Favas contadas. A queda de Gallo era algo previsível, diante dos resultados da equipe nos últimos jogos. Se considerarmos os números, a demissão foi injusta. Agora, se levarmos em conta a necessidade de nos recuperarmos dentro da competição foi, digamos, coerente.
O tempo passa, o futebol evolui e a tradição continua. É um clichê que não sai de moda: Treinador vive de resultados.. Acho que Gallo cometeu equívocos durante seu trabalho, mas teve seus méritos também. Foi o responsável direto pela contratação de grande parte dos jogadores. Montou uma boa base, apesar de várias dispensas. Teve como fator negativo a perda do campeonato baiano e a queda na Copa do Brasil.
Houve uma grande euforia por parte de todos nós que acompanhamos o início do trabalho. Vimos um time com um esquema tático definido, com variações durante a partida e jogadas ensaiadas. Algumas peças se destacavam e o grupo dava a resposta quando era necessário substituir um ou outro. A expectativa só fazia aumentar a cada jogo.
Antes da final do Baiano já percebíamos uma queda de rendimento de todos, tanto da parte física quanto da técnica. E nada se alterou positivamente daí em diante, pelo contrário, o time não conseguiu mais repetir as boas atuações do começo da temporada. Na Série B, estamos numa situação que já é preocupante em termos de tabela. Sinal de alerta.
Não acho que a culpa toda deva cair em cima de Gallo. Vi uma entrevista de Paulo Carneiro na TV em que ele afirmava: Os jogadores é que derrubaram Gallo.. Eu concordo. Não sei se foi proposital, mas por mais boa vontade que tenhamos em não julgar o caráter desse ou daquele, ficou visível que algo saiu do controle.
Talvez o fato de mexer muito na equipe, em busca de uma formação ideal, tenha atrapalhado um pouco a relação entre ele e os jogadores. Nem sempre esse tipo de atitude é bem vista no grupo. Causa desconforto você começar como titular num jogo e não saber se vai permanecer assim nas próximas partidas, mesmo tendo bom desempenho.
No jogo contra o Figueirense, o gol que levamos foi, no mínimo, questionável. Não fazíamos uma má partida e estávamos com um homem a mais em campo. O que justificaria aquele posicionamento equivocado, deixando a defesa exposta e no mano-a-mano? Quero crer que tenha sido obra de desatenção da equipe, mas ainda não consegui.
Outra coisa. Treinador representa 25% de uma equipe e não entra em campo. Quem decide são os homens que ficam dentro das quatro linhas. E os nossos têm falhado demais. Erros grosseiros e alguns por falta de qualidade mesmo na hora de definir. Ou realmente é uma má fase coletiva ou Sobrenatural de Almeida está andando pelas bandas do Fazendão.
A nossa sorte é que o nível técnico da Série B é baixo. Se conseguirmos voltar aos eixos, teremos novamente grandes possibilidades de subirmos sem muitas dificuldades. Não sei se vamos ter novidades animadoras no elenco, mas ainda assim acredito que poderemos chegar lá, com alguns ajustes, é claro.
Sobre contratações, não tenho muita esperança. Sem o aporte financeiro necessário, não vamos conseguir trazer ninguém que resolva nosso maior problema: a criatividade. Se for para compor elenco, sinceramente, prefiro que dêem oportunidades aos garotos da base. O mercado está escasso de bons jogadores e cheio de enganações.
Contratação agora somente para resolver as carências, tem que ser alguém que chegue para jogar. Investir em Joelson ou Hernani de novo é queimar dinheiro. E nesse ponto a torcida tem que olhar crítico e pensar friamente na nossa realidade. Equilibrar as finanças é algo fundamental no processo de reestruturação, pelo qual estamos passando. Não adianta tentar colocar a mão onde o braço não pode alcançar.
Algum esforço pode ser feito em termos de investimento, afinal, jogador bom é caro. E este é outro ponto importante a analisar. Quem seriam as peças no mercado para resolver nosso problema? Ramon, Luciano Henrique, Leandro Bonfim? São bons nomes, só acho que eles poderiam passar de solução a problema. Lembram-se da última passagem de Uéslei pelo tricolor? Pois é, é disso que estou falando.
Foi uma boa tentativa na época. A diretoria trouxe o antigo ídolo para resolver o problema de fazer gol. E foi uma ciumeira terrível, que terminou sendo fator principal para a queda de desempenho da equipe. Ele chegou a ter o salário divulgado – algo em torno de R$100mil -, o que causou certo constrangimento no grupo, que não tinha ninguém ganhando nem metade desse valor.
Enfim, sei da importância de termos alguém diferenciado no time. Mas por tudo o que citei, tenho certo receio. Infelizmente, são coisas presentes no futebol e que se tornam fundamentais para o dia-a-dia de uma equipe.
XXX
Paulo Comelli foi o que sobrou. Geninho, Marco Aurélio, Péricles Chamusca, Nelsinho Batista, Vagner Benazzi, Vadão e Silas. Todos, cada um com sua desculpa, recusaram o convite para assumir o Bahia.
Confesso que tenho simpatia pelo trabalho dele. Sua primeira passagem me deixou boa impressão. Um fato positivo é que ele já conhece boa parte do elenco. Seus números são os melhores entre os últimos treinadores.
Só nos resta desejar-lhe boa sorte!
Saudações tricolores!
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