é goleada tricolor na internet
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Publicada em 3 de junho de 2010 às 00:00 por Autor Genérico

Autor Genérico

Não há presente sem passado

“E aí papá, de quatro hein? Logo pro Icasa!… Rapaz deixa minha porra quieta, foi contra o Icasa, e daí? Tá tudo em casa, o importante, brother, é que a minha porra tá na frente e aquela sua misera lá do lixão tá na rabeira da tabela e vai tomar uma madeirada contra o Fluzão… É nenhuma, eu vou é brocar aquela disgraça lá dentro, papá!”

Passa alguém em frente ao posto de gasolina onde acontecia esse diálogo, o trânsito na avenida bem devagar, e da janela do carro o choro: “ontem foi de lenhar, que time ruim da disgraça, cê viu o jogo? Vi sim, normal, um dia tinha de perder… Pô vei, mas que perdesse de um ou dois, mas… Mas deixa que a gente vinga em cima do Duque de Caxias que tá uma bosta… Será? Claro! A gente se fala, tô indo pai que a porra tá andando… Leva!!”

O outro cai na risada e diz: “nem vocês mesmos acreditam no jahia… Pior é você com mais um vice à vista e sem direito a estrela, enquanto eu tenho duas e ainda vou botar mais outra estrela ano que vem… Sonha! Quem vive de passado é museu… Não há presente sem passado. Passado é história e isso é o que vocês não têm, só conhecem a nossa… Lá ele, qual é véi! Isso aí é lá pra tuas negas”. Disfarçou a falta de argumento.

Que nêga mermão! Eu tenho é mulher, esse negócio de nêga é grito de guerra no lixão, sai fora!… Pena que devido às diferenças de categorias a gente só se bate de ano em ano, senão cê ia ver só… — Isso é pra alívio de vocês, porque toda vez que a gente joga no lixão broca de virada! To indo tenho que pegar meu filho na escola… Tchau, sacana, te amo!!

Pois é, vi e ouvi tudo isso aí acima no posto Namorado aqui na Pituba. Dois amigos sem dúvidas, o transcorrer e o encerramento do diálogo ao estilo chulo bonito diz o que um “inimigo” significa para o outro aqui na Bahia quando o assunto é futebol sem interesses outros.

Lembro-me que na Fonte Nova, no Bar do Sergipe no anel superior onde normalmente eu, Uzeda, Raimundo Deiró, Helio Moncorvo, Valmar Hupsel, Lapão, não raro Bernardo Spector e mais alguns amigos que me fogem da memória ficávamos, conheci Carlyle, à época gerente de um banco na Rua Chile, que não faltava a nenhum jogo importante. O cara levava com ele um rádio tamanho médio da marca Philco, ficava tomando cerveja com o cotovelo apoiado em cima do balcão e ali ouvia toda a transmissão do jogo…

Vez por outra íamos pegar cervejas e o chamávamos para assistir a zorra do jogo lá nas cadeiras, que afinal ele havia pagado. Sua resposta era sempre a mesma: “nada disso, fiquem aqui que é melhor, a gente conversa e bebe junto, veja se eu vou perder meu tempo vendo esse jogo e deixar de tomar minha cervejinha sem ter de pegar ficha e escutar o jogo todo, na manha, aqui no meu rádio?”… Mas quando o time fazia um gol lá vinha ele pulando e gritando “porra, que golaço!!! como foi o lance??”… Isso acontecia todas as vezes, nunca vi Carlyle sentado nas cadeiras para assistir o jogo.

Futebol é isso, não é guerra e nem ódio. Futebol é causa de alegria, de encontros, reencontros e satisfação interior, e, no máximo, por ser tão somente um esporte, deveriam acontecer tristeza e frustração eventuais porque ele é um estado de espírito. Mas infelizmente as pessoas o transformam em ódio, mágoa, desafetos e desequilíbrio emocional que atinge até a família. Procuremos fazer do futebol um meio de aprendizado, um meio de ter mais amigos e não um elo com a maldade.

Todos estamos de visita neste mesmo lugar. Só estamos de passagem. Viemos observar, aprender, crescer e voltar para casa. Somos conseqüências dos nossos próprios atos. Destes dependemos para estarmos num amanhã feliz.

xxx

Que bacana! Havia tempo que não víamos o Bahia numa fase tão boa. Ontem o time da Base Júnior derrotou o Criciúma pelo placar de 2 x 1, de virada, e com futebol convincente. Parabéns, Motta! Com você o Bahia garante o futuro. Parabéns ao presidente Marcelo, também, porque tem feito o possível para destinar verbas para o departamento do qual Motta é diretor.

Daqui quero parabenizar a garotada que está em Belo Horizonte e dizer que acredito no título. Está sendo muito legal ver essa safra de jogadores promissores devolvendo a esperança ao torcedor. Bora Baêaaa!!!!

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