O que é respeito no futebol? Uma pergunta complexa.
Muito se toca nesse assunto quando temos em pauta o respeito do pequeno para com o grande, e do grande para com o pequeno. É interessante. Nos faz refletir sobre postura. E sobre chavões que nos são imputados, por comportamentos supostamente desejáveis, que mais invocam -contexto apresentado- uma falsa humildade. O mais simples pra lidar com isso é assumir o que se é: se realmente grande ou na verdade pequeno. O respeito começa de dentro.
E muito se fala, no momento, sobre o que se chama de “excesso de respeito” por parte de Falcão para com os times adversários que enfrentam o Esquadrão. A tese propõe que, com os elogios dirigidos ao trabalho realizado pelo lado oposto, enaltecendo-se elenco, disposição tática e por aí afora, o treinador tricolor acabe por criar um ambiente desfavoráfel para os seus comandados. Quer pela suposta falta de atitude dos jogadores em não partirem pra cima ou até mesmo jogarem de igual para igual (ao muito respeitarem), quer pela hipotética falta de ousadia pela proposição organizacional a partir das eleições advindas do próprio treinador.
Eis a questão: será que as declarações de Falcão demonstram o espírito de vestiário ou a personalidade do time? Ou simplesmente nos passa que ele é uma pessoa educada, sem nenhuma outra consequência deste ato? Fico com a segunda.
Imaginem a dificuldade que um treinador de futebol deve encontrar nesta era high-tech. Quando Falcão jogava, não havia Twitter ou qualquer outra coisa online. Os jornais estavam ali… As manchetes falavam, mas não aceitavam (ou até mesmo cobravam) respostas. As interações eram mais formais, menos dinâmicas e absolutamente menos oba-oba.
Hoje, tudo está ficando muito mais chato –no futebol e na vida. Tudo é bullying, tudo vira ofensa e tudo é deturpado. Até mesmo ser educado. Aliás, é o que falta a grande maioria, diga-se de passagem!
O próprio jogador atualmente precisa de uma melhor formação fora das quatro linhas. Deve saber lidar com o seu público, saber trocar de ambientes. Focar e refocar. E que isso seja benéfico para o exercício da sua profissão, individual e coletivamente.
Este, talvez, tenha sido o grande peso às costas de muitos jogadores ou ainda o grande triunfo de muitos “pequenos” que se levantarão dentro das quatro linhas –ainda que eu concorde que não é o pequeno que se agiganta, mas o grande que se apequena.
O fato é que o Bahia precisa, de uma vez por todas, assumir sua grandeza. Em todos os sentidos. E perder o complexo de cachorro-sem-dono, que toda hora busca entender o que está errado, mesmo quando não há nada para ser acertado. Humildade e confiança nunca foram auto-excludentes.
Que saibamos valorizar aquilo que realmente somos. Seja na Sul-Americana, no Brasileirão ou em qualquer outra competição que vier pela frente. Nosso potencial, nossas virtudes. Isso em nada menospreza a ninguém. Pelo contrário. Potencializar tudo o que temos é a maior prova de respeito pelos demais competidores. Do contrário, que também possamos conhecer melhor nossas deficiências e fraquezas.
Tudo poderá ser tirado a limpo no próximo jogo, contra o Inter. Que já adianto: é um timão! Qualquer elogio por parte de nosso treinador é altamente justificável, certo?
Agora, que Falcão tem um desejo todo especial para vencer o clube que não soube valorizar o excelente trabalho que desenvolvia quando contratado, em 2011…. não tenho a menor dúvida.
comentários
Aviso: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do ecbahia.com.
É vetada a inserção de comentários que violem a lei, a moral, os bons costumes ou direitos de terceiros.
O ecbahia.com poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios
impostos neste aviso ou que estejam fora do tema proposto.