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Publicada em 21 de fevereiro de 2010 às 00:00 por Autor Genérico

Autor Genérico

O preço de uma escolha

Quem nunca ouviu a máxima “Dinheiro não traz felicidade”? Acredito que todos já escutamos, e nas mais variadas situações. Este é um daqueles ditados populares que venceu a barreira do tempo, graças a sua simplicidade e sabedoria.

Em alguns momentos da nossa vida temos de fazer escolhas, e em algumas delas a questão financeira termina sendo determinante. E esse é um tema que há muito me incomoda no futebol, apesar de não ficar restrito apenas a ele. A opção certa entre dinheiro e felicidade é uma das grandes dúvidas da humanidade.

Tenho acompanhado as informações sobre a insatisfação de Jael na Suécia, assisti também a entrevista que ele concedeu ao portal A Tarde On Line. Fica claro que o nosso último ídolo não foi feliz com a escolha que fez. Jogar na Europa, segundo dizem os nossos jogadores, é o sonho de consumo de qualquer um, mesmo que seja na Suécia, Ucrânia, Sibéria, Suíça, entre outros.

A independência financeira quase sempre é colocada em primeiro plano e, associada à curta carreira de um jogador, mais ou menos 20 anos, termina servindo como desculpa principal para a busca pelos maiores salários. São dois lados de uma mesma moeda, cada um com suas verdades, resta saber qual a menos sofrida.

Não acredito ter fórmula exata para solucionar essa equação, mas o que nos salta aos olhos é que a precipitação atrapalha muito. Os jogadores muitas vezes são levados pela conversa dos empresários, que mantêm seus interesses em primeiro lugar. Esse caso de Jael, posso até estar cometendo uma injustiça por não saber realmente o que se passou, pode ser considerado um bom exemplo.

Uma coisa é receber uma proposta para jogar na Espanha, Itália, Inglaterra ou França, ainda que seja num time de segundo ou terceiro escalão. E outra é aceitar um convite para disputar o campeonato sueco. Não acredito que o dinheiro tenha sido tão alto assim, pois Jael ficou um bom tempo pensando se valeria a pena ou não. Deve ter pesado muito mais a vontade do empresário do que a dele.

Eis que agora ele demonstra arrependimento. Segundo suas próprias palavras, o que viu na Suécia não era o esperado. O campeonato é tecnicamente fraco, e isto pra quem pretende ser negociado para outros grandes centros, é péssimo. Se o frio naquelas bandas da Europa está castigando os nativos, imagine o que não faria a nós, acostumados com temperaturas elevadas. E para finalizar, ainda tem o lado familiar. No caso dele, a gravidez da esposa deveria ter sido o fator principal na sua análise.

O Bahia poderia ter sido uma escolha sensata para o momento. Ele estava bem, foi um dos que se salvaram do time de 2009 e terminou virando ídolo da torcida. Havia grandes possibilidades de ele repetir o sucesso do ano passado e despertar o interesse de clubes do Brasil – se não me engano, o Grêmio chegou a cogitá-lo.

Achei bacana e louvável a tentativa dele de se desculpar com a torcida, nem sei se seria pra tanto. Não acredito no retorno, nossas condições financeiras não são as melhores. Torço apenas para que ele tenha aprendido a lição e que, nas próximas oportunidades, saiba fazer a escolha certa.

XXX

O caso de Jael não é o único e não será o último. Relembremos dois envolvendo cifras milionárias e jogadores da seleção: Kaká e Robinho.

Kaká tinha sua carreira consolidada no Milan. Vencedor, todos os títulos conquistados pelo clube e, acima de tudo, um ídolo. Era o queridinho da torcida e do mandatário, Sílvio Berlusconi.

O Milan passava por uma crise financeira e precisava fazer caixa. Foi quando surgiu uma proposta irrecusável de compra vinda do Manchester City: U$100mi pelo passe e salários equivalentes a R$800mil por dia.

Foi uma novela. Os dirigentes do Milan aceitaram, faltava apenas convencer Kaká de que o Manchester City seria o “melhor” pra ele. A torcida se manifestou, fez protestos no estádio e vigília na casa dele. O que pesou mesmo na sua decisão não foi o dinheiro.

O Manchester City é um time sem aspirações. Kaká está no auge, é um jogador vencedor e precisa sempre estar jogando em bom nível. Inteligente que é, sabia que no MC não teria chance de disputar grandes títulos. Sendo assim, a escolha pelo Milan naquele momento foi a melhor. Detalhe: ele não tem empresário, o pai dele trata dos assuntos ligados à sua carreira.

Já Robinho saiu mal do Santos. Com a desculpa da insegurança – a mãe dele havia acabado de ser seqüestrada – e com o sonho de ser o melhor jogador do mundo, resolveu forçar a sua saída para o Real Madrid.

Nunca se firmou por lá. Começou bem, mas nunca foi regular. Pensou que seria ao lado de Zidane e Ronaldo as maiores estrelas daquela constelação. Foi um verdadeiro fiasco. Alguns poucos momentos de brilho e outros tantos de escuridão.

Novamente, fez o possível para sair. Dessa vez, a desculpa foi que ninguém do clube o consultou sobre ser envolvido na negociação de Cristiano Ronaldo com o Manchester United. Parece que ele previu que amargaria uma temporada no banco de reservas, com a chegada do português, e preferiu ir embora.

Então, com a proposta milionária do Manchester City, ele resolveu encarar o desafio de jogar na Inglaterra. O salário? Algo em torno de R$1mi. É óbvio que ele visou apenas o lado financeiro, esquecendo até o sonho da época do Santos.

O tempo passou. Kaká foi pro Real e Robinho pro Manchester City. Kaká continua brilhando no Real e Robinho, depois de amargar a reserva, forçou uma nova saída, dessa vez para o Santos. A justificativa? Segundo ele, não estava feliz.

São dois exemplos de jogadores consagrados que trilharam caminhos opostos. Um foi atrás de felicidade e o outro de mais dinheiro. Quem fez a escolha certa?

Saudações Tricolores!

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