Eis que está ressurgindo Pituaçu, cravado no centro de um lindo verde da mata Atlântica em uma quase perfeita harmonia do homem com a natureza, prestes a ser reinaugurado. Tudo bem. Mas preciso não calar sobre a Fonte Nova; começo a temer pelo futuro do velho e belo estádio entregue ao abandono. As vozes que podem decidir o seu futuro calaram-se como se quisessem que calássemos também numa espécie de cumplicidade. Assim: silenciamos à respeito e o tempo se encarrega de condenar a Fonte das nossas alegrias.
Não serei conivente, posto que não silenciarei. Tenho cumplicidade, sim, com a Fonte Nova, sou um admirador fanático da sua beleza, um nostálgico amante defensor daquele conjunto harmonioso que é o Dique de águas verdes com a grandeza arquitetônica da Fonte.
Ao relembrar neste mês a tragédia do 11 de Setembro com o World Trade Center, se apodera de mim o sentimento de um vazio imenso, uma espécie de pesadelo real, ao ver no trágico local em Manhattan apenas um marco histórico cheio de flores e velas acesas em homenagem aos mortos, vítimas do terror bestial. Ali não há mais a imponência da beleza arquitetônica, sobrevive ali o orgulho ferido dos americanos e o imponderável.
Guardo as devidas proporções e temo pela sorte da Fonte Nova. Receio que uma implosão a faça desaparecer para sempre e o 25 de Novembro se transforme numa data com local certo para se levar flores e velas, numa futura e melancólica praça com parquinho para crianças e banquinhos para casais.
Aqui na Bahia já se mudou nome de aeroporto, nome de município, deram nome de cantora a teatro e depois tiraram, trocam nomes de ruas de acordo com a conveniência e estabelecem o absurdo. De sorte que não duvido que o Estádio Octavio Mangabeira se transforme numa pracinha gramada com busto e nome de um político qualquer. Afinal, eles precisam estar sempre em evidência.
Quando imagino que um tecnocrata desses aí possa sugerir que se erga um novo estádio na rodovia Cia/Aeroporto em substituição à Fonte Nova, talvez no mesmo local onde está o lixão que outrora “perfumava” Canabrava. Tremo na base só em imaginar esse caos na inteligência humana.
A Fonte Nova não deve ser esquecida e muito menos desaparecer, ali foi construída quase toda a história do futebol baiano. Não seria uma empresa de construção civil de qualquer parte do mundo e sem compromisso algum com a história da Bahia, que viria para determinar qual o destino a ser dado ao Estádio Octávio Mangabeira. Da nossa história cuidamos nós.
Foi precipitado, sim, o fechamento da Fonte Nova, ele foi ordenado pela emoção do momento e sem um estudo prévio sobre a estrutura do estádio. Poderia ser fechado o anel superior, fizessem uma verificação no estado do anel (no bom sentido) inferior e tudo estaria bem até a abertura de Pituaçu. A partir de Pituaçu seria fechada para reforma a Fonte Nova. Isto funcionaria com eficiência e todos sabem disso. O Morumbi já sofreu processo idêntico e o Maracanã idem.
Mas aqui os interesses são outros porque vem aí a Copa do Mundo e muita gente quer aproveitar para ganhar algum, afinal construir um novo estádio custaria a bagatela de aproximadamente quatrocentos milhões. Talvez muito mais, ou talvez menos. Mas, mais ou menos, é dinheiro pra caramba.
Só pra não dizer que não falei de uma coisa desagradável. Ao contrário do excelente Roberto Tolentino já não tenho vontade alguma de escrever sobre o time do Bahia, este é uma dessas farsas do futebol. Aqueles que vestem a camisa do Bahia, tirando um ou dois no máximo, são dignos de time de Terceira Divisão, pra não sair de lá. Jamais.
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Vou considerar uma zebra sem precedentes uma “possível” classificação do Bahia. Porém uma zebra comum se não cair.
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Lembrou-me o amigo Maurício Guimarães que a média de público do Vitória gira em torno dos 15.000 neste campeonato. Até aí tudo bem, é verdade. O problema, diz Maurício, é que no dia 14 passado o público no Barradão foi comprometido por um movimento libertador (lá deles do movimento) que houve no Campo Grande, assim só 7.000 torcedores presenciaram Vitória e Coritiba. Quanta infidelidade!
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