é goleada tricolor na internet
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Publicada em 8 de dezembro de 2011 às 00:00 por Autor Genérico

Autor Genérico

O Príncipe e Hugo Chávez: o passado, o presente e o além

Caros leitores do ecbahia.com e nação tricolor.

Vários assuntos a tratar; e muita coisa a ponderar!

Prometo ser sucinto dentro do meu estilo prolixo:

O ENTREGUISMO:

A primeira polêmica dos últimos quinze dias na Bahia e uma banda de Sergipe* foi um tal de entrega-não-entrega para o Ceará Sporting, velho adversário regional e desesperado para fugir do descenso, ao contrário do Bahia.

Acaloradas discussões foram travadas aqui neste espaço, até mesmo porque envolveu assuntos dos quais é da natureza do ser humano discorrer.

Falou-se muito da ética: em tê-la ou não tê-la… naturalmente a maioria desconhece o caráter epistemológico e fenomenológico desta palavra, constantemente confundida com moral, códigos de conduta ou senso comum.

Decerto alguns torcedores apregoaram que o Bahia é mais moral do que seu maior rival, engolindo a seco ressentimentos desde a cidade homônima do Espírito Santo, há quinze anos; porém, paradoxalmente desejando um forte adversário ao rival no ano vindouro.

Alguns defendiam a bandeira do pan-nordestinismo, defendendo a descida dos mineiros do Cruzeiro, sudestinos que são na condição de eternos algozes do nosso imaginário de colonizado cultural e político.

E outros, por sua vez, segregaram o nordestinismo em si mesmo; alegando que o Siará jamais teria pena do Bahia se fosse ao contrário. Em verdade, cearenses e baianos ao que me consta não são rivais como baianos e pernambucanos; porém para pouca farinha meu pirão primeiro.

Passada a polêmica e uma vez o Bahia vencedor desta partida, sinto-me mais tranquilo para afirmar com todas as letras, como afirmei no fórum deste site, que na verdade esqueceram de combinar isso com os jogadores e com o Sr. Joel Santana.

A diretoria – e aí teço-lhes elogios – não caiu neste jogo de torcedor apaixonado e acreditou na então difícil classificação para a Copa Sul-Americana, não impondo escalação de time reserva (o que creio ser difícil Joel aceitar) e o time jogou não com “ética”, porém com DIGNIDADE; e deixou cada um cuidar da sua vida.

Acabou de nada adiantando a tal campanha entreguista, pois os jogadores e treinador honraram seus compromissos em Salvador; e os do Cruzeiro idem em Sete Lagoas, goleando impiedosamente o maior rival e escapando da degola. Em que pesem as acusações de entreguismo por parte dos atleticanos, o que acho inverossímil em razão da rivalidade entre os maiores das alterosas, sabe-se que o elenco do Galo foi o que agiu de forma menos digna nisso tudo, terminando por perder a vaga na Sul-Americana justamente para o Bahia.

Permanecemos na primeira divisão e vamos disputar a primeira etapa da Sul-Americana contra o São Paulo Futebol Clube.

Que a diretoria tenha a dignidade de não apenas dizer que o fato de disputar esta competição internacional é um fim em si mesmo. O São Paulo não é o Ceará!

DA MORALIDADE E DAS ELEIÇÕES

Já que estamos falando em ética, moral e afins, algumas reflexões sobre as eleições:

É do conhecimento de todos o sistema eleitoral do Bahia, no qual o conselho deliberativo é quem escolhe o presidente do clube.

Todos sabem também da luta da oposição por um Bahia “democrático” e sem “filtros”.

Portanto, nada disso é novidade ao torcedor que acompanha algo além dos noventa minutos de futebol.

Talvez o que o torcedor dito mediano não saiba é que a novela tricolor tem capítulos um tanto ocultos à maioria.

O futebol é um esporte milionário; digo, BILIONÁRIO, como quase tudo que diga respeito ao entretenimento.

Em razão disso, o agora digno Bahia, aquele que não entrega jogo, já participou de momentos legalmente aceitáveis e moralmente nem tanto.

