O Bahia aderiu à moda e, agora, temos o chamado “técnico estrangeiro”. Não estou fazendo juízo de valor ou diminuindo o treinador argentino contratado, até porque, confesso, não conheço nada de seu trabalho (apenas me dei ao trabalho de buscar seus números, que parecem interessantes, o que, penso, não diz muito, já que acho que este é apenas um dos vários aspectos pra avaliar sobre a qualificação de treinadores).
A questão, aqui, é outra. Vejo essa escolha como uma jogada de segurança da Diretoria, que esconde as gravíssimas falhas na construção do elenco atual, jogando pra galera e trazendo um técnico de fora. Antes de aprofundar um pouco em meu ponto de vista, quero abrir parêntesis para dizer que não acho a atual gestão como um todo, ruim. Inclusive, do ponto de vista administrativo, acho a gestão ótima. Contudo, no campo e bola, principalmente quando pensamos na reformulação do elenco, os problemas são vários.
Dito isto, a primeira coisa que meio à mente foi imaginar o que o novo treinador pode fazer com o seguinte elenco, caso não venham reforços:
- Matheus Teixeira, Matheus Claus e Danilo Fernandes
- Nino Paraíba, Renan Guedes, Matheus Bahia e Juninho Capixaba
- Conti, Luis Otávio, Lucas Fonseca e Ligger (Gustavo Henrique)
- Patrick, Daniel, Jonas, Galdezani, Lucas Araujo, Edson (Pablo e Raniele)
- Lucas Mugni, Rodriguinho, Thonny Anderson e Ramirez
- Rossi, Ruiz e Maicon Douglas (Ronaldo)
- Gilberto e Rodallega
Não sei o modelo de jogo que ele gosta de adotar, mas imaginemos o que é possível fazer caso ele goste de jogadores de velocidade. O que ele pode fazer? Não muito. Então pensemos que ele goste de meio campistas que tenham intensidade para marcar, pressionando o adversário, e jogar, chegando à frente. Dá para fazer algo? Difícil também. Então, vamos imaginar que ele goste de atuar com três zagueiros e alas agressivos, que deem amplitude e consigam atacar e defender com eficiência parecida. Dá para fazer alguma coisa sobre isso, principalmente do lado esquerdo? Me parece complicado.
Obviamente que fiz as perguntas direcionadas para aquilo que sempre apontei como carências no atual elenco, para mim claramente a ala esquerda, a volância e as beiradas. Tudo bem que agora o time terá mais jogos com intervalo de apenas uma semana e que é possível armar um time titular razoavelmente competitivo, principalmente quando tivermos o elenco à disposição. Mas e durante os jogos, e quando tivermos lesões e suspensões? O técnico estrangeiro vai ter que fazer uso de caras como Capixaba (até conseguiu ter uma PEQUENA melhora em alguns jogos, mas contra o Goianiense motrou toda desconcentração e até displiscência que sempre irritou a torcida), Fonseca ou Ligger, Jonas, Galdezani, Araujo e/ou Edson, Thonny Anderson, Ruiz e Maicon Douglas? Serão estas suas opções?
Eu consigo ver um time que tenha Teixeira, Nino, Conti, Luis Otávio, Matheus Bahia, Patrick, Daniel (Raniele), Mugni, Rossi, Rodriguinho (Ramirez) e Gilberto com alguma competitividade, se bem treinado. Mas, tirando Rodallega (apesar de fora de forma, não quero cravar um juízo de valor, já que não teve possibilidade até mesmo física para mostrar seu futebol), e talvez apostas em caras menos rodados como Maicon Douglas e Ronaldo em determinadas situações, não vejo opções pra um treinador fazer algo de muito diferente.
Eu nunca achei que o maior responsável pelo momento ruim fosse Dado Cavalcanti e, como disse na coluna anterior, não consigo achar que a solução fosse sua demissão, ainda que consiga entende-la. O maior responsável (ou maiores responsáveis) está em quem formou o elenco atual, em quem confiou em jogadores com passado recente questionável, como Danilo Fernandes, Ligger, Capixaba, Jonas, Galdezani, Thonny Anderson, ou em jogadores que fisicamente não tinham condições de chegar e jogar, como Rodallega, ou que acumulou apostas, como Lucas Araújo e Maicon Douglas. Não sei se o responsável direto é Drubkscky (sei nem como escreve), Chavare ou o próprio Bellintani. Mas, para citar alguns, cada um destes 03 tem mais responsabilidade do que o demitido Dado.
O que aquele primeiro grupo de jogadores citados no parágrafo anterior fez recentemente para justificar suas contratações? Um cara que viveu as últimas temporadas entre o banco de reservas e o DM do Internacional, um zagueiro veterano que era reserva no Bragantino, um lateral que teve um ano horroroso dentro do próprio clube, um volante que não jogava há meses e que veio do nada competitivo mundo árabe, um meio campista que não conseguia destaque nenhum num time rebaixado e que veio de duas experiências horríveis em Galo e Inter e um meia problemático que não conseguiu espaço num time conhecido por dar oportunidades pra jogadores jovens. Estas foram parte das contratações e ativos trazidos na reformulação atual.
Não vou nem entrar na onda da engenharia de obra pronta de criticar a contratação de Ruiz ou as apostas em Araújo e Maicon Douglas, porque vieram a custo baixo, inclusive salarial. Mas o eventual fracasso nessas apostas não seria sentido se as contratações principais rendessem.
O fato é que o Bahia tem pelo menos 03 posições extremamente carentes, até mesmo se formos pensar em time titular (lateral esquerda, 2º homem de meio de campo e jogador veloz de beirada). Se essas carências não forem enfrentadas, o máximo que será possível exigir do novo treinador, na minha opinião, é lutar para evitar a luta contra o rebaixamento. Se isso acontecer, já será ótimo.
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