E o nosso Bahia está voltando a brigar para não ser rebaixado, após dois anos consecutivos fazendo boas campanhas no Brasileirão, desde que escapou da Série B pelo convite para disputar a famigerada Copa João Havelange.
Cabe-nos agora uma pergunta de cuja resposta depende o futuro de nosso time. Sim. Eu acredito que o futuro do Bahia está em nossas mãos, torcedores. Mas vamos à pergunta: o que fazer?
A primeira coisa que nos passa pela cabeça é tomar uma atitude intempestiva e passional. “Vamos boicotar esses dirigentes safados”, “vamos protestar contra essa diretoria de futebol incompetente”, “vamos expurgar o Bahia do ranço maldito das péssimas administrações”, “vamos afundar o projeto sócio-torcedor”, “vamos deixar de ir à Fonte Nova”, “vamos parar de comprar os produtos com a marca do Bahia”, “vamos fazer com que eles sintam a nossa força, acabando com a receita deles”.
Em suma, todas as assertivas anteriores e mais outras do mesmo calibre que o caro irmão tricolor possa juntar, resumem-se a apenas uma: “vamos deixar que o Bahia seja rebaixado para eles aprenderem”.
Sinceramente, eu jamais poderia concordar com isso. Por mais que se discorde da atual política do departamento de futebol do clube, boicotá-lo no meio de uma competição como o Campeonato Brasileiro significa passar um atestado de que não amamos o Bahia.
O rebaixamento de 1997 não trouxe nada de bom para o nosso time. Não será disputando a Série B em 2003 que teremos o nosso Bahia dos sonhos.
Nós, que somos verdadeiros torcedores, não podemos em hipótese alguma torcer contra o Bahia ou querer que ele seja rebaixado. Discordamos dos dirigentes políticos? É só não votarmos neles. Discordamos da diretoria de futebol? Protestemos depois do campeonato, mas não podemos abandonar o tricolor numa hora como essas.
Os grandes clubes, como o Bahia, quando se encontram numa situação vexatória como a nossa, se perderem o apoio dos seus torcedores, fatalmente cairão e dificilmente se levantarão. Vejam o exemplo do Palmeiras. A torcida tem apoiado, a despeito do péssimo desempenho no Brasileirão. Comemoraram o triunfo sobre o Paysandu, no Parque Antarctica, como se fosse uma final de campeonato.
O torcedor consciente deve se organizar e procurar um meio viável de ajudar o clube a se tornar aquilo que ele deseja. Não é com tumulto, desprezo ou abandono que iremos levar o Bahia a um novo título nacional.
Por mais que nossos atacantes desperdicem gols, nossa defesa “entregue o ouro”, o time “bóie” no segundo tempo, o treinador escale mal, os laterais errem cruzamentos, por mais que tudo dê errado, numa hora como essa, temos que apoiar. Temos que fazer a diferença. Somos numerosos? Vamos jogar com o time! Vamos pressionar arbitragens, adversários, o “escambau” (sem violência, é claro).
Vivemos um momento emergencial. Depois que salvarmos o nosso time, poderemos protestar e exigir mudanças que melhorem a situação de nosso clube querido. Este é o apelo de um “expatriado”, desde Fortaleza, à minha amada Nação Tricolor.
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