Um exemplo disso é a Copa João Havelange, ocorrida em 2000 para fazer as vezes de Campeonato Brasileiro, no último grande racha ocorrido entre os cartolas nacionais.

No ano anterior, todos sabem que nosso clube amargara o quase-acesso com um terrível terceiro lugar na série B; e acabou beneficiado pelos vai-e-vem dos cartolas maiores do nosso futebol.

Pôs-se então a CBF na época a convocar o Bahia e o Fluminense para a elite desta copa, sendo que o clube carioca deu passo ainda maior, da conturbada terceira divisão da época direto para a primeira. Obviamente, o tricolor das Laranjeiras por ser querido no “metiê” cebeéfiano; e o Bahia em razão mais das rendas astronômicas que propicia do que da sua importância no universo do Grande Phutebol.

Óbvia e ululantemente, nenhum torcedor mentalmente são na face da Terra condenaria seu clube por tão nobre convite…

Voltemos um ano no tempo e retrocedamos ao Campeonato Baiano de 1999.

Para variar, como tem ocorrido há quase dezoito anos, o Bahia foi à final – quando consegue ir – contra o Canabrava em desvantagem, tendo que ganhar pelo menos um dos dois jogos da decisão.

No primeiro jogo vencemos por 2×0 na Fonte Nova, podendo perder por até um gol de diferença no jogo de volta em pleno aterro.

Lembram do que fez o genitor de Sua Hodierna Unanimidade, O Presidente do Esporte Clube Bahia?

Fez o que parecia impossível, num ato de extrema covardia e anti-desportividade. E ainda teve torcedor que comemorou!

Punido foi o Sr. Marcelo, o Pai, com a divisão salomônica daquele título quase dez anos depois. E a torcida do Bahia punida a reboque!

Eu vejo as eleições agora como a oportunidade de pelo menos discutir o clube e seus rumos, mas parece que eles não estão muito a fim disso.

Parece que não estão a fim pois até agora eu somo o histórico deste grupo político com o que vem ocorrendo dentro do clube e não chego a uma conclusão positiva.

A TOTALIDADE dos votos válidos em favor desta diretoria, diante de tantos outros sócios e torcedores contrários, leva-me a crer que o Esporte Clube Bahia por dentro é totalmente diferente do Bahia extra-muros.

Um grupo político que em quinze anos venceu DOIS campeonatos baianos, duas Copas do Nordeste e conquistou o acesso à Série A depois de SETE ANOS contínuos e NOVE interpolados será que merece mesmo a nossa confiança???

E abriu mão de disputar outro título baiano em nome do prazer de jogar sujo contra o rival?

Mudou o futebol ou mudou o Bahia?

O PRESIDENTE E A LIMINAR

Obviamente, a jogada dos grupos de oposição em questionar o conselho vigente já era prevista pelo lado da diretoria, e esta agiu prontamente com as armas de que dispunha.

Fez cada um a sua parte dentro do que legalmente era possível, porém moralmente nem tanto.

Até mesmo porque é extremamente questionável num país no qual pilhas de processos e centenas de milhares de páginas aguardam leitura por parte dos magistrados; num país no qual o direito à Saúde se resolve sempre “no tapetão” por insuficiência dos recursos oferecidos pelo Poder Executivo; que seja ocupado um magistrado a uma hora da manhã para se resolver uma questiúncula tão insignificante para o tamanho da Justiça deste Brasil.

O conselho merece e DEVE ser revisado, até mesmo porque careceu de contraditório e ampla defesa dos supostos limados.

Identificados os insurgentes, limem-se os mesmos: esta foi a diretriz que precedeu a tal faxina.

Neste momento eu faço uma menção a todos os presidentes militares, de Castelo Branco a Figueiredo; de Médici a Geisel: nem vocês conseguiram uma aprovação deste tamanho com o país “que vai para frente”, no qual revoluções eram abatidas a bala e não a chiliques de conselheiros e assessores.

