Que bom seria se essa coluna versasse sobre o time perfeito, aquele que não comete erros durante uma partida. Aquela equipe que envolve o adversário até encontrar o caminho do gol e sair de campo triunfante. Um grupo que segue à risca aquilo que foi treinado e entrega a alma em campo, em busca de títulos que se sucedem, para felicidade do torcedor. Não. Infelizmente, os erros foram extirpados do futebol – pelo menos por enquanto – por razões alheias ao próprio futebol. Simplesmente, não há mais o direito de errar um passe, um chute, uma defesa. A partir de agora as falhas não terão sido cometidas involuntariamente, os erros que tanto fizeram a felicidade das torcidas adversárias serão atribuídos, com ou sem razão, ao esquema que aliciou jogadores em vários clubes brasileiros, a fim de gerar lucros em apostas esportivas. Para tristeza do futebol e de seus fãs. Até quando?
Até quando jogadores inocentes terão seus nomes associados ao esquema porque, em algum momento, foram convidados a participar e decidiram calar-se a respeito, omitindo dos dirigentes e das autoridades a existência da fraude? Até quando serão revelados novos nomes que tomaram parte no conluio, trazendo insegurança a todos que vivem do ou acompanham o futebol? Que mais pode haver? Resultados foram alterados? Acessos ou decessos foram obtidos longe das quatro linhas? Títulos foram manchados? Glórias foram obtidas por meios escusos?
Esse é o tamanho da desconfiança que paira sobre o futebol brasileiro. Uma vergonha que atletas tenham aceitado participar de algo tão sujo e que fere o melhor espírito desportivo. Vergonha também que muitos tomaram conhecimento da existência dessa fraude e se calaram. Medo? Ingenuidade? Não queriam delatar colegas? Somente o completo esclarecimento desses fatos pode trazer a serenidade de volta aos campos. Um fato, dentre tantos recém revelados, me chamou a atenção. Um árbitro que questionou se um jogador estava a provocar um cartão. E por que me acendeu uma luz nessa estória? Porque até agora não surgiram árbitros envolvidos e são justamente eles a “autoridade” a marcar pênaltis, distribuir cartões, apitar laterais, faltas e escanteios, justamente os lances que estão a gerar polêmicas. Tenho defendido sempre que nossos árbitros são ruins, não mal-intencionados, mas diante de tantos absurdos que estão vindo à tona, prefiro aguardar o desenrolar das investigações. Até lá, haveremos de ter paciência e evitar julgamentos precipitados. Até lá, busquemos não apontar os dedos acusadoramente, procuremos reencontrar a alegria no futebol e perdoemos antecipadamente as falhas de nossos jogadores. Dos árbitros, impossível. Está aí o Paulo César Zanovelli para não me deixar perdoar as atuações dos nossos árbitros.
No caso dos torcedores tricolores, perdoar não só as falhas dos jogadores, mas principalmente as do nosso técnico, um craque em inventar escalações que desequilibram a equipe, como vimos em campo na partida contra o Santos. Para ser sincero, até torço que Renato Paiva ganhe um beijo e vire Abel Ferreira ou, pelo menos um Luis Castro. Mas, ele insiste em se transformar em Antonio Oliveira, abrindo a guarda e deixando a equipe vulnerável. Sim, eu já sei que iremos aturar Paiva e suas paivices por um bom tempo, afinal a filosofia do grupo City é incompatível com as demissões em curto espaço de tempo, mas não custa nada ele parar de inventar uma defesa nova a cada jogo. Kanu, David Duarte e Rezende foi o trio de zagueiros que melhor se apresentou até hoje, por que mudar? Acevedo e Thaciano formam a dupla de meio de campo que melhor fecha o setor e não deixa muitos espaços para o adversário. O que ele faz? Escala Yago e Thaciano e abre um verdadeiro buraco entre a defesa e o ataque, que o Flamengo explorou até pouco. Só fez 3… E os cruzamentos para a área, com Biel e Artur Sales, baixinhos, disputando bolas aéreas contra a defesa alta do time carioca?
Até que o time melhorou o posicionamento no segundo tempo, mas a cabeça quente de nossos jogadores não permitiu uma reação. Verdade seja dita, Renato Paiva até poderia ter se escudado na (má) arbitragem, mas preferiu ser correto (entendeu perfeitamente a expulsão de Kanu) e assumir que o Bahia jogou bem, mas cometeu falhas terríveis que permitiram os gols do rubro negro do Rio de Janeiro. Temos que torcer para que o “fim dos erros no futebol” seja também o fim dos erros de escalação de Paiva. Ou, de tanto errar, ele vai acabar por decretar o fim do próprio futebol tricolor. Já somos uma das defesas mais vazadas do campeonato, com 11 gols sofridos, só perdemos para o América-MG, último colocado. E empatamos com os três outros que completam a zona da degola. É evidente que o trabalho no setor defensivo deixa a desejar. Já no sistema ofensivo, o que faltou mesmo foi contratação boa. E isso não é culpa de Renato Paiva. Everaldo não vem bem e, até agora, não temos substituto. Muito sofrimento aguarda o torcedor tricolor. Vamos torcer! BBMP!!
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