O Bahia estava mesmo precisando de um gestor que entenda de futebol e suas nuances. Essa tentativa de trazer o Paulo Angioni, que agora se concretizou, é antiga do presidente Marcelo Filho. Sabia o presidente dessa necessidade pela complexidade interna do clube e pela sua grandeza. Profissionalizar o futebol sempre foi uma necessidade, isto é bem claro na mente de quem encara o futebol como negócio.
Paulo Angioni é uma pessoa com larga experiência no futebol e sabe o que precisa ser feito. Conversas já vinham acontecendo e Angioni chega com todas as informações que precisa. Ele não está com nenhuma pílula dourada em mãos, sabe disso e do tamanho da bronca que vem tomando corpo há anos, no Tricolor. Portanto, há uma cultura a ser neutralizada por ele que não poupará esforços para implantação de uma nova fase administrativa no futebol do Bahia. Competência é o que não lhe falta.
Só me preocupa é como será provido o dinheiro para tal missão. Há, porém, uma marca a ser explorada dentro de um processo complexo. O Bahia tem uma conjuntura defeituosa assim como uma estrada desnivelada que pende para o precipício e, por mais que você tente puxar a carro para o lado oposto, mais ele insiste em tomar a direção de suas mãos. É preciso experiência e muito cuidado. Acho que o presidente Marcelo percebeu as dificuldades desse caminho e sentiu que não dava para dirigir esse “carro” com carteira de amador. Trouxe então um profissional. Parabéns.
Como tenho dito: ninguém, mas ninguém mesmo, conseguiria tirar o Bahia a limpo em menos de três anos, eu tenho batido nessa tecla, literalmente, há anos! A estrutura apodreceu a tal ponto que remendos só fazem piorar o seu estado. Felizmente há uma condição de trabalho nessa estrutura envidada na gestão atual que permite seguir adiante. Talvez a única parte da estrutura que foi verdadeiramente renovada, que é o Fazendão, muito bem aparelhado no nível dos melhores clubes do Brasil.
Apesar da boníssima pessoa que é Elizeu, jamais teve um papel definido no clube, ou pelo menos não parece ter esse papel definido, já que as coisas que acontecem passa ao largo, ao que me parece, das suas decisões. Talvez com a chegada de Angioni ele tenha esse papel definido com mais atitudes, mais autonomia, naquilo que lhe for conferido. Particularmente, gostaria da sua continuação no clube, pois é uma pessoa decente e de coração declaradamente tricolor. Acho que Elizeu será de muita utilidade, principalmente porque conhece as dificuldades do departamento de futebol.
Mudando o assunto de futebol para Estatuto… Acho que está na hora de se encontrar um meio termo nessa questão vital para o Bahia. Se o presidente não quer abrir o clube para eleições diretas no modo proposto pela oposição, chame então esta e discuta algo plausível. Acho do mesmo modo que deveria haver um pouco mais de boa vontade na oposição para se encontrar um meio termo que ajudasse o Bahia a avançar no quesito estatuto. Algo tão complexo não pode mudar radicalmente de uma hora para outra. Mas não deve, por outro lado, estacionar no atraso.
A situação precisa ceder e a oposição também. Na minha opinião, o quesito “candidatos à presidência” poderia avançar de dois para quatro. Mas tenho um amigo, que é da oposição, que acha que se aumentar para três candidatos já é um avanço no processo. Não sei se ele já externou isso aos seus pares, que pode não ser o ideal, mas é um avanço. Eu, também, não concordo com a fórmula de renovação do Conselho proposta pela situação. Acho que precisa renovar sim, mas de forma mais rápida num sinal forte de democracia. Se é para melhorar o clube essas duas questões precisam encontrar um ponto de convergência.
Não acho difícil se chegar ao tal “meio termo”. O Bahia precisa de pessoas de boa vontade, pessoas que pensem no Bahia e não nas suas conveniências, vaidades e demonstração de forças. Vejo pessoas que normalmente se postaram a favor da situação em todas as épocas. Agora, por perda de espaço na política partidária, numa espécie de revanchismo político, vêm de público criticar demagogicamente a atual diretoria… Isto é oportunismo, conveniências pessoais e divergência política. Quantas vezes essas pessoas foram solicitadas a ajudar a mudar o atual estado tricolor e sequer se pronunciavam… Quantas!
Então é assim: quem está no processo há muito tempo que continue, é justo pela luta de todo esse tempo e pelos ideais. Agora, quem está querendo pongar nesse processo de forma demagógica, fique onde está e lute por lá, pelos seus ideais ou conveniências. O Bahia não precisa desse tipo de “ajuda”, ainda mais por ser época de eleição político partidária. O Bahia não é nenhum Politeama.
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“Costumo cumprir meus contratos, só saio em Maio, quando termina o campeonato baiano”. Cidadão, Renato Portaluppi.
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