é goleada tricolor na internet
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Publicada em 15 de janeiro de 2012 às 00:00 por Autor Genérico

Autor Genérico

O Tempora! O Mores!

Daqui a três dias começa o Maior Espetáculo da Terra. Sim, o maior espetáculo das terras de Mucuri a Casa Nova; ou de Salvador a São Desidério… Talvez esteja mais para filme de terror ou comédia pastelão… Enfim: o glorioso Campeonato Estadual de Futebol da Bahia há de iniciar-se em mais uma próspera e imprevisível edição!

Este é o calendário do futebol brasileiro, sempre com as suas práticas anacrônicas, remetendo quase à época das capitanias hereditárias. Começará mais um campeonato falido, sem atrativos nem rendimentos, salvo se render algo aos pequeninos clubes que lutam pela sobrevivência e cujas equipes só podem ser vistas neste tipo de certame.

O futebol, paixão nacional, hoje emprega cerca de setecentos e quarenta clubes (dados da CBF – 2011) em todos os campeonatos estaduais de todas as divisões. É muito clube lutando por um lugar ao sol, e teoricamente a partir do Estadual, uma chance, mesmo que microscópica, de sair dos seus domínios e parar do outro lado do mundo… Quem sabe o efeito Mazembe não dá um repeteco em escala aumentada? Este é o Phutebol democrático. Imagine um clube como o NÁUAS (Náuseas?!) de Cruzeiro do Sul, a quase 700 Km de Rio Branco-AC, disputando um dia uma final de Copa do Brasil e dando em vez de uma vomitada uma bela cagada e parando no topo do pódio sob perplexos olhares da Globo, de Gavião Bueno, da Conaf e do Eixo do Mal (Flarinthians e seus amigos)? Imagine só?

Os Estaduais, apesar de serem competições em flagrante morte cerebral, ainda sobrevivem em nome das rivalidades locais, das receitas que só alguns dirigentes enxergam e da sobrevivência dos pequeninos. Afinal, o campeonato carioca (ou fluminense?), e seu importantíssimo, intergalático, interplanetário e praticamente mediúnico título da TAÇA GUANABARA e afins, não pode deixar de existir. O que xxxerá doxxx cariocaxxxx do xxxxerrado brasiliense e taguatinguense se o Mengaum não vencer este superlativo campeonato, atribuído a uma Unidade da Federação que não existe há quase quarenta anos? Como paraibanos do sertão, sergipanos do agreste, amazonenses da floresta e piauienses do litoral vão vibrar pelo honroso título de Campeão Carioca??? Sobrevive o “carioquinha” ainda por obra e graça da Vênus Platinada e seus amigos; sobrevive o Paulistão pelo seu rico e anos luz à frente futebol; sobrevive o Gauchão pelos astros tricolores e colorados; sobrevive o Baianão pela dupla que domina a região há quase sessenta anos ou mais.

Enquanto isso, sofrem os clubes de maior receita verdadeiros círculos viciosos. Depois do corriqueiro desmanche pelo qual passam as suas equipes ao final das competições nacionais, e do “mercado aquecido” (by Paulo Angioni) que sempre atrapalha o “planejamento” do ano, os grandes baianos tem praticamente que começar do zero, dispensando atletas caros, apostando no que “deu certo” na base e contratando as sobras do Rio-SP de sempre “para disputar o baiano”. Feito isso, e começando o campeonato, um ou outro ajuste até encontrar o time-base ideal; com a maior prova de fogo nos clássicos. Perdeu clássico, acabou-se o mundo… e no final, restará apenas um campeão.

Findo o estadual, o campeão diz que “tudo está bem”, que “somos campeões” (ou bi, tri, tetra etc) e mantém a mesma base para a competição nacional, e quase sempre se lascando no final. Ao perdedor, reformulação geral, pressões, contratações, dívidas e um “timaço” para as competições que virão. Disputa o brasileiro, nada faz de concreto, se endivida todo e no fim do ano dispensa todo mundo, “pés no chão” etc. Pelo menos é assim que normalmente ocorre entre nosso Bahia e o rival, com as pontuais e circunstanciais alterações de padrão.

