é goleada tricolor na internet
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Publicada em 5 de fevereiro de 2013 às 00:00 por Autor Genérico

Autor Genérico

Onde estamos indo e como vamos chegar?

O texto a seguir é de um leitor que me privilegia com a leitura das minhas opiniões, que semanalmente e ao longo de oito anos, escrevo para esta coluna. Esses leitores me surpreendem, às vezes, com cartas-emails como esta – abaixo –, não necessariamente para que eu divulgue, mas sim – suponho – para que eu tome conhecimento dos anseios do torcedor e possa acrescentar à minha opinião.

Como vejo que há um sentimento de sinceridade misturada com a angústia que traz à tona a tristeza de uma torcida ávida por resultados e que transcende a própria compreensão, não vejo por que não dar voz à sensatez. Nada se constrói ignorando evidências de uma situação que requer discussão e civilidade. Por isso nada custa para eu fazer chegar mais diretamente os anseios do torcedor à diretoria do Bahia.

TARCÍSIO RIBEIRO ESCREVE A SEGUIR

A torcida do Esporte Clube Bahia é reconhecidamente uma das mais apaixonadas do país. A maior parte dela se acostumou com um time de primeiro escalão, fruto das glórias do passado, sobretudo os dois títulos nacionais (1959 e 1988) e da soberania nos campeonatos estaduais.

O Bahia da década de 80 era temido por grandes clubes do sul do país. Enfrentar o Esquadrão de Aço na Fonte Nova era tarefa das mais difíceis. Fato este comprovado em inúmeras declarações de adversários que enfrentaram o Tricolor naquela época.

Mas a conjuntura mudou. Nos anos 90 o Bahia não conseguiu manter sua estrutura e seus investimentos, perdendo com isso o prestígio que tinha no cenário nacional. Os anos 2000 reservaram pior destino ainda e o Esquadrão foi parar na Série C do Campeonato Brasileiro, onde amargou duas temporadas. Foi o fundo do poço!

Em todos esses anos o Bahia mudou bastante, seus times já não tinha a grife do passado, o peso da camisa desapareceu, e a conjuntura do futebol no país também mudou sobremaneira. Mas duas coisas não mudaram: a orientação política dos dirigentes tricolores e o sentimento da torcida em relação ao time.

Apesar da efetiva inovação representada pela gestão MGF, com retomada da valorização das divisões de base, investimentos em infraestrutura e melhores acordos comerciais, o medo da transparência e da abertura democrática continuam vivos, a despeito do novo Estatuto. Isso traz enorme insatisfação e desconfiança nos torcedores, que por sua vez utilizam isso como argumento – às vezes argumento-muleta – para não se associarem.

Por outro lado, a torcida continua cobrando e esperando que o Bahia se comporte como aquele time grande do passado, o Primeiro Campeão Brasileiro e temido pelos maiores do Brasil.

Somados, expectativa elevada e desconfiança da torcida, e a falta de transparência da Diretoria, criam um clima negativo em torno do time, o que se reverte nos resultados em campo. Faz tempo que o Bahia não joga regularmente bem dentro de casa. Por quê?

Quem esteve em Pituaçu no jogo contra o Ceará – 31/01/2013 – viu que desde o início de jogo, com o Bahia péssimo em campo, a torcida já buscava culpados para a má atuação. Ora Jeferson, ora Jussandro, ora Diones, etc.

O time é limitado, todos sabem. Mas por outro lado não há recursos para montar algo muito melhor que isso! Torcedor precisa entender que não somos mais aquela máquina do passado. Aliás, dirigentes também precisam entender isso e parar de achar que jogadores que – um dia… – estiveram na Seleção vão vir pro Bahia fazer história. Não, eles não vêm fazer história no Bahia! Eles vêm para esticar mais um pouco suas carreiras. São atletas que já ganharam o que tinham que ganhar e estão apenas fazendo mais um caixa para se aposentar.

A análise que faço não é no sentido de criticar a torcida, mas sim de estimular uma reflexão sobre o papel do torcedor diante desse novo contexto em que temos um time intermediário e que por hora briga apenas para manter-se na Primeira Divisão. O que não é pouco contando com um orçamento tão baixo. Não se trata de acomodação, mas de reconhecer o estágio atual e debater para frente. Como voltaremos a ser uma potência do futebol? Certamente não é com xingamentos e nem com autocracia.

Da parte da Diretoria, cabe ter coragem para avançar na transparência e abertura do Clube, mas a torcida precisa e deve se associar se quer verdadeiramente mudar. Não é possível conviver com polêmicas como a venda de Gabriel ou Filipe. A Diretoria precisa transparecer confiança e apontar com competência para onde o Bahia deve ir, enquanto cabe à torcida saber com precisão a realidade atual do nosso Clube e cobrar na medida certa. Só assim será construída a harmonia necessária para que o Esquadrão de Aço volte a brilhar em campo e ser grande fora dele.

Tarcísio A. Kunhn Ribeiro é Sócio Torcedor do E. C. Bahia e professor de História e Politica Publicas no Instituto Federal de Brasília.

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