Faço também menção a Hugo Chávez, o Comandante-Em-Chefe venezuelano; e a Fidel Castro, o líder cubano. Afinal de contas, manter os regimes vigentes nestes países tem sido cada vez mais difícil, ao contrário do Esporte Clube Bahia. O cubano pelo menos é sincero, pois nem eleições ele se arvora a convocar e deixa isso bem claro… o venezuelano ainda faz uma maquiagem para disfarçar, e coloca uns 30% de votos para a oposição…

Parabéns à Sua Alteza Inquestionável, o Presidente do Esporte Clube Bahia pela eleição mais do que merecida. Na verdade, o senhor contextualmente merece sim… o Bahia e a Bahia são a cara da sua Elite: conservadora, intransigente, avessa às mudanças, fechada e preconceituosa! Mas Maquiavel, guru de todo candidato a déspota muito antes de existir a Bahia e o Bahia, já alertava:

“…não há coisa mais difícil de se fazer, mais duvidosa de se alcançar, ou mais perigosa de se manejar do que ser o introdutor de uma nova ordem, porque quem o é tem pôr inimigos todos aqueles que se beneficiam com a antiga ordem, e como tímidos defensores todos aqueles a quem as novas instituições beneficiam.” (O Príncipe, Capitulo VI )

Sinceramente, Presidente, eu espero que o senhor me desminta um dia, abrindo o clube aos associados e permitindo o contraditório à sua gestão, sem chantagens ou poses de único abnegado da Terra.

Eleja-te de forma dignamente democrática e sem artifícios como os que fez o teu pai com o rival há doze, treze anos, que aplaudirei de pé Sua Coerência pelo feito.

EM NOME DO PAI E DO FILHO

Termino aqui este longo texto (mais uma vez me alongo demais…) fazendo mais algumas considerações.

Nada tenho contra a pessoa dos dois Marcelo, nem o pai nem o filho; tampouco os conheço para emitir-lhes juízos de valor.

Porém, a política é feita de nomes assim como é feita de pensamentos em uníssono ou do produto destes pensamentos.

Recentemente perdemos um político de grande alvitre no Estado da Bahia o qual tinha verdadeiro séquito de pessoas que lhe eram caras e comungavam com seus pensamentos.

Este ou aquele candidato vencia as eleições municipais e estaduais; porém, o grosso da população só enxergava um senhor baixinho de bigodes e parcos cabelos brancos.

Pois é assim que enxergo Sua Juventude e Altivecência, o Presidente do Esporte Clube Bahia.

Até que me provem o contrário, sua gestão é a continuidade das mesmas práticas que culminaram com sucessivos rebaixamentos e impiedosas goleadas sofridas no passado.

A despeito do merecido e meritório acesso à Série A ano passado – e nesse ponto os defenderei até o fim – está na hora de pelo menos permitir que os rumos do Bahia sejam discutidos como devem.

Se não “dá” agora, que façam uma transição lenta e gradual como seus colegas presidentes militares…

Só não culpem o torcedor insatisfeito. Este certamente já perdeu a paciência e não acredita em uma palavra a mais do que vocês apregoam.

Como eu já escrevi antes: quem quiser que plasme o seu “melhor” Bahia para si próprio.

E o Bahia que venho “plasmando” certamente não é o das quarenta, cinquenta contratações sem proveito e que escapa sempre do rebaixamento na última hora.

Em a oposição não conseguindo seu objetivo recursal na esfera jurídica, desejo à nova velha diretoria boa sorte e mais competência para mudar algo desta vez.

Aos tricolores da oposição, que consigam um dia pelo menos expressar o sabor de mudar, ou tentado mudar, conceitos e paradigmas. Afinal de contas, a oposição também jamais deverá ser um fim em si mesma!

Saudações Tricolores.

* Homenagem ao famoso bordão do colunista rubro-negro Franciel Cruz, o qual a despeito de ser torcedor símbolico e declarado do rival, é um dos meus “ídolos” na esfera jornalística e desportiva junto com os tricoloríssimos Cláudio Paes e o colega José Roberto Tolentino.

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