Diria o jingle global: a festa é sua, a festa é nossa. É de quem quiser e quem vier. Presidente eleito e planos para o futuro a todo vapor. Seguem abaixo algumas impressões sobre os principais tópicos visando 2015:
Expectativas quanto à gestão: Marcelo SantAna foi eleito não apenas sob a égide de sua popular, jovem e promissora figura: foi eleito também calcado num meticuloso plano de gestão construído pela seu principal grupo apoiador. Na teoria, tudo é belo e tudo é futurista: basta agora que seja exequível. Não basta olhar para o presidente e sua equipe e exigir que o mantra binhesco de vencer brasileirocopadobrasilcampeonatobaiano seja recitado de imediato, e sim de exigir que algum passo seja dado à frente por um clube nordestino com graves problemas de caixa, tentando primeiro construir uma base para novas conquistas doravante.
Seguindo o seu slogan “A Vez do Futebol”, SantAna, presume-se, deverá apostar num modelo gerencial para a diretoria de futebol, sob a gestão de pessoas com suposta visão empresarial para o mundo da bola. Acredita-se também que o mandatário tricolor deverá promover uma grande faxina no elenco profissional, apostando suas fichas num time de jovens oriundos da base. Tal faxina, creio eu, deveria começar por todos os atletas sem vínculo definitivo com o clube que nada fizeram no desastroso 2014: ou seja, quase todos eles. Dispensar-se-ão atletas caros com baixo aproveitamento como o fracassado Primo de Messi – este, por sinal, iludiu boa parte da torcida com o fim do encanto do chorume… os já desgastados Titi, Lomba e Fahel finalmente deverão desaparecer para sempre do Fazendão.
Dar um passo à frente talvez não implique necessariamente em títulos importantes, mas pelo menos que este passo seja: não ser eliminado precocemente da Copa do Nordeste (sendo campeão, de preferência) e subir para a Série A, posto que são campeonatos de maior visibilidade e com maior aporte financeiro aos que neles triunfem. Subir imediatamente é questão de sobrevivência no mercado da bola acima de tudo.
SantAna também tem a obrigação de, ao contrário do dublê lotérico de gestor de futebol e advogado de antigamente, ser mais criterioso nas contratações. Não esperemos titulares ou ídolos de clubes do G12, e sim o malfadado “perfil de série B”, com jogadores que foram sucesso em clubes maiores da B ou menores da A. A base, logicamente, deverá ter seu lugar, desde que não seja de forma afoita e na base do fazer por fazer. É nítido que os jogadores da base tem sérias deficiências de fundamentos e isso tem que ser exaustivamente treinado e retreinado.
O que espero desta gestão é: estabilidade primeiro e conquistas depois, sem prejuízo da ascensão tempestiva à Elite do futebol nacional. Caso as grandes conquistas venham logo, será mais um ponto para os caras.
Blogueiros gestores: não sei o que o Sr. Eder Ferrari deve fazer no Bahia, mas com certeza deverá ser um “cargo de confiança” a uma pessoa sem nenhum histórico técnico no ramo. Ser pedra e depois vidraça já é fato sabido diante de dois prefeitos-radialistas que tivemos em Salvador, de triste memória. Lembro-me também de antigo gestor do Flamengo que descia a madeira nos microfones e depois viu que o buraco era mais embaixo… espero que o Sr. Ferrari me desminta. Talvez fosse um bom nome para função menos estratégica (e quem sabe subir de patamar se provar ser competente), contudo, ecce homo e vamos em frente.
Alexandre Faria: Para o torcedor, é como se fosse o caviar de Zeca Pagodinho. Consta que andou pelo Coelho das Alterosas, um clube que vive de um distante decacampeonato mineiro e da revelação de Fred Cone de Teofotoni. Para que não digam que sou corneteiro, deixemos o homem trabalhar neste momento. Quanto ao treinador, nada a comentar, a não ser que algum leitor pense em Mourinho ou em dar a poção de Asterix pro octogenário Evaristo. Sérgio Soares tem no currículo a não-Subida do Ceará Sporting, mas como não tenho maiores detalhes de sua passagem no Vovô de Fortaleza, melhor aguardar, porque treinador bom e barato no Brasil é algo complicado.
