Em primeiro de janeiro de 1931 nascia um clube que estava predestinado a ser a maior paixão de uma grande unidade da federação brasileira. Este clube seria conhecido nos anos seguintes como o clube do povão, o campeão dos campeões, e se tornaria a maior síntese de um povo resistente, sofrido, guerreiro, independente, alegre e festivo. Desde aqueles tempos, não se tem notícias de outro clube que tenha identificação tão forte com o povo de um Estado como este que nasceu naquela data feliz.
Em seu lema, esse clube que ostenta com orgulho as cores do pavilhão de seu Estado, há uma profecia que poderia ser enxergada como soberba: Nasceu para Vencer, mas que é totalmente realista, posto que se tornou imediatamente realidade e o mundo testemunhou este clube vencer todas as competições que disputou já em seu primeiro ano de atividades.
Vinte e oito anos após sua fundação, esse clube, em cumprimento à profecia que iluminou seus fundadores, se tornou o primeiro campeão brasileiro de futebol. Vinte anos após essa imensa conquista, tornou-se o primeiro e único heptacampeão estadual. Três anos depois, em 1982, o clube conquistaria aquela que seria reconhecida como a maior série invicta do futebol brasileiro. Seis anos após, tornou-se bicampeão brasileiro e o único clube do nordeste com duas estrelas legítimas e incontestes, além de recordista de títulos estaduais nos âmbitos estadual e nacional. Um ano depois, teria o único artilheiro de campeonatos brasileiros pertencente a um clube nordestino.
Esse clube, que realmente nasceu para vencer, ostenta o nome de minha amada terra natal e chama-se Esporte Clube Bahia, e nós, o povo baiano, somos os herdeiros do legado de seus fundadores. O Bahia é o time do povo e não há maior equivalência entre um clube e o povo de seu Estado do que a contida nessa afirmação.
Essa história de glórias, amor e paixão não se apagará jamais do coração da Bahia, mas uma tempestade infame chegou ao clube há mais de quinze anos e se instalou para ficar. Essa tempestade trouxe trevas, ranger de dentes, humilhação, decepção e lágrimas para toda uma nação habituada à felicidade e à alegria. Nuvens carregadas de egoísmo e insensatez destruíram a estrutura do clube e esconderam dos baianos a trilha de vitórias percorrida desde sempre pelos fundadores do Bahia e seus herdeiros (nós, o povo baiano) a tal ponto que hoje nos acostumamos com migalhas.
Um dia, esse tempo de escuridão passará e a trilha de nossa vocação original de vencedor será reencontrada. Mas, para isso é preciso que utilizemos a bússola que nos foi legada pelos fundadores e nos lembremos sempre, em todas as ocasiões, de que nascemos para vencer. Vencer é nossa vocação. Vencer é nossa profissão de fé. Vencer é nosso destino!
Por isso, amigos, não nos iludamos com resultados efêmeros, que podem ou não ser frutos do acaso, e continuemos a cobrar as mudanças estruturais que nos levarão de volta ao exercício de nossa história, de nosso legado, e nos mostremos dignos do que herdamos dos heróis de primeiro e janeiro de 1931.
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