CONTRATAÇÕES E AFINS

Neste ano, o Bahia tem sido mais ponderado e responsável em suas contratações. Manteve a base que realizou uma campanha no mínimo mediana na Série A e repatriou o “craque do acesso”, o Sr. Morais. Garoto bom de bola, porém nem sempre estável e que nunca conseguiu firmar-se entre os craques corintianos. Fez o seu “doce”, fez o seu marquetíngue pessoal, deu uma de “menina que não dá no primeiro encontro” e acabou parando no Fazendão mais uma vez. Ainda manteve o Bahia boa parte do elenco titular, com exceção do grande zagueiro Paulo Miranda, o qual obviamente preferiu seguir para o SPFC. Permanecem ainda em stand by, até o presente momento, o lateral Ávine, talvez o maior talento do elenco do Bahia, e o destaque na segunda divisão pela Portuguesa, o baixinho polivalente Ananias. Outros destaques positivos foram as renovações do bom zagueiro Titi e do grande goleiro (selecionável, por sinal) Marcelo Lomba. Destaque negativo para a manutenção de certos jogadores, os quais a meu ver nada renderam no brasileiro 2011, como Júnior, Reinaldo e Jones.

Em relação ao Ávine, a ansiedade sobre o estado do seu joelho, que um dia foi de Pantico, gerou até acusações de erro médico por parte de torcedores e cronistas. Dada como certa sua contratação por clubes mineiros e sempre desmentida pelo Bahia, segue o menino maluquinho sem definição quanto ao seu futuro no clube. Uns falam que o “ciclo dele está encerrado”; outros dizem que ele ainda “tem muito futuro no Bahia”. Tendo ou não futuro, o campeonato estadual trará graves seqüelas de não-visibilidade ao jovem rapaz; exceto se arrebentar num clássico… ou se algum Bolívar itabunense ou camaçariense terminar de arrebentar com o joelho dele.

Junior, Jones e Reinaldo: sem dúvida, se a máquina do tempo existisse e pudéssemos resgatar o futebol perdido por Reinaldo no Flamengo e pelo Coveiro no rival da Aliomar Baleeiro, seria um ataque de “responsa” para infernizar as defesas no Baianão. No entanto, após rescindir, respectivamente, o contrato com o Detran, com a Coelba e com a Lar Shopping, seguirá este trio no tricolor, com passe comprado em definitivo, para compor o destruidor ataque Cone, Poste e Vaso de Planta. Bora Baêêêa!

Somando o lateral Boiadeiro e o meia Jeferson, dentre outros menos votados, segue o Tricolor pela primeira vez – em lustros – a montar uma equipe mais coerente e com os melhores de 2011. Parabéns a Sua Competência, o Presidente do Esporte Clube Bahia, por ter agido dentro das possibilidades e da realidade do clube. E espero também, do fundo d’alma, que esta equipe seja bem reforçada para o nacional! Amém!

ADVERSÁRIOS

De concreto, o único adversário de respeito será o Canabrava mesmo. Do restante, o que poderemos esperar é uma zebra, uma girafa, um hipopótamo e um rinoceronte. No zoológico das possibilidades, o efeito Colo-Colo de 2006 se repetiu com força no ano passado e o rival nos brindou mais uma vez com um título que parecia impossível, rendendo a um clube feirense a taça maior do Estado quarenta e dois anos depois. Entretanto, e a despeito das boas revelações do genérico feirense como Diones e João Neto, não se sabe se o raio cairá pela terceira vez este ano. Os interioranos tem até se reforçado com jogadores famosos, mas para variar, o favoritismo jamais deixará de ser da maior dupla do Estado da Bahia.

Pressionado pelo inacreditável ano de 2011, no qual tudo deu errado nas plagas de Canabrava a Sete de Abril, o presidente carnavalesco do Urubu-Rei promete contratar um caminhão de jogadores e atravessar o máximo possível o Bahia nas contratações. Inclusive repatriou um jogador de péssimas lembranças à torcida do Bahia, o atacante Índio, na esperança de que sua zarabatana ainda faça efeito como já fez por quatro vezes em clássico não muito distante.

