Meus Amigos,
Numa noite de segunda-feira, num roteiro digno de um filme da série Rocky Balboa, onde o lutador ítalo-americano apanha muito no início, para ganhar as suas lutas no fim, à base de muita resiliência, resistência e golpes certeiros, o Bahia surpreendeu o Brasil ao vencer o Atlético Mineiro por 3-1, pela 17ª rodada do Campeonato Brasileiro.
A agonia da torcida tricolor se iniciou com a divulgação da escalação. Inclusive brinquei com amigos que ou o Bahia ganhava de forma espírita ou tomava uma sacolada. A presença de 3 zagueiros, 4 volantes e sem um centroavante de ofício entre os 11 titulares reforçou a idéia que teríamos praticamente um jogo de ataque contra defesa, já que o fortíssimo time de Jorge Sampaoli tem o melhor ataque da competição.
Diferente da maioria da torcida, concordei quase 100% com a escalação de Mano Menezes. Apenas a escalação de Edson no meio e adiantar Elias para jogar mais avançado eu entendi que seria equivocado pois o veterano camisa 5 não teria pique para ir e voltar, com qualidade. Ramires seria a melhor opção, até pela capacidade física de marcar e atacar, mantendo Elias ao lado de Gregore, onde ele vinha bem.
O jogo (massacre) no 1º tempo se desenhou muito pela incapacidade do Bahia em dominar a bola, aliado aos erros recorrentes de passe e da dificuldade em entender como atacar os times que atuam no estilo Guardiola de jogar. Para atuar contra uma linha defensiva tão alta, com um goleiro como sobra, a utilização de um jogador como referência não é tão necessária. Entretanto, o meia atacante que se junta aos 2 atacantes precisa saber a hora de acelerar e também encontrar os passes em profundidade na diagonal, nas costas dos defensores que jogam pelos lados. E Elias não conseguiu fazer isso em momento algum do 1º tempo. A única bola que Elias conseguiu fazer essa sequência, Clayson recebeu na esquerda e bateu para fora. Já o Atlético empilhou chances de gol e só não goleou porque seus atacantes estavam numa noite muito ruim, aliado ao bom jogo dos 2 zagueiros tricolores e de Douglas, que fizeram das tripas coração para cortar cruzamentos e chutes.
O Atlético, de forma insandecida, buscava o gol em todos os ataques, apostando principalmente na fragilidade do Bahia para conseguir abrir o placar. Marcou com Savarino, numa falha de marcação na entrada da área e poderia ter saído da primeira etapa com 4 ou 5 gols de vantagem. Mas o resultado da primeira parte (1-0), manteve o Bahia vivo na partida.
Para a segunda etapa o Bahia promoveu 2 alterações. Marco Antônio e Gilberto nos lugares de Clayson e Edson. Na teoria, o Bahia iria para um 433, mas na prática o que se viu foi um 451, com Gilberto isolado na frente, sofrendo muito para se desvencilhar da marcação de Igor Rabello e Fessin quase como auxiliar de Ernando na lateral. O Atlético continuou empurrando o Bahia para trás, com algumas chances de gol perdidas, principalmente pelo lado esquerdo da defesa, já que Capixaba fazia uma partida muito fraca defensivamente.
A virada de chave Tricolor veio aos 11 minutos, com a entrada de Daniel no lugar de Ramon. O camisa 36, apesar de ajudar na marcação, errou muitos passes e forçou bolas para Gilberto disputar om a zaga do Atlético, facilitando o trabalho da defesa. Já o camisa 8 entrou e rapidamente conseguiu se posicionar de forma mais adiantada na linha de meio campo, flutuando para construir as jogadas ofensivas, com passes em diagonal e também com passes por elevação. Num desses passes, Daniel lançou Elias nas costas da zaga e este sofreu falta. Na cobrança, Gilberto bateu forte, Everson enjoou e no rebote Daniel recebeu de Gregore, dominou e bateu. 1-1.
Logo depois, em outra boa jogada de Daniel, Gilberto foi lançado e cruzou rasteiro para Marco Antônio. O camisa 30, ao invés de bater alto, a lá Jobson contra o Flu em 2011, bateu rasteiro facilitando a defesa do goleiro atleticano. Mas nessa altura da partida, o Atlético já não chegava ofensivamente e deixava muitos espaços na defesa. Além disso, pareceu um time desorganizado, principalmente pelas mexidas do treinador argentino. Já o Bahia passou a dominar mais o confronto, e com a entrada de Alesson no lugar de Fessin (que já estava cansado, pelo papel tático que desempenhou na partida), passou a ter novamente força ofensiva pelo lado direito.
