é goleada tricolor na internet
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Publicada em 27 de novembro de 2012 às 00:00 por Autor Genérico

Autor Genérico

Meia-noite e um

Chegamos à reta final de mais um campeonato brasileiro, sendo que o nosso Bahia disputa mais uma vez a decisão do seu campeonato particular, estando em jogo o título de Campeão Brasileiro de Não-Rebaixamento, cujo troféu fictício fora batizado pela Confederação Brasileira de Phutebol (CBP) como Cunamão.

Neste campeonato paralelo, do mondo bizarro da guimarânia, vence quem ficar na posição imediatamente acima da posição do primeiro clube rebaixado no campeonato brasileiro da Série A: um regulamento simples de apenas um artigo, seguido do clássico “revogam-se as disposições em contrário”.

Para o torcedor tricolor, encerramos o ano de 2012 com fortíssimas emoções aflorando pele afora. Primeiro, com o título intergaláctico, interuniversal e quase-antimaterial de campeão baiano, pondo fim ao longo jejum de onze anos, sendo que o rival só não havia conquistado um incrível undeca ou dodecacampeonato por conta única e exclusivamente de sua sina de masturbador-da-mão-não-dominante-com-tendinite. Além de conquistar tão difícil competição – composta por clubes de elencos bovinos, caprinos e asninos em sua maioria -, o Bahia chegou ao título com as calças na mão, contra um rival da série B e tão incompetente quanto.

Basicamente, três treinadores passaram pelo clube, sendo que o primeiro era um factóide midiático sem conteúdo algum, bem ao estilo daqueles que dirigem o Esporte Clube Bahia. Possivelmente os caras pensaram, ao contratá-lo, que se tratava do atleta de seleção dos anos 70 e 80, mas era na verdade apenas um comentarista de futebol desempregado… o segundo, o qual acabara de ser demitido do cargo de dublê de certo filme de ficção para adolescentes, pediu para comparecer com urgência ao water-closet, saiu para comprar cigarro e desapareceu rumo ao inferno de onde jamais deveria ter vindo. Finalmente, veio o salvador da pátria Jorginho.

Com uma filosofia boleira de gerir suas equipes, algo motivacional no meio e uma proposta de futebol mais objetivo, Jorginho conseguiu efetivar dois laterais de ofício, consagrar o bastante criticado Hélder, melhorar o toque de bola no meio e deixar o garoto Gabriel mais à vontade. Com este novo método de trabalho, o Bahia melhorou a ponto de a torcida comemorar exaustivamente uma inefetiva condição de “líder do segundo turno”. Passou o tempo, passaram-se as rodadas e vimos o quanto montar um elenco apenas na casca é ruim. Vieram as contusões de Souza e de Gabriel; a queda de rendimento da equipe apareceu junto ao cansaço, e as barcas… ah, as barcas! A cruzar otros mares de locura, cuida que no naufrague en tu vivir… né, Zé? Com cracks (a droga mesmo) no banco como Júnior, Jones e Fabinho, realmente não dava para dar continuidade. Provavelmente, a culpa disso tudo foi do mercado aquecido. Que joguem água gelada nesse mercado escroto!

Enfim: chegamos ao final do campeonato de 2012 com um desempenho inferior ao de 2011: foram cinco triunfos em casa em 2012 contra sete no ano passado (a despeito de termos uma das melhores campanhas jogando fora de casa nesta competição). Desempenho geral oscilando entre 30 e poucos e 40 por cento e um dos piores ataques do campeonato. Em 2011 escapamos do descenso faltando umas duas ou três rodadas, e agora seguimos à última rodada precisando pelo menos empatar no Goiás contra o Atlético local, rubro-negro e freguês de carteirinha do Bahia jogando na capital goiana; enquanto o outro rubro-negro, o Sport, se mata contra o Timbu do Capibaribe no sugestivo Aflitos. Diante disso, indagamos à Sua Alteza, o Presidente do Esporte Clube Bahia, o que teria dado errado na sua dinâmica futurista caranguejeira? Qual será a explicação para mais um ano de mediocridade? Será que a culpa foi a ausência da pedra fundamental do novo CT, a qual pedira demissão do clube após duas tentativas de intervenção perpetradas por torcedores xiitas, tumultuadores e intolerantes???

