É verdade, já estamos no quarto mês desde Novembro e a Fonte Nova continua lá, adormecida e esquecida, nem implodida e nem reconstruida parece desafiar com a quietude peculiar dos monumentos, aqueles que a ameaçam. Fonte das alegrias!… quantos domingos de festas e quantas noites de glórias presenciastes!… agora, relegada à solidão já não ecoa de tí aquele “Uhhhh!!!” da multidão. Calaram a tua voz, mas não a tua história.
Apesar de todos os pesares ainda te restam a beleza e a imponência orgulhosa de uma velha senhora, que muitas festas proporcionou aos seus convidados. Então abandonada, vilipendiada pelo algozes dos monumentos, resta-te por companhia o velho Dique do Tororó. Entretanto, creio que serão eternamente companheiros, pois, um não existe sem o outro, sob pena de deixar de existir uma das mais belas paisagens de Salvador.
Ainda bem que tive a oportunidade de escrever nessa coluna que os homens se precipitaram, à época, ao anunciar a implosão da Fonte Nova. Agora é deixar deixar que a memória do povo enfraqueça um pouco, e, talvez, lá para 2009 se repense a Fonte Nova sem precisar destruí-la. Afinal vão precisar dotar a Bahia, adequadamente, para receber alguns jogos da Copa do Mundo, não é? Se não houvesse toda aquela comoção momentânea na qual até o Governador embarcou, com certeza a Fonte Nova já estaria devidamente passando por uma grande reforma estrutural, o que vai acabar acontecendo.
Não acredito na possibilidade de implosão, alí bem bem perto está o Metrô, há prédios na redondeza e isso ajuda a formar um cinturão coerente à favor da Fonte Nova. Ainda bem. Demolir torna-se muito complicado, caro, e possivelmente inviável tecnicamente falando. Se fosse fácil, mesmo com parcerias, a obra já teria sido anunciada.
O que não pode acontecer é deixar a Fonte Nova esquecida. A sociedade precisa cobrar, é uma obrigação do governo dar uma solução para o caso. Nada de esquecimento. Pituaçú é só um quebra-galho necessário e uma alternativa, aí sim, muito boa para os jogos de menor porte do campeonato regional, ou mesmo jogos do Bahia contra os chamados times pequenos do futebol brasileiro.
A maior vítima da tragédia, além das famílias enlutadas, é o Bahia. Sem estádio adequado para seus jogos, luta desesperadamente pela sobrevivência cuja consequência passa por ganhar o campeonato baiano deste ano. O Bahia precisa de um título como nunca! A plebe deseja. A necessidade de começar a disputa na Segunda Divisão com moral elevada é extremamente vital. Onde vai mandar os seus jogos inicialmente tornou-se desde então uma dúvida, dúvida essa que precisa ser transformada em realidade, que nada mais é que planejamento.
Particularmente não penso em Pituaçú antes de Agosto, e nesse caso o ideal seria a diretoria do Tricolor discutir com o governo de Sergipe a real possibilidade de mandar os seus jogos no Batistão. Aí é que deve entrar a marca Bahia bem trabalhada, para que o governo sergipano banque todas as despesas, o que ainda acho pouco. Nada de Barradão como voltam à falar. Nada contra, mas já escreví sobre o assunto anteriormente e não vou contradizer o que está escrito. Continuo pensando da mesma forma, não há profissionalismo suficiente.
Na recente conferência patrocinada pela Gigante Tricolor, levantou-se a hipótese de assim que possivel o Bahia propor o arrendamento de Pituaçú, por trinta anos, ao governo. Aquele é um patrimônio público com custo alto para o governo e que não lhe proporciona renda alguma. Está parado há quase trinta anos e agora o governo se vê forçado a reativá-lo gastando uma fábula, então é a hora certa de arrendar ao Bahia e desonerar o Estado.
Assim foi feito no Rio de Janeiro com o Engenhão, arrendado ao Botafogo. Mas como aqui tudo tem dificuldades e a inveja campeia, fico com a pulga atrás da orelha. Não falo só da inveja de fora do Bahia, falo de inveja e burrice no meio tricolor. Por exemplo; a Gigante Tricolor, uma união maioral da oposição, foi atacada covardemente por gente que se diz de oposição. Isto é inveja.
Amenizando as questões estruturais do futebol, é bom falar um pouco dele no seu estado lúdico, digamos assim. Digo lúdico porque quando criança e não entendia que o futebol tinha tantas encrencas nos seus bastidores, para mim tudo era festa de criança e estar no estádio para ver o Bahia jogar era a coroação com êxito de algo planejado e sonhado durante a semana inteira.
Quantas vezes saí da Lapinha, mais precisamente da Campos França (morava alí), com mais uns dois amigos dos tempos da pré adolescência, andando até a Fonte Nova para ver o Bahia golear (quase sempre) seus adversários, sentindo sede à tarde inteira porque o dinheiro dava tão somente para a entrada no estádio. Mas valia, era uma alegria ver Nadinho (este era o meu ídolo) e cia. encarnando o Tricolor com muita dignidade.
Quantos daquele Bahia campeão brasileiro (finalmente a CBF e a FIFA oficializaram aquele título como Campeão Brasileiro) de 59/60, encerraram suas carreiras no próprio Bahia! Eram atletas dedicados e torcedores do próprio time. Eles faziam o resultado muito mais por orgulho e amor que por dinheiro. Talvez o maior prêmio daquela leva de craques tenha sido a excursão à Europa, onde fizeram sucesso, diga-se.
Havia até um torneio disputado em Nova Iorque (Torneio Internacional de Nova Iorque), nas décadas de 60/70, para o qual o Bahia foi convidado, se não me engano, por duas vezes… quantas glórias! Tudo isso para mim era de uma grandeza absoluta, eu tinha orgulho do Bahia, a Bahia também tinha. Hoje apenas brinco com amigos adversários, só para tirar um sarro, esses quando me dizem ser torcedor do Vitória, pergunto: “por quê não estudou?”
Hoje esse lado lúdico já não existe mais, o romantismo do futebol acabou. O meu filho mais velho, Gustavo, tinha então dez mêses de vida quando o Bahia sagrou-se pela segunda vez campeão brasileiro. José Renato, o segundo, nem havia nascido. Tanto um quanto outro não viram o Bahia de tantas glórias… têm visto esse Bahia aí. Mas assim mesmo, com todos os limites do atual Bahia, são felizes e até já colocaram em seus celulares, como tom de chamada, o hino tricolor. Eles estão com a certeza de que neste ano seremos campeões baiano. Culpa minha, que fico dizendo que desta vez vai!!, acho que vai sim, se não for… paciência, amiga aliada de muitos anos!
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Com quatro rodadas de antecipação o Bahia já está classificado. O mérito é quase todo do treinador Paulo Comelli. Este sim, foi a melhor contratação que o Bahia fez para este ano.
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Alguns “entendidos” do futebol dizem que Elias não sabe organizar jogadas, que o Bahia precisa de um meia esquerda etc e tal… então vai a pergunta: quem na posição de Elias está em disponibilidade no futebol brasileiro, para chegar no Bahia e ser titular?
A torcida do Bahia deve postar as mãos para o Céu e agradecer a Deus por Elias não ter dado certo no Vasco. Depois ficam por aí dizendo que o Bahia não aproveita a prata da casa, que vende a preço de banana e outras milongas.
Tomara que não comecem a pegar no pé de Ananias, uma outra promessa que precisa só amadurecer devidamente. Será que Cícero, aquele que a torcida escorraçou, não teria lugar no time atual do Bahia?
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