Como se não bastasse os estádios quebra-galhos bem acanhados em relação aos antigos, onde os clubes não conseguem implementar receitas que lhes dê sustentação, ainda chega dezembro, o mês da entressafra e terror dos messias financeiros. É hora de pagar os salários com as suas obrigações sociais… E o dinheiro que é bom? Fica na dependência da venda de algum destaque do time de futebol.
O Bahia necessitou e vendeu Maranhão. Amanhã ou depois ele poderá ser revendido por um valor infinitamente superior, e o torcedor tricolor bradará: diretoria incompetente, não esperou uma valorização maior. Provavelmente será o mesmo torcedor que hoje está indignado porque o Bahia atrasou os salários no mês de dezembro…
Só pra citar como exemplo: o Cruzeiro que agora está em dificuldades, em 2009 disputava a Libertadores da América, e para bancar uma performance a altura das suas tradições, lançou a campanha de 20 mil sócio-torcedores, e esgotou rapidamente.
Impedido de jogar no Mineirão, devido às obras de reforma para a Copa do Mundo, veio concomitantemente as obras de ampliação do estádio Independência, também na capital mineira, o que forçou os clubes da capital a disputar seus jogos em Sete Lagoas, na Arena do Jacaré…
Sem estádio em Belo Horizonte, as adesões à campanha caíram de 20 mil para cerca de 3.500 sócios, e agora, para manter Montillo, prevendo voltar em fevereiro para o estádio Independência, o Cruzeiro abriu novas 5 mil adesões no modelo já existente, custando R$ 30 de inscrição e R$ 45 mensais. Isto de imediato, já que quando o estádio Independência for reaberto os sócios serão setorizados e os preços da mensalidade reajustados.
É isso, no futebol moderno com a capacidade dos estádios reduzida à metade da lotação, os clubes terão mesmo que repensar o marketing e o quadro social. O clube não pode privar o torcedor comum de ver o seu time ao vivo no estádio, mas se quiser ter o numerário no final do ano para não passar o sufoco da entressafra terá de destinar no mínimo 50% da capacidade do estádio ao sócio-torcedor como forma de receita garantida.
Tem de fazer como faz o Internacional de Porto Alegre, cujo modelo nesse molde implica num padrão em que o sócio patrimonial paga a sua mensalidade e tem direito a desconto no ingresso e outros benefícios de acordo com a categoria do associado. Justo e atraente.
Clube como o Bahia, de torcida apaixonada e fiel, tem de investir maciçamente no departamento de marketing para ter segurança com receitas futuras. Feito tal investimento que permita um bom fôlego ao marketing, este poderá em seguida correr com as suas próprias pernas e ainda oxigenar com eficiência as finanças do clube.
O atual quadro social do Bahia tem de ser repensado com muita inteligência e um alto investimento. Não adianta fazer campanha de associação em massa se não estiver organizado para tal, e o Bahia não está. Nada demais, são etapas que estão sendo queimadas de acordo com as prioridades. O torcedor pode chegar até a sede nesse momento e se associar, naturalmente e sem nenhum impedimento, mas em seguida ele deixa de pagar, é cultural no povo baiano e praiano de baixo poder aquisitivo. Na dividida, ele sacrifica o clube. Por isso que esta questão precisa ser repensada, já que envolve um grande investimento para modernizar o departamento e mudar o conceito.
Então, a direção é se espelhar no Internacional de Porto Alegre, assim como o Cruzeiro que a torcida do Bahia, particularmente, tem como exemplo de clube grande está se espelhando. Os números acima são a maior prova de que o Cruzeiro não é essa Brastemp toda. É a velha frustração causada pela comida do vizinho que cheira mais.
Agora, vá de perto ver clubes como Atlético de Minas, que está afundado numa dívida de R$ 540 milhões, o próprio Cruzeiro sem pagar o mês de dezembro e se virando como pode para não perder Montillo, Flamengo completamente desfigurado financeiramente e sem recursos para sair da eterna crise, o Palmeiras chamando mendigo de excelência querendo contratar sem poder, o Fluminense há anos com duas administrações uma do clube e outra do patrocinador , e assim acontece com a maioria esmagadora dos clubes brasileiros.
Pois é, torcedor, ficar espiando o BBB é fácil e excitante, agora, vá viver a vida de um deles lá dentro. Se há choros não é à toa. A parábola é de propósito.
BARAÚNA
Vale a pena se ligar na resenha do Jailson Baraúna, diversidade no tema, seriedade, estilo próprio e muito bem atualizado. Merece todo o crédito, principalmente, da torcida tricolor. Tomara que ele mantenha a linha diferenciada.
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