Na gestão Marcelo Guimarães Filho, que trouxe de volta para comandar a base o competente Newton Motta, o Bahia fez belas participações em torneios nacionais e internacionais de juniores.
Devemos dar os parabéns a MGF, por acaso? Pra que serve a base?
Pois ontem, num dia em que o time júnior, mesmo desfalcado das mais importantes peças que foram promovidas aos profissionais, goleia por 7×0 na Copa SP, a nação recebe a notícia que o Bahia vendeu Gabriel a um grupo de investidores que deverá repassá-lo ao Flamengo.
O Bahia vendeu Gabriel.
Nosso mais próximo projeto de ídolo genuíno desde priscas eras. O diamante (ainda em fase de lapidação) dentro do Fazendão. De jogador de bába a craque do Baiano 2012 em menos de 3 anos. Nosso maior potencial de voltar a ter um jogador de nível de seleção brasileira. Um jogador que simbolizava a esperança de se utilizar a base com força em 2013.
Pois o Bahia vendeu Gabriel.
A maior venda da nossa história? Ou a mais precipitada? Citar Daniel Alves é uma tentação, mas claro que o Bahia já teve algumas outras “jóias” que não vingaram. Mas se futebol é business, arriscar é parte do jogo. E o benefício de imagem, de marketing, de torcida, de títulos, não entra na matemática financeira? Só para a administração tacanha do Bahia é que, pelo visto, não.
O Santos em 2002 revelou Robinho e conseguiu segurá-lo até 2004, ganhando 2 brasileiros nesse tempo. O Vasco revelou e segurou Dedé, o Inter segurou Damião, o São Paulo segurou Lucas até que ele valesse 100 milhões… E o Bahia vendeu Gabriel, ainda que mantendo um percentual, por pouco mais de 6 milhões de reais. No mundo do futebol, mixaria.
O Bahia podia segurar Gabriel. Podia dar errado, mas podia dar muito certo. E quem não seria otimista? Investidores foram. O Flamengo foi. Carlos Leite, dos principais empresários do Brasil, foi otimista e adquiriu um percentual alto de Gabriel ainda em 2012. Só MGF e sua administração é que não acreditaram que, com mais um ano, Gabriel poderia valer muito mais e render muito mais grana ao Bahia. Venderam Gabriel na primeira oferta concreta que apareceu, para além de meras sondagens.
Pra que vamos comemorar bons resultados dos juniores se antes mesmo de brocarem nos profissionais, nossos projetos de craques já estão sendo fatiados ou vendidos? MGF fez do seu segundo mandato um verdadeiro balcão de negócios (e muitos tão obscuros que fica difícil discernir oportunidade de malandragem).
Começou com Maranhão, depois Ananias… tudo bem, nenhum era unanimidade. Mas aí as vendas começaram a ir mais a fundo… Filipe, Paulinho, que sequer estrearam no profissional… Agora Gabriel.
Nem vou entrar no mérito da Calcio, situação nebulosíssima, porque não vou misturar maçãs com laranjas. O fato é que o Bahia está vendendo suas melhores promessas antes deles se tornarem realidade. Gabriel começava a despontar como o craque que tanto desejamos desde, sei lá, Uéslei no fim dos anos 90, e MGF corta nossas pernas desse jeito.
De que adianta celebrar a base, se os melhores são vendidos? E o dinheiro vai em quê? Pitbulls, Klebersons e Zé Robertos? Um ano de salário de Zé Roberto poderia cobrir essa oferta feita a Gabriel.
A tristeza é menos pelo bom jogador que vai embora (boa sorte, Gabriel! Sua identificação com a torcida e com o time não será esquecida) mas muito mais pela filosofia reinante no nosso time. E que certamente não irá mudar com esse mesmo grupo perpetuando-se no poder como se ele fosse hereditário, feudal.
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