04 de outubro de 2020. Numa tarde/noite em Salvador, o Sport venceu o Bahia por 2×1, alcançando as primeiras colocações do Brasileirão 2020 e nos deixando próximos à zona de rebaixamento, com gosto amargo não só pelo gol tricolor anulado aos quase 50 minutos do segundo tempo, como também pelos sinais de que o time, então dirigido por Mano Menezes, estava demorando a engrenar, em sua quarta derrota seguida.
24 de janeiro de 2021. Desta feita em Recife, o jogo de volta teve uma atuação apática do Bahia, perdendo de 2×0, mas deixando uma imagem, melhor definida pelo já técnico tricolor, Dado Cavalcanti: “poucos jogadores colocaram o pé na bola, poucos dividiram”. Ou, por Ronaldo, nosso volante naquele jogo: “o campeonato está acabando e não podemos ficar nessa moleza”. O resultado daquele comportamento incompreensível é que fomos empurrados para o Z-4 e o Sport respirou na tabela, alcançando a 14ª. posição.
21 de março de 2021. Bahia e Sport voltariam a se enfrentar, agora pela Copa do Nordeste. Após outra partida apática na semana anterior, no clássico contra nosso ex-rival, o tricolor entraria em campo, sob críticas da torcida e com o técnico bastante questionado pelas mudanças apresentadas no Ba-Vice e que não trouxeram resultados favoráveis. A torcida lembrava os resultados anteriores e roía as unhas antes do jogo.
No entanto, quis o destino que o tricolor impusesse seu jogo ofensivo desde o começo, favorecido pela escalação de Rodriguinho mais próximo da área, jogando entre as linhas, onde já mostrou ser mais eficiente e de Édson, no reforço à marcação do meio de campo, liberando jogadores como Patrick e Daniel para um posicionamento mais avançado. Dessa forma, conseguimos ter o “controle absoluto” do jogo, como disse nosso treinador.
Muitos torcedores cobram um “futebol propositivo” por parte do Bahia, entendendo que, já de há muito, jogamos um “futebol reativo”. A comparação entre as escalações do tricolor no BaxVice e contra o Sport dá uma mostra de como enveredamos por searas erradas nesta questão. No clássico local, jogamos num 4-3-3, com apenas um volante, e quase não atacamos, nem sequer conseguimos reagir às investidas do time de Canabrava. Já no clássico regional, jogamos num 4-4-2, com dois volantes e atacamos como há muito tempo não fazíamos, permitindo inclusive as chegadas de Patrick, uma delas, resultando no gol de abertura do placar. Aliás, não me recordo de jogo nos últimos três anos em que o Bahia tivesse chutado tanto de fora da área, mostrando intensidade de jogo e vontade, cobrança constante da torcida nos últimos tempos.
A goleada contra o Sport deve servir para o elenco tricolor recuperar a confiança. Espero que sirva também para que a comissão técnica, Dado Cavalcanti à frente, deixe de insistir na escalação de Rodriguinho como meia, distante de Gilberto. Para ser honesto, tenho esperanças, mas poucas certezas. Dado já deu provas de que gosta de mudar o time, de acordo com o adversário, insistindo em alguns casos em ter um meio de campo mais ofensivo e costuma se valer do camisa 10 para isso. O problema é que, neste caso, perdemos poder defensivo e, sobretudo, perdemos o meio de campo. Devo ser justo e reconhecer que nosso treinador já enxergou essa fragilidade. É a isso que ele se refere quando fala em “buscar o equilíbrio” no time. Minha dúvida é se ele conseguirá se conter e evitar novas mudanças. Minha aposta é que ainda viveremos novas decepções, até ele se convencer que o Bahia, com esse elenco, não pode jogar com um volante apenas e três atacantes fixos. A ver.
Importa agora é comemorar a goleada, nunca antes alcançada, de 4×0 sobre o leão pernambucano e a liderança no grupo A da Copa do Nordeste, mantendo a escrita de não perder para o rubro-negro da Ilha do Retiro, em jogos dessa competição. O Brasileirão de 2020 deixou algumas espinhas engasgadas na garganta do torcedor tricolor, o Sport era uma delas. Devolvemos com sobra. Mais uma das muitas voltas que o mundo dá. Que venha agora o Ceará! BBMP!!!
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