Chamei atenção na coluna anterior para o mal que a não pluralidade de candidatos à presidência do Bahia faria, afinal, outras candidaturas abriram mão da oportunidade de mostrarem que a Democracia é uma realidade sólida no clube. Mas não é o que parece… Enquanto os grupos representarem autênticos currais eleitorais para cabalar votos, as eleições serão menos democráticas porque a Política partidária comanda de fora o processo bem ao estilo contaminado dos que pregam a democracia apenas com a retórica ao invés de praticá-la como de fato tem de ser.
Os bastidores das recentes eleições funcionaram à moda dos coronéis, que para compor o jogo político conduziram o processo de tal modo que apenas um candidato oposicionista se apresentou corajosamente para que não se confirmasse uma reeleição por aclamação, embora sabendo que as cartas estavam marcadas e sua eleição seria impossível. Assim a Democracia não seria ferida e o processo seguiria – como acabou seguindo –, porém mascarado pela hipocrisia de uma política partidária que mete o bedelho em tudo. Péssimo para o Bahia, muito bom para o continuísmo da ideologia progressista instalado no clube por Guilherme Bellintani, um centralizador, com seus pares aparecendo apenas para compor um falso cenário democrático.
Quem realmente manda é Guilherme Bellintani com a primeira e última palavra sendo dele. Deu para ver esse comportamento estapafúrdio do Presidente durante o polêmico episódio Ramirez/Gerson, quando ele estranhamente equivocado resolveu transformar Gerson numa vítima… que vítima? O que vimos foi uma busca imensa para que a mentira do Gerson prevalecesse – melhor dizendo, para que a Lei do Gerson renascesse bem lacrada.
– Pior é que a parcial imprensa carioca, representada através de um programa que há na TV às segundas-feiras, onde o apresentador não deixa seus interlocutores falarem, e que no dia seguinte ao jogo dedicou o programa inteiro para reacender a fogueira que queimou viva a mártir francesa da Guerra dos Cem Anos, Joana D’Arc. Só que desta vez o mártir seria do futebol e se chama Juan Pablo Ramirez, cujo carrasco seria seu próprio presidente. Não o foi porque a Torcida nas redes sociais está muito forte e com vozes brilhantes, quebrando paradigmas antes inimagináveis. O recado que o torcedor deixou claro é que você não vai governar sozinho tomando as atitudes que quiser tomar.
Mas o incrível mesmo ainda estava por vir… é que o Presidente do Bahia com a sua inoportuna “Carta à Sociedade”, mais propícia para os objetivos políticos do cidadão Guilherme Bellintani do que mesmo para o clube, anuncia uma alteração estatutária que obriga o torcedor a refletir muito sobre no que o Bahia está de fato se transformando. É sério e impessoal, nada tenho contra as ações afirmativas, sim contra a forma e o momento em que são feitas.
As ações sociais serão sempre bem vindas, mas Bellintani deve escolher o momento certo para elas e não os oportunos às suas pretensões futuramente. A sua clara intenção é transformar o Bahia em uma instituição de apelo político social onde o futebol deverá ser apenas parte menor de um processo ideológico, já em andamento, sim, porque é isso que está acontecendo e a torcida não está percebendo algumas sutilezas da inteligência do Presidente.
Algumas cláusulas contratuais contidas na tal carta põe o futebol, que é a maior razão de ser do Bahia, em segundo plano quando afirma com todas as letras que no Bahia “o futebol não é um fim em si mesmo”… e qual é a finalidade do Esporte Clube Bahia senão o futebol? A meu ver, as ações sociais só poderiam vir depois do futebol, porque sem este fortalecido nenhuma causa pode ser abraçada porque não encontrará corpo suficiente.
A coisa chegou a tal ponto que, prioritariamente, não é mais necessário saber sobre a condição técnica de um jogador a ser contratado — Meu Deus, isto parece real! Tem de saber primeiramente é se ele é racista, homofóbico, xenofóbico e etc. que tais… Pare com isso Bellintani, faça do Bahia primeiramente um clube vencedor como sempre o foi e que na sua gestão está numa queda livre de não sobrar cacos.
— Aliás, falando em xenofobia, qual providência concreta o Presidente do Bahia tomou em relação ao jogador do Flamengo que ofendeu claramente o Ramirez chamando-o de “Gringo de merda”?
Quer fazer as suas ações sociais que faça quando o time estiver fluindo bem em campo e os brancos, negros, índios, mulatos, pardos, gays, mulheres, crianças ricos e pobres estiverem felizes nas arquibancadas se abraçando misturados como sempre aconteceu… agora não. Agora você só não liquidou a carreira de Ramirez e privou o Bahia de uma joia rara porque a torcida o abraçou e lhe disse: alto lá Guilherme Bellintani! Se você não quiser cumprir a sua obrigação protegendo o clube, nós torcedores estamos aqui para lhe mostrar o quanto errado você está.
Em que lua você vive, Guilherme, que lhe inspira tantos equívocos com a paixão dos tricolores que o mais leigo e humilde dos torcedores percebe e você apenas os cometem? Você já pensou que o Vasco, concorrente mais direto do Bahia à vaga definitiva no Z-4, tem um jogo a menos? Acho que para você isto é apenas um detalhe. Pois, eu lhe digo que o inferno que você viverá com a – possível – queda do Bahia nem ao próprio diabo de todas as infelicidades eu desejo. Cuide primeiramente do futebol porque o resto é consequência do sucesso do time em campo.
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