Um vexame de fazer o cínico ficar vermelho, foi o que aconteceu nessa quinta-feira, 9 de novembro, na Fonte Nova, no jogo entre Bahia x Cuiabá. Uma derrota que pode significar o descenso que só agora passei a acreditar possibilíssimo. O Bahia nem tem um elenco ruim, individualmente é 80% de razoável para bom. O que falta é amor-próprio, vergonha na cara desses jogadores e postura de homens vencedores, é um time descaracterizado, cheio de jogadores medrosos e inseguros – com raras exceções.
Um time incapaz de reagir numa situação adversa, porque alma não têm, pior: é ajudado por um treinador que erra quando dentro de casa usa um esquema tático que deixa o time capenga pelo lado direito em nome de um pretenso fortalecimento no meio, dependendo apenas do futebol veloz e hábil do Biel pelo lado esquerdo. Francamente, por mais que este colunista admire a capacidade cognitiva e a trajetória vencedora de Rogério Ceni, não dá para entender por que ele tem tanto medo em montar um ataque com Ademir, Everaldo e Biel…
Era um jogo decisivo e Rogério teria de arriscar a formação que ele acha inviável – eu não, e nem a torcida –, já que era uma questão do tudo ou nada. Mas como nada é tão ruim que não possa piorar, então o treinador sacou Biel. O torcedor protestou e o jogador também, todos com muita razão por que além de excluir do jogo o seu melhor atacante, ainda perdeu a chance de em última instância colocar no time Ademir – ou mesmo o Ratão – na direita e com Biel na esquerda.
Cada treinador tem suas opções técnicas e táticas, mas também, lá numa consulta íntima aos seus botões ele deveria perceber o sentimento da torcida e tentar algo diferente, porque o que ele anda tentando não está dando certo em lugar algum, onde quer que o Bahia jogue, principalmente, em casa. Perder é uma contingência normal no futebol, assim como ganhar ou empatar. Mas da forma como o Bahia vem perdendo tá sendo vergonhoso, dolorido, e decisivo negativamente – se antes era uma brisa a ameaça a levar o Bahia para a beira do precipício, agora é uma ventania.
O mínimo que se espera de você, Rogério, é que, pelo seu conhecimento de causa inegável, faça jus às expectativas do torcedor, sem teimosias desnecessárias. Há uma frase filosófica de Rosalind Russel muito interessante que pode ser útil como um fator positivo contra seus medos: “Os fiascos são parte do cardápio da vida, e eu nunca fui de deixar de provar qualquer prato”. Olha que perfeito, não é? Experimente no domingo o “prato” que você não gosta, mas que a torcida gosta e, quem sabe, você passe a gostar após provar. Faça como São Tomé, veja para crer, mude para virar o jogo e aprender que estatura de jogador não implica em qualidade porque essa está na mente.
Tenho certeza de que Rogério Ceni não veio ao Bahia sem convicção do que ele é capaz. Sabe que eficiência significa manter as coisas sob controle, e não a prevenção e nem inovação. É fazer o prático porque é muito melhor fracassar por ser ousado do que fracassar por não ter ousado. Francamente, espero por um Bahia completamente mudado na forma de se postar em campo e taticamente.
Se você esperar que os fatos se tornem irrefutáveis antes de agir, na certa ficará paralisado e, provavelmente, será tarde demais para obter alguma vantagem significativa. Acho que o Bahia de Rogério Ceni já perdeu tempo demais com esse esquema tático engessado do meio de campo em diante. O tempo urge e a obrigação de vencer já se tornou aguda. Só que para vencer não precisa só treinar, necessita pensar com boa vontade nas melhores opções. Não é tempo de descarte, é tempo de aproveitar o que tem.
REFORÇOS INDISPENSAVÉIS NO VESTIÁRIO E CAMPO: OSNI LOPES, BEIJOCA E ROMERO
Sugiro aos diretores do Bahia que convidem Osni Lopes, Beijoca e Romero – este último se já estiver bem de saúde – a irem ao vestiário do Tricolor no domingo para darem uma palestra/incentivo sobre raça, coragem, compromisso e vontade de ganhar, a esses jogadores que ainda não entenderam nada da mística do Esquadrão de Aço. O time, tenho certeza, iria inflamado para o jogo contra o Athletico com esses três monstros sagrados e ídolos conduzindo os jogadores ao campo. Estou citando esses porque pertencem a uma casta de jogadores que à época em que brilhavam no Bahia se recusavam a perder. Ganhar na Fonte Nova era inegociável, porque além de vencedores personificavam o mantra “Nasceu para Vencer”.
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