Para quem deles não esperava muita coisa, até que não tá ruím. Ótimo não seria o caso, digamos bom e razoável. Fica melhor assim. Claro, estou falando do equilibrado Paulo Comelli e do seu Bahia, respectivamente. Taí um sujeito carismático, simples com tudo e com todos, trabalhador e conhecedor da profissão. Disciplinador e capaz de fazer-se entender pelos seus métodos de trabalho, não dá chance para os inimigos da disciplina.
Comelli chegou meio desacreditado, quase um desconhecido profissionalmente falando, e tal qual um escultor foi esculpindo a sua criatura de forma categórica e insofismável. Eis que surge o esboço de um Bahia campeão. Taticamente definido, com algumas variáveis, o Bahia não tem desagradado. É bem verdade que ainda faltam algumas ferramentas para que essa escultura caia completamente nas graças dos seus admiradores. Mas se a criatura ainda não é do agrado de todos, o criador já ganhou a confiança e o respeito da grande maioria.
O que mais torna Paulo Comelli um técnico unânime no seio da torcida é a facilidade com a qual ele faz a coisa acontecer, ele usa muito bem o material que há à sua disposição, diferentemente do seu antecessor, que se enrolava com o que dispunha à época. Creio que se Comelli dispor de um meia de armação bom e líder do setor, mais um centroavante (tomara que seja Anderson Costa), o Bahia dificilmente deixará de ser o campeão baiano de 2008. Não é entusiasmo, é apenas a análise que faço neste momento do trabalho de Paulo Comelli, que não chegou para brincar, chegou com um projeto para ser campeão.
Só tenho receio de que ele não aguente o repuxo e peça o boné antes do fim da jornada. Até porque o que não está faltando é convite para o mesmo treinar outras equipes, e se as suas aspirações não tiver sustentação na diretoria tricolor há o risco de a torcida vê-lo indo embora. É impressionante como o Bahia faz aparecer para o Brasil os profissionais que estão começando ou que estejam no ostracismo. No caso de Paulo Comelli, que ainda é um técnico jovem, considero-o começando definitivamente a carreira aqui no Bahia.
É quase improvável o Bahia deixar de ser campeão baiano neste ano. Nem tanto pelo time, tecnicamente dizendo, mas pela confiança que adquiriu ao ganhar dois clássicos contra o Vitória. Pelo menos contra o principal rival tá jogando com muita inteligência, tem ganho e não por acaso, dá para ver muito bem que o técnico Paulo Comelli sabe postar o time dentro de campo para decidir em lances ensaiados. Nada acontece à revelia do comandante Comelli.
Falando um pouco do Bahia à parte do campo, está surgindo então um movimento bem organizado e bem aceito. Falo da Gigante Tricolor. Este é um movimento que abraça os demais segmentos do gênero e que pode determinar um novo tempo para o Bahia. Não é algo para tomar o Bahia das mãos atuais no peito e na marra, é algo possuidor de uma razão bem fundamentada em princípios e ética. É algo que dará resultados se bem gerenciado o tempo todo.
Exatamente no dia 26/02 aconteceu o evento, bem organizado e com bons palestrantes acabou sendo uma tarde agradável para mim, as horas passaram num piscar de olhos. Porém a grande indagação que ficou foi: se acontecesse já, uma renúncia da atual diretoria (apenas um exemplo) do Bahia, quem seria o novo Presidente?… a verdade é que a oposição ainda não tem um nome forte. Há nomes sim, mas sem a devida consistência para assumir o “pepino”. Futebol atualmente não se sustenta com estádio cheio tão somente, isto é ínfimo em relação a grandeza do negócio futebol. A grandeza desse negócio está na equipe de marketing e numa estrutura bem montada para angariar recursos fora do campo, usando a marca.
Mas a conferência teve o seu lado altamente positivo, apesar da pouca presença de público, pois além de manter a atual diretoria do Bahia sob pressão, deu pra sentir que o movimento está consistente. Agora, que é preciso que apareça um grupo de muita influência e com trânsito livre no Clube dos Treze, por exemplo, ah sim!, precisa. O Bahia não é algo para ser resolvido em três anos, sim em dez. O planejamento tem que ser a longo prazo. O Bahia está jogando de “gandula” no atual momento, no futebol brasileiro. Estamos numa rabeira de dar dó e isso não se resolve da noite pro dia.
