O nosso tricolor fez sua melhor campanha no primeiro turno do Brasileirão de pontos corridos, empatando na pontuação com a campanha de 2019 e ultrapassando em número de triunfos, com um a mais agora. Todavia, nós torcedores ficamos com um “gosto amargo” na boca. Sabor esse que só se acentuou com o empate diante do Inter-RS, em partida válida para a primeira rodada do 2º. turno. O que aconteceu com o futebol vistoso, a envolvente troca de passes do nosso meio-campo?
No meu entender, excesso de jogos, viagens, desgaste físico dos atletas, complementado pelo prejuízo emocional diante de resultados negativos. Simples assim. Claro, temos jogadores com problemas técnicos, o treinador poderia ter escalado de maneira diferente… tudo isso sempre é possível de ser levado em consideração quando analisamos o momento em video tape… Mas, nenhum deles é o fator primordial a gerar a má-fase atual. Afinal, Cauly não vem repetindo as boas atuações de 2023 desde o início da temporada e nem sempre Biel e Ademir foram solução para nossos problemas, muito menos os jogadores da base recém incorporados. E triunfamos em boa parte do 1º. turno. Portanto, não é hora de terra arrasada. Muita calma antes de criticar e, principalmente, muita paciência com quem já nos entregou mais do que qualquer um de nós esperávamos.
Por falar em paciência, ficou muito feio o ato de vaiar Marcos Felipe logo após o gol sofrido contra o Inter-RS. E a bola nem era tão fácil de defender, pois quicou no gramado bem em cima do goleiro e justamente num local em que quase nem tinha gramado. Esse não é o comportamento típico do torcedor tricolor tradicional. Parece que essa tal “gourmetização” do futebol levou para dentro dos estádios a insatisfação quase generalizada e o imediatismo que caracterizam as redes sociais. Vejam, por exemplo, como foi a reação ao anúncio da mudança no plano de sócios do Bahia. É verdade que a SAF deu um show de como não se comunicar corretamente. Parecendo, inclusive, que o departamento de marketing e o de futebol não se conversam, pois conseguiram anular o efeito positivo da contratação de Luciano “Lucho” Rodriguez. A maior contratação da história do clube e do futebol do Nordeste ficou em segundo plano diante do péssimo momento e da forma descabida de se comunicar uma alteração de tamanha magnitude na relação entre o sócio e o Bahia SAF.
Mas, a reação foi descabida. Ninguém parou para raciocinar. E se reproduziram absurdos como “era melhor ter aumentado o valor do sócio”. Errou o clube que poderia ter feito as mudanças em etapas. Primeiro, implantando o check in, como forma de buscar “casa cheia” o tempo inteiro e já educando o sócio no sentido de que paga pelo direito de acesso ao estádio, mas o clube tem o direito de colocar outro torcedor, caso não manifeste a intenção de ir ao jogo. Segundo, comunicando intenção de alterar o valor do sócio, mas vinculando esse aumento à presença no estádio. Quanto mais for, menos paga proporcionalmente por jogo. Terceiro, deixando ao sócio que não quisesse continuar nessa modalidade, a oportunidade de migrar para outro tipo de associação em que tenha certa prioridade na aquisição de ingresso por um valor com desconto, como já ocorre hoje na modalidade sócio-contribuinte.
Para a gente entender melhor o que está sendo proposto, façamos um exercício, considerando que o Bahia dispute 66 partidas/ano, das quais 33 em casa. Um sócio do setor Oeste que pagava 150,00/mês, vai gastar adicionalmente 60,00 pelo aumento da mensalidade (5,00/mês), somados a 18,00/jogo (15% sobre o valor de 120,00/ingresso). Se ele for aos 33 jogos, terá um custo total de 2.454,00 ou 74,36/jogo. Comparado com o valor de 120,00/jogo ainda representa uma economia de 38%. E, nesse modelo, quanto mais o sócio for aos jogos, menor o custo por jogo. Se ele comparecer a apenas 20 jogos, o preço de cada jogo sobre para 111,00/jogo. De tal forma que se o sócio for a menos de 18 jogos já não compensa pagar a mensalidade, exceto pelo direito de acessar o estádio.
E, para quem entendeu que era melhor aumentar o valor do sócio, basta refletir que estaria pagando eternamente um valor maior, independentemente de ir ao estádio ou não, independentemente de ter jogo ou não. Não faz o menor sentido, não é mesmo? No futebol e fora dele, estamos os torcedores tricolores fazendo muito barulho por nada ou quase nada!
comentários
Aviso: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do ecbahia.com.
É vetada a inserção de comentários que violem a lei, a moral, os bons costumes ou direitos de terceiros.
O ecbahia.com poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios
impostos neste aviso ou que estejam fora do tema proposto.