Todos dizem que o importante é o Bahia ficar na primeira, que é importante o vice ficar na segunda, e que o campeonato baiano de nada vale. Ok, mas às vezes as pessoas esquecem do lado psicológico da coisa. Vencer o campeonato baiano não apenas consolidará o Bahia como um verdadeiro clube de Elite, que a permanência na primeira não é por acaso e que a normalidade e hegemonia regionais são realmente do Bahia. Não estamos discutindo a ainda ampla frente que temos perante eles em clássicos e títulos, porém a honra e o orgulho deverão estar na ponta da chuteira de cada jogador tricolor neste baiano.

Que seja disputado até o fim cada ponto, que cada jogo seja encarado com seriedade, respeitar os interioranos sempre e jamais entrar no jogo psicológico do mando de campo nos clássicos, seja no lixo seja em Pituaçu.

Feito isso, e sabendo colocar o rival no seu devido lugar, o título será nosso. Nada mais que a obrigação de Sua Abstinência, o Presidente do Esporte Clube Bahia, mas a taça FINALMENTE será nossa.

ATRASO

Está na hora dos dirigentes esportivos do Brasil repensarem os Estaduais.

Fora o Paulista, nenhum deles tem dado lucro, sendo apenas curral de federação e sustentáculo de clube pequeno. Muitos se queixam do “futebol baiano que não vai para lugar algum”, mas parem para pensar como a Dupla Ba-Vi vive um “efeito cinderela” de cada ano, saindo de um nacional com toda visibilidade e oportunidades; e caindo em gramados horríveis e jogos sem atrativos. Este círculo vicioso o qual sobremaneira afeta o planejamento de qualquer clube.

Não estou pregando o fim dos pequeninos. Afinal de contas, isso seria crueldade e matar de vez aquele ranço de paixão e abnegação que existe nos mais remotos rincões do Brasil.

Eu creio que a solução passa pela profissionalização da gestão das divisões menores; e também pela nacionalização dos Estaduais.

Cada Estadual poderia ser uma “Série E”, no qual os timecos poderiam ter trabalho para todo o ano, e que apenas quem tiver condições, gás e vontade pudesse chegar a Série D.

E que clubes como o Bahia estivessem mais livres para permanecer mais tempo no jet-set nacional e internacional.

Não menosprezando a nossa Bahia, mas é muito difícil um Estado com tantas limitações econômicas, geográficas e geopolíticas manter um campeonato restrito a um raio de 500 Km da capital com qualidade, com a maioria dos clubes jogando contra dois adversários abissalmente distantes em termos de tudo, sempre sem dinheiro e sem condições de competir.

Pode ser um devaneio ou uma loucura minha, mas o futebol deixou de ter PH há muito tempo e é preciso pensar grande e com uma visão mais globalizada.

PS: Não deu para o Bahia na Taça São Paulo, considerada a maior competição da base brasileira. Aliás, os dois finalistas desta Copa ano passado fracassaram retumbantemente em 2012. Lições a tirar?! Não sei se há muitas, mas certamente times de categorias de base, voláteis que são, exigem muito mais do que planejamento e bons talentos individuais, sendo que até clubes totalmente inexpressivos no profissional já conquistaram esta competição de juniores. Talvez exija acima de tudo uma estrutura sólida e quiçá exclusiva para a formação de uma equipe desde o pré-mirim ou fraldinha até a profissionalização. Talvez times com atletas mais rodados no profissional ou mais preparados psicologicamente não dêem tanto cagaço diante das câmeras de TV, ao contrário do que normalmente fazem nas obscuras competições locais de base. De qualquer maneira, a Copa SP é muito mais difícil de conquistar do que o Brasileiro de profissionais e posso até chamar esta competição de loteria em razão de múltiplos fatores que concorrem para o sucesso ou fracasso dos times. Sobre o Bahia de 2012 na Copinha, pontualmente, foi bastante aquém da equipe do vice-campeonato de 2011 e só. Nada mais a comentar diante do que eu pude observar. À divisão de base, que possa continuar seu bom trabalho (em muitos anos) e que possa aprender com os erros a fim de fazer um pouco melhor nas competições que virão.

PS 2: E que a diretoria saiba que aproveitar a base é entender que atleta neófito é investimento e não pronta solução.

Saudações Tricolores e BBMP!

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