Diretoria Administrativa-Financeira: Depois do competente ex-gestor público Reub, um ex-secretário de Administração do Governo Estadual da Bahia, ex-componente de gestões carlistas. Currículo ele tem, resta saber se ele vai saber lidar com as pressões diante de contratempos do time em campo para que se gaste mais dinheiro com reforços-medalhões. Cabe ao Sr. SantAna ser coerente aos seus princípios e ao Plano de Gestão.
Campeonato Baiano: competição anacrônica, dominada por cartolas que fedem a chorume, de uma UF maior que a França, que vive do que a dupla maior do Estado fez por anos a fio: destruiu os clubes menores e monopolizou a competição como um agregado de amistosos cercados de clássicos por todos os lados. Eu, Cássio, faria como o Petraglia de Curitiba e colocaria um time B para disputar a competição, fazendo dela uma pré-temporada e utilizando um time base da base para jogos contra os interioranos e o time principal nos clássicos. Foco na Copa do Nordeste e Série B.
O maior problema de se tomar uma medida destas é que seria extremamente antipopular, e não sei se o Sr. SantAna teria colhões para encarar a ira da torcida em caso de novas derrotas contra o time do lixo, especialmente se forem goleadas. Vida que segue.
Copa do Nordeste: campeonato de nível médio, que é um bom teste para a Segundona, inclusive com participação de rivais diretos desta competição. Além do Vice-de-Tudo, pernambucanos e cearenses darão a tônica de um campeonato cujo triunfo seria muito importante para nossa autoestima e preparação. Alternando com o Baiano toda quarta e domingo, seria uma temeridade para o elenco. Algo a se pensar.
Série B: uma Série A “por falta de vagas”: pelo menos metade dos times são postulantes ao G4 e o Bahia obviamente é um dos favoritos. Para que se confirme o favoritismo em campo, é preciso ter um time coeso, com peças de reposição e nível técnico suficiente. Subir é “obrigação” em todos os aspectos (do financeiro ao politico) e esperamos muito que isso aconteça. Contudo, não adianta subir para depois cair, quando a casa tem estrutura frágil.
Política interna: Agora temos situação e oposição bem claras e definidas. Para efeito de comparação aos desavisados, pensem na Terra como um Pangea, que depois de vários terremotos passou a separar as placas e definir os continentes. Da antiga composição de forças que derrubou os ditadores tricolores, começam a se definir grupos com ideias próprias e divergências idem. O Conselho Deliberativo é bastante plural, e é prenúncio de novos e bons embates – bons embates desde que o clube seja sua finalidade e não suas vaidades pessoais.
Aproveito para comentar um aspecto que julguei interessante: um torcedor ficou indignado quando utilizei o termo “torcedor mediano”, que volta e meia escrevo em meus textos. O “mediano”, no caso, seria aplicável desta forma: num eleitorado distribuído de forma normal ao longo de certa divisão de preferências (por exemplo, o eixo esquerda-direita), e numa eleição majoritária, tende a vencer quem conquistar o voto de um hipotético “eleitor mediano” – aquele que vota na média das preferências do grupo. Tilemont era o candidato do torcedor mediano (incluindo os não-sócios) e não do sócio-torcedor mediano, pois o torcedor mediano quer um elenco “com jogadores que sejam conhecidos, comprovadamente eficazes, vistam a camisa e vençam”, o que é de se esperar de um empresário de jogadores supostamente bom farejador de craques. Esta teoria é extraída do campo econômico e é de difícil compreensão, mas é por aí.
Despeço-me dos leitores desejando um bom 2015 com nosso Bahia na primeira, fortalecido e bem estruturado.
Saudações Tricolores e Feliz Ano Novo!
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