é goleada tricolor na internet
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Publicada em 30 de novembro de 2007 às 00:00 por Autor Genérico

Autor Genérico

Nada pra comemorar. Tudo pra chorar!

Ainda bem que não aconteceu o Bahia ser campeão da série C, ufa!!… já havia gente falando em estrela dourada para colocar ao lado das duas já existentes sobre o escudo glorioso… pára com isso, né? Querer transformar em ato heróico a vergonha de ter levado o Bahia à Terceira Divisão, e, ao trazê-lo “aos trancos e barrancos” para a Segunda Divisão achar que já é o ceu, é demais para a cabeça do torcedor tricolor.

É melhor dar graças a Deus por ter saido de um pesadelo que durou dois anos, que custou a vida de sete tricolores, que fechou a Fonte Nova por tempo indeterminado, e que deixou a Bahia humilhada. Achei bom o Bahia não ser campeão no porão do futebol, tanto quanto não ter havido um único gol a seu favor no jogo da tragédia. Poderia ter sido bem maior o número de mortos e acidentados!

Não que haja culpa alguma da diretoria tricolor pelo que aconteceu de trágico neste 25 de Novembro. O Bahia não tem estádio, posto que a Fonte Nova é do governo estadual e gerida sobre todos os aspectos por este. Apenas acho que temos de ficar aliviados pela volta à Segunda Divisão, repito:apenas aliviado e nada mais que isso. Até porque, de resto, só dá pra chorar.

A ação imediata do governo, em anunciar a demolição da Fonte Nova, nada mais foi que uma tentativa de fuga imediata do núcleo da tragédia. Alguma coisa precisava ser dita naquele momento, algo que soasse como impacto, e assim foi feito. Só que eles esquecem que a Fonte Nova é apenas uma praça esportiva, um monumento histórico, feito de frio cimento, que não pode ser responsabilizada pelo que aconteceu. O governo é o responsável. É do governo que temos que cobrar todas as responsabilidades dessa tragédia… isto soa como se a demolição carregasse todos os “fantasmas” da tragédia com ela.

É o tal descaso dos governantes brasileiros que jamais se preocupam, verdadeiramente, com o povo. Quando as tragédias acontecem, então, é aquela correria de solidariedade (demagógica de dar dó) diante dos holofotes da imprensa. Preocupação mesmo só com a repercussão que pode abalar prestígios políticos e pessoais, visando tão somente as solidárias (aí sim) urnas das próximas eleições. Não é mal desse ou daquele governo, é mal deles todos. Mal também do povo. Povo mal educado é povo bom para ser usado.

Vale dizer que, se o governo atual é culpado, não menos culpados são os governos antecedentes, pelo menos de 1990 para cá. Dizem as autoridades da engenharia civil que obras do porte da Fonte Nova devem ser revisadas e quase sempre reformadas a cada vinte anos. Se o anel superior da Fonte Nova foi inaugurado em 1971, então, 1991 seria o ano de uma revisão com reformas.

Não sou partidário de que a Fonte Nova precisa ser implodida. Acho que com os modernos métodos que dispõe a engenharia civil uma reforma total seria o bastante. Escrevi nesta coluna, numa outra crônica sobre a Fonte Nova, dizendo que demolição não seria o caso, continuo defendendo o mesmo ponto de vista. A Fonte Nova precisa sim ser remodelada, porém salvando-se os seus traços arquitetônicos, dotando-a de conforto e segurança.

O Bahia ficar sem um estádio digno da sua torcida por longos cinco anos é algo impensável. Apesar disso, teoricamente, não ter nada a ver com governo, não seria problema deste. Mas passa a ser sim um problema do governo partindo do princípio de que o Bahia é de utilidade pública e está inserido no seu contexto pelo cunho social. Então é bom pensar melhor, o Bahia não pode ficar por tanto tempo sem a sua identidade, sem o referencial que faz a diferença. A informalidade comercial nos dias de jogo nos arredores do estádio e dentro dele sustenta milhares de famílias, também. É bom lembrar!

Literalmente (infelizmente), entre mortos e feridos o Bahia finalmente conseguiu a sua classificação, sacramentou tristemente, digamos assim. Ser o campeão da série C não somaria absolutamente nada, ao contrário, estaria na galeria dos seus troféus a pior lembrança que um título poderia proporcionar. Particularmente não daria a este colunista prazer algum, e agora muito menos, devido as mortes trágicas dos tricolores vítimas do descaso do poder público. É bom frisar.

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Vou avisar agora para que depois não queiram ter problemas com vossas próprias consciências. Se a tal demolição acontecer, o que ainda não acredito, construam então um estádio com capacidade para 80.000 pessoas. Salvador ainda não tinha hum milhão de habitantes e se pensou e construiu um estádio que comportava 100.000 torcedores. Agora a população da capital está acima dos três milhões e eles, do governo, pensam num estádio para 40.000 ou 60.000 pessoas, no máximo. Tá errado já no conceito da coisa. Salvador cresceu e as cidades do interior também cresceram, não é por acaso que a média (média hein!) do Bahia é de quase 40.000 pessoas, e, na ponta do rabo do futebol brasileiro. É coisa pra muita reflexão, doutor!

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Só para não dizer que não falei do obvio: Artur deve ficar pelo andar da carruagem. Mas acho que não deveria, apesar de reconhecer todo o seu esforço profissional. Mas ele, Artur, é de uma instabilidade tática muito grande, além de substituir muito mal.

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Melhor irem logo conversando com Sérgio, o goleiro, porque Agonese é uma agonia alí atrás. Este sim, não deve ficar mesmo. Aliás, há muita gente que deve ir arrumando as malas, lá no Bahia.

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Às famílias atingidas pela tristeza desde o dia 25 de Novembro, os meus sinceros votos de solidariedade, o Supremo Arquiteto do Universo, haverá de confortá-las.

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