Quem acompanhou o Bahia nesta temporada de 2004 sabe que nada foi fácil nessa trajetória. Tudo foi difícil. Em nenhum jogo saímos da Fonte Nova com a sensação de que o Bahia estava sobrando. Nunca sobrou. Tudo sempre muito apertadinho, como o salário do povão tricolor que faz milagre para encher o estádio.
Talvez o time de Oswaldo Alvarez tenha sobrado, jogado um futebol vistoso em toda essa série B somente na partida contra o Santo André. Mas quem se recorda do placar do jogo: um seco e duro 0x0.
Contra o Sport, contra o Remo, contra o Ituano, em jogos que o Bahia venceu fora de casa, vários tricolores convergiam em um aspecto: a estrela tricolor reacendera. A mística do Nasceu para vencer estava de volta, com toda a força, compensando a falta de uma equipe realmente competitiva e talhada para ser campeã.
E foi assim em todo o Campeonato. A torcida acreditou, mas nunca botou a mão no fogo pela equipe. Acredita, porque todo torcedor do Bahia é um crente, inclusive os pragmáticos e até mesmo os incréus. No fundo, no fundo, todos crêem em uma força poderosa, invisível e misteriosa sob o manto azul, vermelho e branco.
Ao longo da história, o Bahia tem se superado. Passa por dificuldades, mas avança. Na antológica campanha da Taça Brasil de 1959, quando se tornou o primeiro campeão do Brasil o Bahia era dado como eliminado pelo Sport, depois de ter vencido o primeiro jogo, na Fonte Nova, por 3×2, e perdido o segundo (6×0), na Ilha do Retiro. Para disputar a negra, a 3 de novembro de 1959, ainda no Recife, o Bahia era dado como eliminado. Que nada! Venceu por 2×0, silenciou os pernambucanos e os agourentos de plantão.
Quanto mais alguém agoura, quanto mais seca, mais o Bahia sobrepuja, inverte a história, transforma o líquido e certo em etéreo e fantástico.
Para o jogo final contra o Brasiliense tudo isso volta. Com a equipe que tem nas mãos, Oswaldo Alvarez pode vencer o clube do Distrito Federal. Garra, superação e desejo são elementos que podem compensar um time limitado nas laterais, no meio-de-campo e, principalmente, no ataque que não faz gols. Um ataque-cardíaco, que mata o torcedor de raiva.
Essa indescritível e carismática torcida do Bahia e a luta de todos os jogadores devem fazer a parte que lhes cabe nessa tarefa de levar o Esporte Clube Bahia de volta à Série A: mesmo com as velhas dificuldades de sempre, ganhar do Brasiliense na Fonte Nova.
Quanto ao duelo entre Avaí x Fortaleza, esse a gente põe na conta da mística da camisa azul, vermelha e branca. Isto é, na conta do Senhor do Bomfim, de Ogum, de Buda, de Maomé, de Brahma, de São Judas Tadeu, de Iansã, de Santo Expedito, de Oxum. Que os deuses, orixás e todos os santos estejam do lado do Esporte Clube Bahia mais uma vez.
Wa xã illãh, oxalá, amém.
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