Domingo foi um dia especial para todos nós, torcedores do maior clube do N/NE do país, único legítimo duas vezes campeão brasileiro. Depois de longos anos de ostracismo, sofrimento e humilhações, temos a chance de nos manter entre os gigantes do futebol brasileiro. Perdemos a primeira batalha, mas a guerra só começou.
Há quem tenha sonhos maiores e acredite que possamos ir muito longe. Sou mais contido, nas minhas observações deixo de lado o torcedor e encarno o crítico, que enxerga mais a razão. E por isso mesmo, arrisco-me em expor meu desejo para esse ano: realizar uma boa campanha e permanecer na elite.
Ao ler minha afirmação, o torcedor poderá me chamar de pessimista, de azarão. Se eu deixar pra expor o que penso depois sairei como oportunista, dirão que é fácil falar, fazer previsões depois que aconteceu. Por isso, já na primeira rodada deixarei aqui exposto o que penso.
Vamos esquecer por alguns instantes a paixão e trabalhar com os fatos. A pergunta é simples: o que esperar de um time que apostou numa base de atletas jovens, desconhecidos e inexperientes, mesclando com alguns que, apesar de mais tarimbados, não carregam consigo aquela característica de serem decisivos?
Não acho que o planejamento para esse ano tenha sido errado, diante da nossa realidade. O Bahia é um clube que ainda precisa encontrar o equilíbrio financeiro, quitar débitos antigos e se reestruturar. As coisas estão acontecendo em doses homeopáticas. Por isso é que fui a favor dessa aposta de Angioni. Pra mim, elevar a folha salarial para vencer Campeonato Baiano, com o risco de não obter êxito, não seria uma decisão inteligente.
Jogadores como Camacho, Zezinho, Dodô, Boquita, Bruno Paulo, Pedro Beda e Magno, que ainda nem estreou, foram apostas. O Bahia não teve custos para trazê-los. E assim também vieram Souza, Lulinha, Tressor Moreno e Mosquera outro que também não jogou. Como em qualquer contratação, de peso ou não, erros acontecem. Só que dessa vez, as dispensas não vão onerar tanto o nosso passivo, já que a maioria desses atletas tem salários baixos e em alguns casos o clube paga apenas parte dele.
Pelo grupo montado ano passado, e para começar 2011 sem tanta necessidade de entrosamento, acredito que o ideal seria se tivéssemos mantido Adriano, Morais, Alison e até o próprio Jael. Sobre estes dois últimos, algumas considerações.
Foi um erro, sim, não manter Alison no grupo. Ele estava desde 2005, havia sofrido os horrores da Série C, lutou e sempre se dedicou, além de tecnicamente ser o melhor zagueiro do Bahia, minha modesta opinião. Ele quis a devida valorização. Se houve exageros de ambas as partes, empresário e clube, acredito que faltou um pouco de bom senso de todos os lados. E com relação a Jael, a atitude a meu ver foi acertada, apesar de reconhecer que ele nos fez falta. Agressão física deve sempre ser condenada, independente de qual lado está a razão.
Chegaram Jóbson, Fahel e Marcelo Lomba. Com o retorno de Jancarlos e o aproveitamento dos bons valores revelados pela base, acredito que possamos fazer uma campanha de razoável pra boa. Ouvi o nome de Marcos Assunção nos últimos dias. Não creio que nessa posição estejamos tão carentes. Talvez a idéia seja aproveitá-lo pela experiência. O que vai nos ajudar é jogador de criatividade, volantes não resolverão nunca nosso problema.
Precisamos de reforços na parte de criação. Se não vier ninguém com essa característica, sofreremos bastante. É difícil encontrar bons valores e ter poder de barganha nesse mercado tão desigual não é tarefa das mais simples. Não dá para competir com clubes de orçamentos três vezes maiores que o do Bahia.
Paulo Angioni está se movimentando. Surgiu o nome de Ricardinho. Pode ser uma boa opção. Jogador de qualidade, experiente, inteligente. Será necessário um investimento mais arriscado mesmo. Jogadores desse nível não virão por qualquer salário. Para o momento que vivemos e pelo nível de competitividade do campeonato, um bom elenco é importantíssimo.
Para o trabalho a longo prazo apresentar resultados, permanecer na Série A é condição fundamental. Precisamos conquistar esse objetivo. Não será fácil, a estrada é longa e os caminhos tortuosos. A paciência da torcida – sei que posso ser execrado por tocar nesse assunto – será de grande importância. Protestos e manifestações devem sempre existir, mas como temos atualmente muitos jogadores jovens isso poderá pesar contra nós.
