Tenho sido um pouco comedido ao escrever meus textos. Procurei durante todo esse ano não entrar muito no mérito político do clube, nem nas questões ligadas ao departamento de futebol. Mas até a paciência tem um limite tolerável. E a minha chegou ao fim.
Fiquei perplexo ao saber da demissão de Comelli. E a pergunta que veio logo na minha cabeça atordoada foi: ele tem culpa de quê? Sinceramente, foi a maior bola fora dessa diretoria. Justificar em mais uma demissão a incompetência dos jogadores dentro de campo é fugir da responsabilidade.
Quando se monta um time, dificilmente haverá acerto em todas as contratações. Aos poucos, com um olhar mais clínico, os ajustes devem ser feitos. E como eu acreditei que isso fosse acontecer, afinal, nosso gerente de futebol montou bons elencos no time de Canabrava. Depositei minha esperança nisso, na experiência e no conhecimento dele. E o começo foi surpreendente.
Jogadores que até pouco atrás disputavam final de Libertadores e eram campeões mundiais foram contratados. Empolgação e euforia se misturaram, contagiaram torcida e boa parte da imprensa. Não que tivéssemos certeza de que seríamos campeões baianos ou que já estivéssemos com a vaga para Série A garantida. Nada disso. Mas tanta novidade assim no começo da temporada nos levou a acreditar que esse ano seria diferente.
Quantidade não é qualidade. Esse é um clichê antigo no futebol, mas nem todos o compreendem. As contratações erradas deveriam servir de exemplo para uma análise criteriosa, objetivando mais acerto nas próximas. Os novos jogadores que chegavam eram uma resposta aos inúmeros apelos da torcida, sedenta por bons reforços.
Vejam. Por que contratar Evaldo se eu poderia dar mais oportunidades a Douglas? E o que dizer de Hernani, Joelson e Alex Terra? Não seria mais interessante trocar os três por um que tentasse resolver nosso maior problema, a criatividade? E é nisso que me baseio para afirmar que PC errou. Como diretor de futebol ele deveria analisar melhor antes de decidir quem contratar.
Esses jogadores que citei anteriormente, nas discussões com amigos, eu afirmei que seriam apenas para compor elenco. Acompanho futebol há bastante tempo e já os conhecia. Não foi muito difícil acertar esse prognóstico.
Agora, por que será que eu, que não trabalho no meio, apenas conheço um pouco o assunto por bater uma bolinha nos finais de semana e por ver jogos dos diversos campeonatos no mundo, acertei, e nosso gerente de futebol, não?
E não parou por aí. Mais um caminhão de jogadores apareceu recentemente. Todos são apostas. Nenhum deles fez aumentar minha esperança de que podemos melhorar. Uma coisa é você contratar um Ramon, um Paulo Isidoro e eles não acertarem por algum motivo. E outra é trazer na tentativa e erro, gente que não tem bagagem nem qualidade técnica suficiente para comandar o time no enorme desafio que temos pela frente.
Comparações são sempre perigosas. Nas minhas eternas discussões sobre esse time atual, sempre entro em rota de colisão quando me remeto a um passado não muito distante. O time de 2004, tecnicamente, era bem parecido com esse. Não recordo todos os jogadores, mas lembro que tinha, entre outros: Reginaldo Cachorrão, Leonardo Silva, Henrique, Rodriguinho, Robert, Neto Potiguar e Selmir.
Se compararmos com o time atual, perceberemos que existe um único jogador que fez toda a diferença durante a competição: Robert. E é exatamente esse talento que nos falta. Em 2004 nosso problema era fazer gol. Selmir nos fazia chorar de tão ruim e, mesmo assim, ainda conseguimos ficar entre os quatro.
Hoje, nem podemos criticar o desempenho ofensivo dos atacantes que temos. Sabem por quê? Eles não perdem gol. A bola não chega lá na frente em condições mínimas de finalização. Eu forcei minha memória, mas não consegui lembrar três lances de gols perdidos pelos nossos homens de frente.
Vejo os times que estão na frente da tabela. Assisto a alguns jogos e tenho a cada dia que passa a certeza de que, se conseguirmos esse ser talentoso, ou até se descobrirmos uma maneira de fazer gol que não precise necessariamente desse homem, nós teremos boas chances de subir.
Pelo andar da carruagem, o grupo está fechado. Não deve vir mais ninguém, então, o que temos de fazer é torcer. Considero os cinco próximos jogos como decisivos para nossa sorte. Se vencermos três ou quatro e empatarmos o restante, entraremos de vez na briga. Do contrário, é lutar para se manter na parte intermediária da tabela.
Fica a lição para o nosso gerente de futebol. Não sei se as contratações foram desejo apenas dele ou se teve empresário no meio. O fato é que ele precisa analisar melhor os jogadores. Não é possível que, depois de tantos anos de experiência, ele tenha ficado menos criterioso.
É importante também se cercar de pessoas que conheçam futebol dentro de campo. A função que já foi tão fundamental na formação de bons times parece que não existe mais no Bahia: os famosos olheiros, também conhecidos hoje como observadores e consultores técnicos.
Temos que acabar com esse negócio de contratar jogador por DVD. Antigamente havia a indicação e o clube mandava alguém para observar durante um período. Hoje, com a modernidade no futebol, o sujeito assiste na TV do seu escritório os melhores lances e ali mesmo fecha a contratação. Chega disso!
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Nada de precipitação com relação a Sérgio Guedes. Ele está iniciando a carreira, mas já fez bons trabalhos no interior de SP. Com certeza, o Bahia é o maior time que ele já assumiu. É um desafio muito grande, que pode levá-lo a se firmar de vez no cenário nacional, se obtiver sucesso, é claro. Além de colocá-lo de vez na galeria dos nossos grandes ídolos, se voltarmos à Série A.
Ele tem algo que gosto em treinador: já esteve nas quatro linhas. Eu acho isso fundamental. Como os jogadores que temos são bastante rodados, ele já deve conhecer alguns, o que deve facilitar um pouco a adaptação.
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Ao finalizar este texto, li que foi confirmada a contratação de Paulo Isidoro. Finalmente, boas notícias.
É esperar pra ver. Por enquanto, eu ainda continuo acreditando.
Saudações tricolores!
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