Coerência, meus amigos, coerência. Não é porque o Bahia está ganhando que devemos dizer que tudo está certo. Não está. Se um clube como o Colo-Colo, com uma folha salarial mensal de R$ 26 mil, é campeão do 1º Turno, porque o Bahia, que já torrou mais de R$1milhão com 42 contratados em apenas quatro meses, não pode ganhar o Segundo Turno?
O problema do nosso Esporte Clube Bahia é estrutural e isso não é atacado pelos atuais donos do Bahia. Tem gente conformada com o 3º lugar no seu grupo e 5º na classificação geral deste Segundo Turno do Campeonato Baiano. Eu não me conformo, porque é pensar pequeno, e é, tão somente, postergar a crise por alguns meses.
Como iremos enfrentar as finais desse Turno e de uma possível final do Campeonato com dois meses de salários atrasados? Como iremos enfrentar, na condição de favorito, a 3ª Divisão do Campeonato Brasileiro se não ganharmos o Campeonato Baiano? Haverá uma nova reformulação, jogadores serão contratados às pressas para resolver o que não foi resolvido em seis meses.
Sou Bahia e vou morrer Bahia. Torço, portanto, para que ele saia da crise, volte a ganhar e retorne ao seu caminho de glórias. Não prego a máxima de quanto pior, melhor nem nunca irei achar que a derrota do meu time me beneficia de alguma forma.
Não sou oposição ao Bahia. Sou contra os modos dessa gente que se apropriou do clube para fazer seus negociozinhos escusos, para sobreviver do clube porque não têm competência moral nem profissional. Sou contra a mediocridade de pensar pequeno, de fazer coisas sem pensar, sem planejar, jogando na lata do lixo e na lama a história de um clube vencedor, com uma torcida ímpar, fiel e fanática, mas que está humilhada, sofrida, desesperançada.
Desde que está no poder, há mais de 30 anos, o dono do Bahia sempre se cercou do que pior existia em termos profissionais e morais. E qual o objetivo dessa estratégia: distribuir benesses, subjugar as pessoas e não permitir que nenhuma criatura pudesse ser maior que o criador. Tudo, tudo mesmo, para que se não perca, nunca, a alcunha de eterno presidente.
A que preço foi feito isso? Quanto custou ao Esporte Clube Bahia esta perversão? Ainda é, talvez, um pouco cedo para dizer quanto vai ser o valor desta fatura, mas, com certeza, meus caros amigos, daqui a 20, 30 anos, o sal dessa conta vai nos cegar os olhos, porque do ardor, já estamos sentindo…
Ao não permitir que o torcedor seja o esteio econômico do clube, os donos do Bahia cometem um erro irreparável. Ao não utilizar a transparência nos seus métodos e ações, eles empurram a crise como quem apenas varre e não recolhe o lixo. É nesse lixo que irão tropeçar mais adiante. E enquanto se repetirem no método, viveremos de crise sobre crise.
Reafirmo o meu amor ao Bahia, acima de qualquer interesse pessoal, mas não posso ter a minha consciência tranqüila nem paz no coração quando vejo o meu time destruído, humilhado, diminuído.
Ser oposição aos métodos usados pelos atuais donos do Bahia deve ser uma obrigação de todo torcedor tricolor que não seja mau caráter, que não tenha interesses pessoais ou rasteiros, que não comungue com a mediocridade. Fique atento quando alguém disser que situação e oposição estão no mesmo saco de gatos. Não estão não. É mau caratismo de quem diz, com o interesse torpe e pilantra de fazer uma geléia geral de nada mudar para não mudar nada. Podem existir ingênuos, é claro, mas tenha a certeza de que o número de bandidos coca-cola é bem maior.
A oposição, em qualquer sistema democrático e em que seus participantes sejam realmente democratas, é salutar, é fiscalizadora, é construtora. Veja o caso de PFL e PSDB na oposição cerrada ao governo Lula.
Tenha certeza, meu caro amigo, não fosse a voz rouca da oposição, Didé e Adelino ainda seriam nossos aríetes contra touros, raposas, tigres e leões.
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Os que se enfureceram no ar contra a minha acusação de que há jabá na crônica esportiva, eu invoco todos os meios de prova admitidos em direito, inclusive o e-mail de um ex-assessor (ou ainda atual) do Esporte Clube Bahia. É quase um recibo!
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A jornalista Olívia Soares, com o empenho pessoal do governador Paulo Souto, traz à luz as crônicas do imortal Armando Oliveira (esse, sim, um eterno). O lançamento será dia 5 de maio, às 17h, no Palácio da Aclamação. Quanta falta faz a lucidez e a honestidade de Armando nessa triste Bahia da 3ª Divisão!
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