Uma vez ouvi que no final, tudo acaba bem, e se não está tudo bem é porque ainda não chegou o final. O Bahia mais uma vez dá uma lição ao mundo ao provar que esse adágio está correto. Quem há alguns meses acreditaria que haveria ainda esperanças para o moribundo Bahia?
Como todo ser humano que se preze, eu ainda tinha um fio de esperança- que considerava apenas um devaneio irracional. Apesar de todo meu desejo negar os fatos apontando em direção contrária, apesar de me recusar a capitular, apesar de entender que a vida real é muito diferente dos contos de fadas… eu ainda tinha esperanças. Eu cantarolava Apesar de você, amanhã há de ser outro dia… e lutávamos com todas as forças.
Em meio à luta, eu já havia vaticinado, nos idos de 2010, aqui mesmo nesse espaço, que a saída para essa situação em que o Bahia se encontrava só seria possível quando esses três reforços forem contratados: profissionalismo, democracia e credibilidade e ainda tinha afirmado que a credibilidade é muito mais difícil de contratar, pois para ir a qualquer clube faz muitas exigências., pois ela só vem se o profissionalismo e a democracia forem contratados primeiro. Além disso, ela exige que a transparência esteja presente.
Como se pode facilmente notar, eles nunca me deram ouvidos…
Nesse mesmo dia, avisei à torcida: Público Zero, Voto zero e Associação em Massa. Só assim, com a participação da torcida, é que o Bahia poderá se livrar dessa doença.
A torcida ainda precisaria de mais três anos de muito sofrimento e humilhações, culminando com as duas últimas goleadas para o vice, esse ano, para despertar da letargia e concordar com o meu diagnóstico.
Já no Natal de 2009, eu pedi ao papai Noel O senhor também poderia convencer aos diretores que o Bahia precisa de associação em massa, democracia, transparência, credibilidade e planejamento e que isso só acontecerá quando o clube for aberto através de eleições diretas de verdade, sem filtros. Na verdade, quem precisa de filtro é água suja, não o Bahia.
Percebe-se que o bom velhinho não me atendeu naquele ano, mas nossa luta continuou. Apanhávamos muito mais do que batíamos, mas lutávamos. A luta era solitária e sem perspectivas, mas era o bom combate, que o digam baluartes da luta pela democracia como Emanuel do Prado Vieira, que juntamente com Jorge Maia exerceram o papel do herói indígena Japu e foram buscar sozinhos o fogo do Sol, em ações judiciais que culminaram com a intervenção judicial no clube.
Ainda em 2010, citei Rousseau sábio é o povo que se submete ao jugo do tirano quando não pode a ele se opor. Contudo, mais sábio ainda o é quando sacode o jugo assim que tem condições de fazê-lo e convoquei a nação “sigamos, nação tricolor, para o mar, a fim produzir o sal da terra e libertar nossa nação” para isso dependemos somente de nós mesmos.
No início desse ano, depois de não aguentar mais tantas humilhações dentro de campo, sem perspectivas para o futuro e bem antes das fatídicas goleadas dos bavices, dei o recado Até o Papa Renunciou. Mais uma vez não me ouviram e perderam uma oportunidade para uma saída altamente honrosa.
Mas, quisera o destino que em 2013 meu desejo fosse atendido.
Depois de testemunhar um ultraje a Vitor Hugo, um ícone da luta pelos direitos universais do homem, usado em manobra para afrontar a liberdade de expressão; depois de ver o instrumento de garantia de nossos direitos e liberdades ser usado como ferramenta de opressão, eis que chegou meu presente de papai Noel atrasado em três anos.
A torcida despertou, a sociedade se ergueu, justiça foi feita, o Bahia é livre, a torcida se associou em massa, o estatuto mudou e, abrilhantando os esforços dos que lutaram durante todo esse tempo, um presidente e um conselho foram eleitos democraticamente pelos sócios em voto direto.
Agora, para coroar todo o processo de construção democrática, a posse do presidente eleito e o do conselho eleito de forma proporcional foi realizada em festa aberta e devidamente registrada em cartório, como manda a lei.
No discurso de posse, uma grata constatação: o novo presidente vai focar em democracia, profissionalismo, transparência e credibilidade. Palavras dele Está na hora de refundá-lo em bases democráticas, com competência, com transparência, com profissionalismo.
Papai Noel não poderia ter sido mais generoso com a sofrida torcida do Bahia.
Depois de tantos anos de sofrimento, a torcida pode finalmente ter esperanças de que a era da escuridão acabou e dizer a todos que o amor venceu, afinal.
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