Daniel teve a chance de marcar novamente, em boa trama entre Alesson e Ernando, mas bateu mascado. Mas logo depois o Bahia virou a partida. Guga, pressionado por Marco Antônio, tocou para Everson. Gilberto se antecipou, driblou o goleiro, deixou Igor Rabello na saudade e só não entrou com bola e tudo porque teve humildade. 2-1.
O Atlético, ainda atordoado, quase empatou num lance em que Douglas salvou de cabeça. Marco Antônio teve a chance de fazer o 3-1, mas passou a bola nas costas de Alesson. Mas Daniel, em outro belo passe, achou Gilberto que na cara de Everson não perdoou. 3-1.
Ainda teve tempo para Alesson fazer fila pelo lado direito e Capixaba perdeu um gol incrível dentro da área. O Atlético estava entregue e escapou de uma goleada histórica no Pituaço. No fim, a eficiência do Bahia foi superior ao domínio estéril do Atlético. 3-1.
Douglas – Não teve culpa no gol. Passou muita segurança nas defesas, principamente sem dar rebote. Quando está em forma, é um diferencial do time.
Ernando – Pelo adversário que tinha pelo seu setor (Keno), fez o que pode, sem comprometer. na segunda etapa fez uma linda jogada que quase resultou em gol. Saiu lesionado.
LF – Fez um grande jogo. Cortou muitas bolas de cabeça, por baixo e foi zagueiro-zagueiro quando necessário.
Juninho – Apesar de alguns lances ruins, principalmente pelo alto, como no gol do Atlético, fez um jogo mais seguro por baixo.
Capixaba – Fez uma partida muito abaixo, tanto defensivamente, quanto ofensivamente. Ainda poderia ter feito o quarto gol, mas bateu mal.
Elias – Mais adiantado na primeira parte, errou muitos passes e foi uma peça nula no time. Quando voltou para a sua posição original, ao lado de Gregore, estabilizou o meio e cresceu bastante, com experiência e faltas necessárias.
Gregore – Apesar de erros de passe, foi bem na marcação. e deu um passe para Daniel empatar a partida. Acho que seu futebol cresce quando Elias está ao seu lado.
Edson – Fez uma partida razoável defensivamente, mas nula no ataque. Apesar de sua função ser defensiva, errou passes em demasia.
Ramon – Tinha a missão de auxiliar a construção ofensiva e não foi bem. Prendeu muito a bola e errou passes simples. Ajudou na defesa, mas não conseguiu conduzir o time ao ataque. Não entendeu que Gilberto deveria receber as bolas em profundidade, forçando passes para Gilberto dividir com Igor Rabello.
Clayson – Teve a única chance do Bahia no primeiro tempo, mas bateu fraco. Depois fez um jogo nulo ofensivamente, muito também pelos passes errados do meio campo.
Fessin – Taticamente fez um jogo bastante interessante, segurando as subidas de Arana. Mas no ataque pouco produziu.
Nino – Entrou e, supreendentemente, não comprometeu.
Daniel – Para mim o nome do jogo. Responsável pela transformação do time na segunda parte, fez o time jogar, com deslocamentos e passes decisivos, além do importante gol de empate. Talvez essa função, mais adiantado e sem tanto compromisso com a marcação, com a liberdade de movimentos, faça o jogo dele finalmente desabrochar.
Alesson – Entrou e deu muito trabalho à defesa do Atlético. Fez uma linda jogada pela direita que quase culminou no quarto gol. Teve a velocidade que sentimos falta em outros jogos.
Marco Antônio – Apesar de ajudar taticamente, pressionando a saída de bola de Guga, perdeu um gol que poderia ter sido decisivo para o jogo por displiscência. Precisa “explodir” de uma vez por todas no futebol, até para justificar todas as expectativas que a torcida tem nele. Técnica tem e muita. Mas só isso não é suficiente.
Gilberto – Fez nos 45 minutos finais um jogo de extremos. Se nos primeiros 15 minutos foi mal, até se atrapalhando com a bola, sendo totalmente dominado pelo zagueiro do Atlético, nos 30 minutos finais foi o Gilberto que caiu nas graças da torcida. Ágil, rápido, inteligente, frio na finalização e decisivo. Esse é o Gilberto que a torcida idolatra e quer ver nas partidas. Que a torcida abraça e apoia. O camisa 9 do Esquadrão. O Gilberto Matador.
Mano Menezes – Teve a coragem para mudar, para mexer no time. Apesar das linhas baixas, impôs ao Atlético dificuldades para finalizar as chances criadas no primeiro tempo, muito pela quantidade de defensores na equipe. Apenas errou ao não ter um 3 jogador para chegar ao ataque. Na segunda parte, ao lançar Daniel com liberdade para criar e se aproximar de Gilberto e Marco Antônio, desnorteou totalmente o esquema de Sampaoli.
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