Não se trata de nenhuma ficção

Não raro, pessoas interessadas no assunto Bahia/City – torcedores principalmente – muitos desses, céticos, me abordam devido ao meu otimismo com o futuro do Bahia, perguntando-me se meus sonhos são diferentes. A minha resposta é óbvia porquanto os sonhos podem ser a expansão da consciência e, para muitos, adjetivo de esperança. Prefiro me manter de olhos abertos do que sonhar. Melhor viver a realidade de um projeto que me convence do que deixar que o mágico do imediatismo me iluda – não acredito no sucesso de quem carrega todos os ovos num único balaio.  

Parto do princípio elementar de que o dinheiro não faz mágica. Dinheiro só torna os sonhos reais se o indivíduo souber planejar o que pretende construir. É dentro desse parâmetro que as grandes empresas surgem e prosperam. O Grupo City transformou, em 15 anos, o Manchester City num dos clubes mais rico do mundo – acho que neste ano já ocupa o primeiro lugar – com uma receita anual de £ 738 milhões, ou seja, algo mais ou menos em torno de R$3,9 bi, algo completamente estratosférico para a realidade do nosso futebol.  

Não sou um especialista no assunto que abordo neste texto, mas busco tematizar os limites entre a ficção e o real, para que os leitores desta coluna abram um tipo de discussão mais amplo nos seus meios de comunicação sobre a realidade e não sobre os resultados em campo, ainda no transcurso incipiente de um projeto que só estará verdadeiramente à vista a longo prazo. 

Não esqueçamos que, só para investimento na infraestrutura do Bahia, estão reservados 200 milhões. Estamos falando das melhorias de nível europeu que serão realizadas no CT Evaristo Macedo, dotando-o de tecnologias inimagináveis num passado recente. A torcida do Tricolor que já se orgulha muito do novo CT, imagine quando a Cidade Tricolor estiver num patamar – e vai – parecido com esse investimento abaixo, idealizado em 2008 e realizado em 2012/13 pelo Manchester City. 

CENTRO DE TREINAMENTO DO MANCHESTER CITY 

Foram investidos 200 milhões de libras na construção do CFA – a City Football Academy –, novo centro de treinamento do Manchester City. A incrível estrutura possui 320 000 m² comportando 17 campos de futebol, sendo 12 deles destinados ao desenvolvimento dos jovens, além de um estádio com capacidade para 7 mil pessoas, que será utilizado pelas equipes de cima, feminina e comunidade local. Ao todo, mais de 450 jogadores treinarão no novo CT, desde o time sub-6 até os profissionais. 

O City Football Academy é muito próximo ao estádio do clube, uma ponte com cerca de 190 metros liga o complexo ao Etihad Stadium. Uma estrutura planejada para que as equipes possam ter um desenvolvimento ao máximo possível. O CT do City começou a ser idealizado em 2008, quando o bilionário dos Emirados Árabes, o Sheikh MAnsour Bin Zayed Al Nahyan se tornou dono do City. O CT fica dentro da cidade, a 10 minutos de carro do centro de Manchester. Na hora de escolher o local onde ele seria erguido, o clube pensou em como dar conforto para jogadores, torcida, funcionários e jornalistas.  

Então, se partirmos do pressuposto de que o Brasil é o maior celeiro do futebol mundial, o Grupo City investirá o que precisar para fazer do Bahia um clube de excelência nos mesmos moldes do que há em Manchester. Se eles necessitaram de um espaço com 320.000 m² para construir o CT, também têm no CT Evaristo Macedo uma área total 350.000 m². Com uma topografia totalmente favorável. Perceba, leitor, qual a diferença do ontem para o hoje do Bahia e verá quão magnifico será o amanhã Tricolor. 

É nesse futuro que o torcedor tem de esperar e confiar porque não se trata de nenhuma ficção, sim, de um processo real já em andamento. Nesse futuro, o torcedor pode incluir a Fonte Nova porque as negociações para adquiri-la já foram iniciadas. Mais cedo ou mais tarde, acontecerá essa compra em definitivo. O autêntico torcedor pode acreditar e esperar confiantemente por um Bahia à frente e acima de todas as expectativas de natureza pessimista. Saia da bolha que não lhe permite uma visão mais ampla, além do mantra “tem de contratar, tem de mandar o treinador embora” e confie no comandante dessa nave Tricolor, olhe para além da imaginária linha horizontal porque é lá que está o Bahia.