A mensagem que Renato Paiva, treinador do Bahia, passa ao seu elenco e, por tabela, à toda imprensa esportiva da Bahia e do Brasil, bem como ao torcedor Tricolor, é que o futebol atual não funciona mais dentro da bolha romântica de antes, funciona empresarialmente em busca de resultados. Também não se vê em suas didáticas entrevistas, nem de longe, apesar da sua postura austera, o estilo do treinador xerifão. O que Renato faz é usar as habilidades interativas para um relacionamento íntegro e mutuamente benéfico.
Ele vende as suas ideias – quando fala em construir uma família no seu ambiente de trabalho é no sentido de um por todos e todos por um – ao plantel de forma sincera e marcante. E os jogadores já compraram essas ideias paivanas. A prova disso é a postura do time em campo. Temos um Bahia jogando acima das expectativas – pelo menos das minhas – e ainda sem um time definido, o que é compreensível, sensato e animador.
A impressão que tenho é que Renato Paiva trabalha com os métodos da Inteligência Emocional, uma “ferramenta” muito importante na aplicação com objetivo de incutir no ambiente no qual é líder e desenvolve o trabalho em equipe, para que a harmonia e o profissionalismo sejam as estrelas da Companhia. É uma nova cultura sendo estabelecida no novo ambiente de relacionamento interpessoal muito complexo porque o objetivo é a excelência da qualidade, o que por si só explica essa complexidade, e que nem sempre é entendido como uma questão de comportamento filosófico profissional moderno, e não uma invenção, que visa alcançar o bem comum – aquilo que beneficia o coletivo como um todo.
O conceito de Inteligência Emocional – teoria desenvolvida na Universidade de Yale, nos EUA – é focado principalmente nas relações complexas e inteligentes do raciocínio emocional nas atividades diárias. Por exemplo: medo indica que a pessoa está enfrentando uma situação de ameaça incontrolada; felicidade demonstra geralmente uma relação harmoniosa com outras pessoas; a raiva reflete um sentimento de injustiça etc. e assim por diante.
É claro que nem todas questões sobre as emoções não têm respostas “certas”. Por exemplo, qual é a melhor resposta emocional para uma pessoa que está gritando com você? Não há resposta certa ou errada. As respostas dependem da sua maior acuidade em saber perceber como e quando interferir, e em qual nível, sobre o que você quer. Renato Paiva assumiu a sua função encontrando um elenco – pelo menos uma parte – emocionalmente fraco e “viciado” nessa condição completamente adversa à qualidade. Porém, o mais curioso é que essas dificuldades já parecem superadas de uma forma com qualquer coisa de mágico. Como o próprio treinador diz: viemos ao Bahia para apresentar soluções e não desculpas sobre as adversidades. Viemos para superá-las – se não foram com essas palavras exatamente, a mensagem sim, foi exatamente esta.
Mudar a mentalidade do jogador e o seu comportamento em campo, impregnados há mais de duas décadas no clube, resgatar a sua verdadeira tradição que é a sua identidade maior – Nasceu Para Vencer –, implantar uma nova filosofia profissional aliada à tradição do Tricolor, transformar um processo involutivo de velhice na mesmice que vinha se arrastando há anos, e transformá-lo num processo de evolução constante, só tendo mesmo o perfil profissional com muita capacidade de gestão e conhecimento técnico em futebol que Renato Paiva vem demonstrando.
Quando Cadu Santoro anunciou o nome do novo treinador do Bahia, muitos desconfiaram e logo apareceram os imprudentes observadores colocando o pessimismo onde deveria estar o otimismo. Meu Deus! Se Abel Ferreira, à época um simples desconhecido, chegou ao Palmeiras e deu certo acima das expectativas, o mesmo pode acontecer com Renato Paiva no Bahia, por que não?! afinal, por qual razão o Know-how do atual staff do Bahia iria buscar um treinador sobre o qual não houvesse por parte do City Football Group um devido monitoramento? Não sei quando a ficha dessa moçada cairá para entender que não mais existe a incompetência no Bahia e sim a competência.
Vamos torcer para que na primeira derrota do Bahia – porque isso acontecerá – os adeptos do Apocalipse não apareçam dizendo que é o fim do mundo e que o treinador não serve mais. Não vai adiantar nada – mesmo porque o Bahia de agora tem dono e a esse é facultado o direito de achar o que é bom ou ruim para o Tricolor.
Renato Paiva está montando ainda o time predileto, que não será composto somente por 11 titulares absolutos, mas sim por quem estiver melhor condicionado física e tecnicamente. Veremos um time jogando sempre para ganhar, embora as derrotas também estejam no script da Comissão Técnica, já que o futebol tem lá também a sua sensatez.
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