Como disse Reub Celestino, a única vantagem que o Bahia tem neste momento é a marca. O problema só não é maior porque a reconstrução torna-se relativamente fácil devido a marca. É uma questão de desemperrar a máquina, apenas, e internacionalizar o Bahia de alguma forma, com a formação de parcerias com grandes clubes do exterior.
Penso que agora está se formando uma oposição determinada a fazer um trabalho diferenciado, inteligente e bem articulado. O momento é este, a torcida quer mudanças no Bahia e elas precisam acontecer para o bem do Clube. Há uma consciência quase que generalizada de que o modelo administrativo atual do Bahia é absolutamente ultrapassado, isto é muito bom e faz parte da democracia. Nenhum continuísmo é inteligente, pelo contrário, torna-se a contra-mão do tempo à medida em que os homens acham-se donos de uma instituição, qualquer que seja ela.
O exemplo disso é o próprio Bahia, que vem decrescendo vertiginosamente, nem falo como time de futebol, isto é conseqüência, falo como estrutura empresarial. O Esporte Clube Bahia parou no tempo, não caminha sequer! O Bahia não foi profissionalizado na prática, embora tenham anunciado com ênfase, à época, ser o Bahia o primeiro no Brasil a se transformar em Clube Empresa. O que se viu foi uma parceria muito mal feita com um banco de investimentos e um endividamento muito além das reais possibilidades do Clube.
Eu nada tenho contra a pessoa do Dr. Paulo Maracajá, que dizem ser a “eminência parda” do Bahia. E na verdade é. Acho-o como o principal baluarte dos anos 80, se transformou em ídolo tricolor, quase um mito vivo, à época. Mas não soube sair na hora certa, não quis praticar a grandeza que na verdade possui, para entrar de vez na história do Bahia como um vencedor maior. Um pecado, sem dúvidas. Poderia voltar hoje, por exemplo, se assim o desejasse. Os ídolos nunca morrem, eles são sinônimos de gratidão. Mas a vaidade exagerada, esse insensível sentimento, o execrou. Ele que era quase uma unanimidade positiva, se transformou em uma quase unanimidade negativa. Infelizmente.
Mesmo que o Bahia ganhe o campeonato baiano, o conceito do grupo que o dirige atualmente não mudará na opinião pública. E aí o papel da oposição será fundamental, sem bravatas e bem consistente para mostrar que é chegada a hora e a vez do novo, que o retrocesso precisa ter fim. Não se trata da honra de quem quer que seja, trata-se da coerência, e a coerência diz que é preciso mudar, e há que mudar certamente. É a vez da razão calar mais forte. Em 2009 a Bahia e o Brasil espera por um Bahia remodelado. Sem caçadas às bruxas, sem revanchismos ou coisas pequenas. O Bahia quer apenas ser livre do poder que o detém há três décadas, para reencontrar o seu caminho. Nada mais que isso. Sem ultrajes!
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Já chamam Darci de leão de clássico. Faz sentido, o que o moço pega contra o Vitória é para deixar o técnico adversário roendo unhas.
Charles:
É preciso fazer um trabalho específico com esse jovem. Em Feira de Santana, contra o Vitória, aos 38 do segundo tempo, ele perdeu um gol “de cara com a trave”, e alí sacramentaria outros 2×0, que convenhamos deixaria a galera “enfurecida”.
Rogério… quanta eficiência, hein? Eu não recordo quando o ví fazendo um jogo ruím. Culpado por alguma derrota, jamais.
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O poder de um ídolo é algo bonito de se ver. Encontrei-me com o meu amigo Douglas Franklin, que atualmente reside em Salvador, durante a conferência e ficamos uma meia hora recordando fatos e colocando em dia o papo, enquanto comíamos algo em uma lanchonete alí mesmo. Em minutos, foram inúmeros autógrafos que ele concedeu a uma legião de fãs. Não dava nem para saborear o lanche.
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