Não está distante o tempo em que o futebol carioca beirava o precipício rumo ao fundo do poço. Estava morrendo lentamente sob o comando do “Caixa Dágua”, um desses males que o futebol sabe produzir como nenhum outro segmento, com poderes de ditador bem ultrapassado.
O Flamengo vivia sob o patrocínio malévolo de correntes que só faziam empurrá-lo mais e mais em direção ao fracasso, o Fluminense experimentou o inferno da Terceira Divisão e o Botafogo foi à série B, enquanto o Vasco da Gama sob os “auspícios” da ditadura de Eurico Miranda ia se afundando em dívidas, que hoje se sabe, bate na casa dos 200 milhões só de ações trabalhistas.
Os chamados grandes clubes do Rio de Janeiro eram então candidatos em potencial à Segunda Divisão. Atualmente esse potencial está apenas na imprevisibilidade normal do jogo, onde deixar de ganhar pontos é o mesmo que acelerar descendo. Ainda estão distantes dos seus melhores dias, mas no caminho certo. A prova disso é o Fluminense, vice-campeão da Libertadores e promovendo renda de 4 milhões, o Vasco se livrando das garras de Eurico com a eleição de Roberto Dinamite, o Botafogo seguindo bem profissionalizado com Bebeto Freitas como presidente, e o Flamengo seguindo líder do brasileirão com possibilidades reais de chegar ao título.
Enquanto isso, o profissionalismo do futebol baiano definha cada vez mais, e relacionamento profissional entre Bahia e Vitória inexiste. Mas em Pernambuco o Sport é campeão da Copa do Brasil e o Náutico manda seus jogos no Arruda, o Santa Cruz em vez do espírito pífio da rivalidade usa o bom senso profissional e ameniza o seu prejuízo numa parceria inédita com o Náutico.
Quando o Bahia conduziu o Vitória para o Clube dos Treze, através de Paulo Maracajá, pensei que estivéssemos evoluindo… ledo engano, ficou só naquilo mesmo. Vivenciamos um futebol onde a filosofia dos dirigentes é a seguinte: sobrevivência de um depende da morte do outro. Burra e vã filosofia. Mas como reza na lei do contra, “se posso complicar, pra quê facilitar?”, então me calo diante desses absurdos.
Não obstante tais absurdos, sonho com uma Bahia forte no cenário nacional do futebol. Nesse sonho torço para que o Conquista, o Atlético e o Itabuna cheguem à Segunda Divisão. Difícil? Tanto quanto as reestruturações dos clubes, tanto quanto a renovação dos dirigentes, tanto quanto o Bahia chegar à série A neste ano.
Mas preciso sonhar, sonhar faz bem! Isto é o que ainda me faz ser um torcedor que freqüenta estádios.
Um clube descer à série B não é anormal, faz parte do jogo, às vezes a coisa não dá certo com o próprio grupo, esse grupo pode não estar unido, três ou quatro derrotas podem desarticular o lado psicológico do grupo, enfim…
O que é anormal é esse clube não ascender novamente, é descer mais um degrau até a série C ou estagnar na Segunda Divisão. Isso é falta de competência administrativa, isso é não mudar quando preciso, isso é manter a instituição sob domínio de grupos que de alguma forma redunda em fisiologismo.
No caso específico do Bahia ninguém se iluda, nada vai mudar, mesmo mudando os nomes como previsto para 2011, não enquanto não houver uma oposição unida numa só corrente e com um candidato de consenso. Essa coisa fracionada que chamam por aí de oposição jamais se fortalecerá enquanto o ideal não for tão somente o E.C. Bahia.
Na belíssima e inteligente crônica de Rubem Alves, em “O sonho dos ratos”, o Bahia seria o queijo, a situação o “gato” e os oposicionistas os “ratos”.
Nessa crônica (que há exatos três anos transcrevi aqui no site) nada há de pejorativo e nem de ofensa à honra de quem quer que seja, é apenas o exemplo de como o poder transforma as pessoas. Tá em “ARQUIBANCADA”, no início da segunda página, neste site.
Tenho muito receio do despreparo da maioria das pessoas. Facilmente se deixam influenciar pelo fascínio do poder que cega, desconhece a humildade, e ascende à vaidade.
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O Vasco da Gama mudou de direção, finalmente, mas a oposição foi unida o tempo todo em torno de um nome preestabelecido e conseguiu depois de muita luta a vitória. Lá, Roberto Dinamite prega a humildade como princípio e não promete nada a curto e médio prazos, sabe que a mudança não significará muita coisa se a realidade for ignorada e o fisiologismo tomar lugar. Sabe mais: uma instituição de futebol como é o Vasco não pode ser presidida pela vaidade pessoal, sim pela responsabilidade de jamais esquecer que o Clube é da torcida.
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Definitivamente, Artur não é o técnico que levará o Bahia à série A. Ele escala mal e substitui pior ainda. Pelo visto Alison não tem a preferência dele, Emerson Cris mesmo se estiver mal continuará no time, Ávine jamais saberá qual é a sua posição, e Marcone será “bancário” enquanto Artur estiver no comando.
Que idéia infeliz essa de trazer Artur de volta! Pode ter certeza, leitor, só o trouxeram porque ainda impera no Bahia aquele coisa de que “vamos trazer fulano porque já conhece o elenco”. Até nisso pensam pequeno.
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Ah, Bahia…!! sempre tomando seus golzinhos nos finais das partidas! Melhor mesmo é cairmos na realidade: nada de série A por enquanto.
comentários
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