéria, nos seus Artigos 219 a 224, que a votação eivada de vícios poderá ser prontamente anulada, por constituir-se em perigo à lisura do processo de votação.
Ok, e agora? Podemos comemorar, soltar foguetes etc porque o Bahia estará livre doravante e tal?! Não exatamente. Primeiro porque cabe ainda recurso dentro do Judiciário baiano, e “cabeça de juiz é terra que ninguém passeia”. Segundo, porque ainda existem tribunais superiores aqui na capital federal que podem apreciar a matéria, desta vez sob os auspícios da grande mídia em um processo político-jurídico sem precedentes num clube de futebol. Conta o não-tão-dinâmico-e-futurista-assim com um dos mais influentes (e caros) advogados de Brasília para a sua defesa, e mesmo que não se deva confundir prestígio com saber jurídico, sabemos que no País das Filigranas tudo é possível, haja vista tantos recursos protelatórios e anulatórios previstos nos pés-de-página dos manuais jurídicos.
Para nós, que desejamos tanto a alternância de poder e a democracia dentro do clube, hoje é dia de alegria, mas também é dia de prudência, cautela e paciência. O Direito tem a prerrogativa de conceber todas as possibilidades de defesa a um acusado, e ainda haverá longas batalhas judiciais para que o Rei Posto de Itinga-Dias d`Ávila retome o seu trono no Tricolor. E certamente, um advogado tão caro (a ponto de ser disputado a peso de ouro por políticos corruptos a fim de salvar suas respectivas peles quando desmascarados) vai espremer todas as laranjas do cesto até o fim.
Não sei qual o perfil do público leitor destas colunas, mas não custa nada ser didático numa hora destas: primeiramente, o ex-conselheiro Jorge Maia, autor da presente ação que destituiu o Príncipe dos Fazendões, não protocolou pedido de intervenção no clube; e sim protocolou o seu direito de se fazer representar dentro do processo eleitoral do Bahia. Segundo: quem decretou a intervenção foi o magistrado (Juiz de Direito), por entender que havia graves vícios no processo político-eleitoral do Bahia que demandaram a intervenção. As madrugadas da Soterópolis já não são tão agitadas como eram antes; e as corujas-buraqueiras agora descansam junto às suas ninhadas depois de dias de turbulência e de tanta suspeição sobre as suas revoadas (ou seriam andanças?!). Isso não é golpe, pois golpe pressupõe-se quando é feito à margem das instituições regulares para atender interesses de terceiros. Tudo aqui está sendo feito dentro da Lei; e cujo maior interessado é uma Nação de estimadas três a cinco milhões de pessoas. O interventor, o qual responde em Juízo pelos seus atos (tudo que ele fizer será cobrado e fiscalizado pela Justiça sujeito às penas da Lei), tem tão-somente a missão de levantar a lista de sócios e conselheiros (o que foi negado por Sua Alteza em outras ocasiões – não sei se por birra, por causa do técnico em informática que sumiu com a CPU ou por medo de alguma coisa) e promover novas eleições com toda a transparência possível. Não deverá o interventor mudar absolutamente nada na estrutura e quadro funcional do clube, conforme o mesmo já declarou pela imprensa.
Por sinal, nada, absolutamente nada impede ou impediria que Sua Alteza possa ou pudesse ser eleito em pleito limpo e aclamado pela torcida; tanto antes da ação de Jorge Maia, quanto depois da intervenção e convocação de novas eleições. Agora aguente! Por sinal, que eu me lembre há uma ação administrativa em curso questionando até a moralidade do agora ex-presidente enquanto sócio do clube, diante de sérias acusações que pairam sobre a sua pessoa no que diz respeito a um tal de FGTS e perda significativa, por omissão, de patrimônio do clube…
Ato contínuo, mando meu abraço a todos os profissionais de imprensa sérios, éticos e corretos no que fazem: BUSCAR A VERDADE e não o Jabá do terror, do escândalo, da fofoca e da mentira em nome da audiência, do dinheiro e aproveitando-se da ignorância e vulnerabilidade de muitos. Quem assim sentir-se representado, que se sinta abraçado.
Pode esperar, torcedor. Não há triunfo sem lutas, mas as energias precisam ser guardadas ainda, pois a batalha final está apenas começando.
Despeço-me com alguns versos da grande poetisa Alcione: caem como uma luva para este momento:
Nada como um dia atrás do outro
Tenho essa virtude de esperar
Eu sou maneira, sou de trato, sou faceira
Mas sou flor que não se cheira
É melhor se prevenir pra não cair
Sou mulher que encara um desacato
Se eu não devolver no ato
Amanhã pode esperar
Estrutura tem meu coração
Pra suportar essa implosão
Que abalou meus alicerces de mulher
Mas a minha construção é forte
Sou madeira, sou de morte
Faça o vento que fizer
Saudações Tricolores!
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