A gente sofre, a gente morre na BR-153: às margens desta rodovia que corta a cidade de Goiânia, às dezoito horas do dia dois de dezembro do corrente ano, o Serra Dourada testemunhará o desfecho de mais um capítulo da saga tricolor contra a vergonha, a desonra e a desdita, não necessariamente nesta ordem. Com o ouvido no radinho de pilha, com nossa alma revezando-se entre Goiânia, São Paulo e Recife, e com todos os cânticos religiosos a que temos direito, seguiremos o Bahia sem Souza (provavelmente em férias antecipadas), com Medo e longe de sua sede (o que incrivelmente tem sido um bom sinal). Some-se ao medo a preocupação com a subida do rival e a possibilidade da musiquinha do elevador inverter o sentido da letra.

Quem viver, verá.

Se o Náutico, Sport e Atlético
Quiserem te rebaixar
Segura na mão de Deus e vai

Se o nosso presidente
Promete, não conta dá
Segura na mão de Deus e vai

Segura na mão de Deus
Segura, Marcelo Pai
O Filho, no Twitter a postar

Não temas, Souza não joga
Zé Roberto tá no bar
Segura na mão de Deus e vai…

Para os cardiopatas, hipertensos, diabéticos, dislipidêmicos e coronariopatas, sugiro, para a hora da partida, fazer um programa mais light do que toda essa autoflagelação de acompanhar um time que não se respeita: Há um filme muito bacana o qual passava sempre na Sessão da Tarde e provavelmente pode ser baixado ou alugado numa locadora perto da sua casa: o nome do filme é Meia-Noite e Um. Não vou contar o enredo da película senão perde a graça, mas imaginem um clube de futebol cujo presidente todo ano promete contratar dois jogadores de seleção, depois contrata dois ex-jogadores de seleção e diz que o mercado está muito aquecido; disputa o campeonato brasileiro prometendo ficar entre os dez primeiros e no final faz conta para não cair; não cai e o presidente promete que vai ser diferente no ano seguinte, prometendo contratar dois jogadores de seleção… e assim por diante.

Tem sido assim há muitos anos no campeonato brasileiro: desde 1991, com exceções em 1994 e 2000/2001; esta tem sido a rotina do Bahia na série A – obviamente sem contar os anos de efetiva queda, em 1997 e 2003. A diferença agora é que o futebol brasileiro mudou e quem não fizer o dever de casa, cai, sim: vide o Sporcaccione Maledetto da Barra Funda, que caiu com Felipão e tudo. Não temos toda aquela cota de TV da dupla Flarinthians, o mercado está muito aquecido, o Nordeste não tem prestígio algum etc. Como fazer diferente? Como sair desta mesmice e revolucionar o jeito de se fazer futebol de Mucuri a Zé Doca? Com a palavra, os especialistas com doutorado em ludopédio que sentam-se às cadeiras de diretor de futebol e presidente do EC Bahia. Em não havendo soluções imediatas para este drama, oremos pela Deusa Sorte e pelo Deus Acaso por dias melhores.

À meia-noite e um do dia três de dezembro, assistiremos nos portais de internet e noticiários televisivos ou a Corte do Reino Tricolor subindo a Colina Sagrada agradecendo por mais um ano de gestão dinâmica e futurista; ou uma massa de desolados derramando lágrimas ao pé do Caboclo do Campo Grande.

Senhor, eu não sou digno de que vos metais em futebol, mas ilumina este time para que seja salvo!

Saudações tricolores.

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