No poema Natal, o poeta português Fernando Pessoa escreveu que “A verdade nem veio nem se foi: o Erro mudou”. Confesso que é como penso e sinto ao ver o time de Rogério Ceni entregar em campo muito mais do que o Bahia entregava desde o início da temporada até setembro passado. Não imagino haver mais espaço para escrever sobre a reviravolta no futebol apresentado por jogadores como Everaldo e Yago Felipe. Não há que discutir mais quem estava certo ou o errado (a verdade). Simplesmente o erro se foi e os resultados apareceram.
Já havia dito que não morro de amores por Ceni (ou, pelo menos, não morria). Mas, é inegável a mudança de postura do time, apesar de não ter alterado os jogadores. Ele buscou corrigir posicionamentos e cobrar foco e concentração aos seus jogadores. Era essa a simplicidade de que falou nosso treinador na chegada? Não sei. Mas, se era simples por que não foi feito antes? Precisamos aprender a não normalizar resultados adversos. Pode ser bom num momento inicial para um grupo não perder de vista a evolução obtida, mas a insistência leva à acomodação, ao “tanto faz, já que teremos uma boa desculpa”. Cobrar competitividade e não relativizar a adversidade é o que, antigamente, conhecíamos por manter o astral do grupo elevado.
Os dois triunfos obtidos pelo Bahia na Arena Fonte Nossa, diante de Internacional-RS e Fortaleza-CE serão suficientes para nos manter na rota da permanência na série A? Não sabemos, há ainda 10 rodadas por vir. Porém, foram decisivos para manter a esperança e a vontade de vencer dos torcedores e do grupo de jogadores. Afinal, já não há mais futebol a ser jogado. Agora, é alma, é espírito de guerreiro. Como disse nosso sempre ídolo Beijoca: “treino é treino; jogo é guerra”. Cada partida não é só uma final de campeonato, é uma batalha de vida ou morte. E não apenas para o Bahia, mas para todos os clubes que tentam se livrar da zona de degola, já que, antes da partida, apenas 2 pontos separavam o 12º. do 17º. colocados. A menor diferença na história do campeonato brasileiro de pontos corridos.
E não me venham com a conversa de que time A ou time B veio desfalcado. Ambos ameaçaram vencer. O Bahia é quem fez sua parte. Vencendo, convencendo e se apresentando sem deixar margens para dúvidas de quem foi o melhor em campo, em ambos os jogos. A torcida precisa se convencer também de que mudamos de patamar. Já são três triunfos seguidos. E dois jogos sem tomar gols. Temos uma das melhores campanhas do 2º. turno e podemos sim, com apoio da massa tricolor, termos um final de campeonato mais tranquilo e um Natal (para homenagear nosso poeta) alegre com as perspectivas futuras do nosso tricolor.
Mas, tem dois erros que não podemos esquecer, mesmo diante da perspectiva de continuarmos na série A em 2024. O erro na montagem do elenco para 2023 e o erro da insistência com um técnico que não tinha mais nada a agregar ao clube. Esses foram deslizes que podiam (e ainda podem) custar caro ao tricolor e a essa massa de apaixonados que lota o estádio a cada jogo. Temos que sempre trazer esses tropeços à tona para que não se repitam. E devemos cobrar o grupo City por isso, independentemente do resultado final. Seus representantes podem até querer se projetar como semideuses infalíveis, dada a estrutura do grupo, mas o fato é que no Bahia erraram a mão. Para eles, vale relembrar a primeira estrofe do poema de Pessoa: “Nasce um Deus. Outros morrem”. BBMP!!
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