O problema do Bahia não é comando técnico. Não neste momento. Seguramente acredito que os salários atrasados estejam implicando no rendimento do grupo. Não há quem segure uma barra dessas porque isso tem reflexo direto, principalmente, na família. Infelizmente as conseqüências do passado aparecem mais fortes agora e, se providências não paliativas não forem tomadas, a tendência é jamais acertar a porta de saída dessa crise.
Nenhum técnico tem condição de cobrar nada num estado desses. Se o técnico for agregador ele ainda consegue segurar as pontas até um ponto, mas desse ponto em diante torna-se moralmente impossível contornar essas dificuldades. O ânimo para o início de qualquer jornada implica em dinheiro não ser o problema.
Não vejo porque achar culpa no treinador, mesmo porque uma mudança neste momento seria a repetição do ano passado, quando todos acharam que a demissão de Gallo seria a solução, e ficou bem distante disso. É preciso olhar a coisa com realidade, ver a origem dessa filosofia histórica no clube de praticar atitudes imediatistas com tanta freqüência, bem como achar que atrasar salários é uma norma natural do futebol, e corrigir esses equívocos definitivamente.
Uma das conseqüências da incompetência administrativa do passado, ao longo de toda a história do Bahia, é a falta de um estádio próprio. Quem teve essa idéia foi chamado de louco e enrolado. Loucos foram os que disso não trataram e diziam que o Bahia tinha a Fonte Nova… Nunca teve! A Fonte Nova era eventualmente, assim como Pituaçu é, atualmente, local de mando de jogos com cobrança de aluguel, caro, é bom dizer.
Com o fim da Fonte Nova, que sempre mascarou a competência das administrações passadas, o Bahia se viu esfacelado e com as vísceras expostas, e obrigado a jogar em Camaçari e Feira de Santana. Menos mal hoje porque consegue mandar seus jogos num estádio com capacidade para 32.000 pessoas, o que é muito pouco para a grandiosidade da torcida tricolor e para as necessidades do clube. Convenhamos.
Podem mudar de técnico, jogadores, diretoria, virarem o Fazendão de cabeça pra baixo e mesmo com essas fórmulas esdrúxulas não há quem dê jeito a curto prazo, como é o desejo de todos. Os resultados só virão mediante saneamento profícuo a médios e longos prazos. As conquistas nesse cenário não podem ser sucessivas porque não há condições para isso. É preciso tirar a venda dos olhos e enxergar o obvio.
Metas… Quais seriam essas? Campeonato Baiano, Copa Brasil, série A? Com tão parcos recursos seria melhor tentar colocar carne nesse esqueleto, cuja causa é a autofagia, para que forças sejam reunidas para trilhar o único caminho possível de salvação: a Primeira Divisão. O Bahia deixa de ganhar, por estar submetido à Segunda Divisão, cerca de um milhão e oitocentos mil reais/mês, aproximadamente.
É nesse cenário de dificuldades que se encontra o Tricolor. Oposição tem que existir para o bem do clube e da democracia, mas isto não quer dizer ausência de diálogo. Essa bobagem de pedir a renúncia de Marcelo Filho é absolutamente inócua do ponto de vista objetividade. É como se fosse um monte de siri fazendo barulho em lata vazia.
Guardando-se as devidas proporções de negócios e prestígio, e trocando em miúdos: ou o Bahia dá uma guinada em toda a sua estrutura assim como aconteceu no Corinthians, ou cumprirá mais um ano com os calções nas mãos e amargará outros anos na Segunda Divisão. E, se facilitar um pouco mais, toma o mesmo rumo do Santa Cruz do Recife, onde os grupos pelejam entre si e o clube peleja com a morte.
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