XXX
A partida contra o América-MG representou o retorno depois longos oito anos. Esse fator por si só já é de grande carga emocional. A expectativa de todos era enorme. E acho que mesmo enfrentando um adversário fraco, não decepcionamos.
Vi um Bahia competitivo. O time trocou passes, tabelou, criou jogadas pelos flancos e teve oportunidades de gol. Falhou também, e por isso perdeu o jogo. O que me deixou satisfeito foi a organização tática.
Sempre teremos o que discordar em relação às escolhas do treinador. Confesso que me surpreendi ao ver Gabriel na lateral. Ele não comprometeu. Foi eficiente no apoio e se virou bem na marcação. Não sei se teria feito essa opção, apesar de reconhecer que ficou difícil recompor essa posição. Talvez eu tivesse optado por Boquita no meio, com Marcone quebrando o galho na direita. Mas não creio que fosse influenciar tanto no resultado da partida.
A opção de Lomba como titular também me surpreendeu. Ele demonstrou ser um goleiro de qualidade, fez defesas importantes, parece ser muito tranqüilo e seguro. No restante da equipe, a boa novidade foi ver a movimentação de Jóbson. Com um pouco mais de condição física, acredito que ele nos ajudará bastante.
Não houve destaques individuais. Talvez Lulinha, enquanto teve fôlego. Muita movimentação, infiltrações, tabelas, jogadas pelos lados. Não foi omisso, e para um jogador de meio-campo isso faz a diferença. Souza esteve bem. Não podemos esperar dele jogadas de efeito ou algo surpreendente. Ele lutou como sempre, marcou a saída de bola, preparou jogadas e também perdeu uma chance clara de gol no primeiro tempo, quando ainda estava 1×0.
O começo da caminhada não foi tão ruim. Perder nunca é bom, ainda mais nesse campeonato tão nivelado. Mas se considerarmos a atuação, poderíamos até afirmar que merecíamos melhor sorte. Agora é continuar nessa toada. Definir as contratações o mais rápido possível, fechar o elenco e trabalhar. Outra coisa importante é dar tranqüilidade a René. Não podemos incorrer no mesmo erro de querer trocar de treinador com seis rodadas.
A nós, torcedores, cabe o apoio. Tenho certeza que a maioria espera para este ano, no mínimo, a permanência na Série A. Estamos percebendo a movimentação de Angioni em conseguir o melhor pro time. A diretoria está apoiando e acreditando no trabalho. Devemos permanecer atentos, cobrar e continuar exigindo o melhor pro clube. E aqui vou deixar algumas observações que percebi.
Perdemos mais um Campeonato Baiano numa decisão direta com o maior vice de tudo de todos os tempos. Era motivo suficiente para que a insurgência da torcida se revelasse de forma mais agressiva. Temi por isso, já que estávamos na véspera da estréia no Brasileirão. E o que vi me deixou com a certeza de que estamos evoluindo bastante nesse aspecto.
Ainda antes do último jogo do Baiano, algumas torcidas se reuniram com os atletas e dialogaram. Fizeram sua parte comparecendo ao aterro sanitário, levando o apoio necessário e não deixando de acreditar um minuto sequer. Ao final, reconheceram o esforço da equipe e comemoraram mais uma vitória na pocilga.
Não é fácil aceitar uma derrota como essa última. Os detalhes nas duas partidas decidiram a favor do maior vice de tudo de todos os tempos. O que nos deixou menos tristes foi ter a certeza de que alguns podem tentar, mas que ser pentacampeão é privilégio pra poucos. E tem gente que vai morrer sem saber o que é isso.
XXX
Em tempo, gostaria de parabenizar meus amigos testemunhas do maior vice de tudo de todos os tempos. Conseguiram mais um Vice digno da sua coleção. Afinal, não é qualquer um que perde para Colo-Colo e Bahia de Feira, a chance de conquistar um título inédito.
Continuem tentando. Sou admirador da luta e perseverança de todos vocês. Mesmo depois de conquistarem a quadrivice coroa, de serem bi-vice-penta-campeão e até de conseguirem o vice no concurso de Musa do Brasileirão, não há sequer um sinal de desistência.
Parabéns e mais sucesso! Vocês merecem!
Saudações Tricolores!!!
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