Eu houvera completado onze anos de idade quando aquele Bahia de Nadinho, Leone, Biriba, Vicente, Alencar, Marito & Cia. deu um dos maiores presentes a sua torcida – a Taça Brasil. Foi fantástico. Ali nascia o Bahia para o mundo através de um feito inigualável, o de ser Campeão derrotando o Santos de Pelé & cia. A minha geração cresceu assim, vendo um Bahia que não tinha medo de nenhum outro time, fosse do Brasil ou do exterior.
Nada mais festivo que os domingos à tarde quando aquele time campeão jogava. Não importava o adversário, ganhava como se fosse uma norma. Passaram-se 50 anos e hoje não é mais assim. Não sei se o futebol evoluiu ou regrediu, fato é que não é mais aquele futebol romântico do tempo do 4-2-4 de Aimoré Moreira, técnico da Seleção Brasileira no Chile.
Tampouco é aquele de quando o Bahia foi campeão em 60 na teoria em 59 , time que durou até por volta de 63 quando o futebol baiano teve um novo Campeão, o Fluminense de Feira de Santana. De 1963 até 1970 o Bahia teve altos e baixos por conta de uma crise instalada no futebol baiano, que duraria de 1964 até o início de 1966, ano em que o Leônico foi campeão.
A hegemonia do futebol baiano seria retomada pelo Bahia de 1970 até 1979. Naquela década o Bahia perderia apenas um título, em 72, para o Vitória. A partir de 73 ganhou todos os títulos até 79, quando encerrou uma fase de ouro. Retomou a hegemonia do campeonato baiano em 1981 chegando ao tetra em 1984 e voltando a ganhar o triênio 86/87/88.
Até 1988 o Bahia foi realmente o campeão dos campeões, inclusive ganhando o Bi-Nacional. A via crucis começou em 89, quando jamais voltou a ter a hegemonia do futebol baiano. Entre uma crise e outra, o tempo passa e o Tricolor de Aço não volta. Mas o orgulho de ser torcedor do Bahia não muda, nunca!
Meu filho mais velho, 22, nasceu sob o signo da vitória tricolor e foi o penúltimo ano de uma conquista retumbante, já que o título aconteceu precisamente em 1989. Interessante é que ele não é lá muito disposto ao futebol, simplesmente ama o Bahia, e só sabe o nome de outro time apenas quando esse joga contra o Bahia. Por isso entendo que o amor que alguém sente pelo Bahia não nasce da euforia, ele é genético, incondicional, ele existe desde a alma.
Um amigo meu foi doar sangue por amor ao próximo, eu também sou doador de sangue, faço questão de dizer isto para incentivar outros a doarem , quando o enfermeiro introduziu a agulha ele disse: só tem um problema, não se assuste se o sangue que entrar naquela bolsa for azul, vermelho e branco. Foi uma brincadeira que emocionou os demais doadores.
Meu filho mais novo, este sim, gosta de futebol. Nasceu em 91 e ainda não conheceu o Bahia vencedor, nem que fosse aos quarenta e cinco do segundo tempo. Noutro dia, após a derrota para o xará de Feira de Santana, brinquei com ele sugerindo torcer pelo Bahia de Feira. O Bahia é único, nenhuma outra condição me faria torcer contra o clube do coração da minha família. Essa paixão é genética, meu pai!
Esta é uma homenagem ao Bahia Campeão da Taça Brasil de 1959 e a todos aqueles heróis que fingiam jogar por profissionalismo, mas que na verdade jogavam por amor a camisa tricolor, o dinheiro fazia parte, porém. Muito obrigado a Nadinho, Leone, Beto, Henricão, Florisvaldo, Alencar, Marito, Bombeiro, Leo, Vicente Arenari, Mário, Biriba e os demais que a memória me nega.
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Segunda-feira próxima, dia 05 de Abril, ocorrerá a Assembléia Geral para aprovação do novo Estatuto do Bahia. Não será permitida a entrada de pessoas não sócias do clube. Será uma ocasião histórica em que os sócios deverão estar presentes para sacramentar a carta magna do Bahia. Se o novo não for aprovado, continuará o retrogrado.
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