Marcel Proust diz em uma de suas obras literárias que o ato verdadeiro da descoberta não consiste em descobrir novos territórios, mas sim vê-los com novos olhos. Então, se o curso das coisas e fatos mudam de um patamar para outro torna-se também necessário mudar conceitos e comportamentos, afinal a crítica que se faz a alguém serve apenas para que esse seja mais eficiente naquilo a que se propõe. Já o reconhecimento da crítica construtiva é ato de sabedoria.
O Presidente do Bahia vem mudando conceitos administrativos de gestão em futebol e empresarial, tendo mais cuidados em relação às contratações num sentido mais pragmático no tocante à qualidade do contratado, dentre outras indispensáveis qualidades necessárias ao indivíduo. Em passado recente desta mesma gestão essas aquisições eram realizadas observando-se apenas nomes, ou simplesmente por indicações de empresários. Agora parece que está havendo uma preocupação no sentido de não trazer qualquer famoso, mas sim o jogador compromissado com o clube e com o seu próprio futuro.
São mudanças que já se percebe no comportamento do Presidente Tricolor e que afasta alguns estigmas. Atualmente o Bahia se direciona mais para o mercado exterior das duas Américas, seja como vendedor ou comprador, mesmo que ainda com alguma timidez. Importante é que são potenciais convenientes aos interesses do Bahia e isso representa estabelecimento de novos paradigmas no clube. É verdade que ainda são passos graduais, mas não se pode omitir que não esteja buscando caminhos alternativos para suas necessidades. Isto é um ponto muito interessante.
Então, para quem disse que “o futebol no Bahia não é uma finalidade em si”, agora muda o conceito e tira o “não” da frase para reverter tamanho absurdo que, possivelmente, foi refletido com arrependimento, passa a entender o Bahia como clube de futebol e não como instituição ideológica, reformula o departamento de futebol, ataca frentes como a Base de Formação, futebol feminino, mantém firme a aposta no sub-23 e segue fazendo uma reformulação no time principal, ainda que lentamente devido às dificuldades naturais do futebol profissional.
Francamente, ainda não dá para o torcedor ter certeza de um Bahia brilhante no futuro próximo, porém dá para notar um Bellintani mais antenado com a torcida nos mesmos objetivos e, dentro das possibilidades orçamentária do clube, tentando montar um time que proporcione resultados satisfatórios. É em campo primeiramente, que a torcida quer ver o Bahia grande, depois, no arrastão do sucesso, virão naturalmente outras ações diferentes.
Na temporada passada o que se viu foi uma inversão de valores cheia de efeitos maléficos, atingindo na “proa” o time de futebol que por um triz não foi parar na Segunda Divisão. Essas coisas acontecem quando quem dirige uma instituição pública, cujo maior empuxo é a paixão, como acontece no futebol e especialmente no Bahia, entende que as ideias de um progressista tem de ser implantadas nas artérias do torcedor antes da sua paixão pelo futebol. É como se o cidadão quisesse colocar o carro à frente dos bois.
— Louis Brandeis, ex-juiz da Suprema Corte dos Estados Unidos, dizia que noventa por cento das sérias controvérsias que surgem na vida são resultado de equívocos. Isto é uma verdade absoluta, pois, e se o Bahia cumpriu uma temporada ruim, angustiante para o torcedor, e, até então está tentando se reencontrar, fica mais que evidenciado essa cadeia de equívocos.
Ainda há muito por fazer para que o Bahia de fato se equilibre como time de futebol, não espere mágicas com varinha de condão, pois, o que se vê em campo atualmente ainda denuncia deficiências gritantes e necessidades absolutas devido às premências. Não cito nomes devido ao respeito que tenho aos profissionais e sei que esses não têm culpa de nada porque, se tais contratações aconteceram foi devido à alguém ter visto nelas qualidades que só o espiritismo explica. Porém estou certo de que a diretoria do clube sabe o que deve e precisa fazer. Pelo menos as atitudes no sentido de reformar esse elenco parecem-me claras e estão acontecendo na medida do possível, o que leva algum alento à sofrida Nação Tricolor.
POSSÍVEIS ACONTECIMENTOS
Ignácio poderia ser emprestado ao CSA depois do campeonato baiano, Ramon pode pintar no América-MG, Gabriel Novaes estaria sendo vendido pelo São Paulo e Alesson pode também ser emprestado — este eu não arriscaria dizer para qual clube. Nada oficial, porém.
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