No dia 9 de janeiro, há exatamente dois meses, reabri a minha tenda cigana: escrevi que o Bahia, do jeito que a coisa estava sendo feita, não chegaria nem às quartas-de-final da Copa do Brasil. Não passou da primeira fase, ontem, contra o Ceilândia, o 185º clube do Brasil, segundo o ranking oficial da CBF.
O problema não é porque perdemos a partida: perdemos, sim, a dignidade; perdemos a grandeza.
Nosso embate é contra a mediocridade. E já cansei de repetir: ser profeta contra os medíocres é fácil. Pode apostar que não vai dar certo e que, nunca, dará certo.
Difícil mesmo é você sair da Fonte Nova com a alma destruída, olhar para os seus amigos tricolores e encontrar nos olhos deles não um lenitivo, mas um terrível desamparo coletivo, uma ausência total de perspectiva.
Com esse mesmo grupo encastelado no Fazendão, comandado pelo eterno e oculto presidente, caímos para a 2ª Divisão, depois para a 3ª, tomamos goleada do rival que parte célere para o penta – somos fregueses no Barradão, e, constantemente, somos humilhados – ora pelo Brasiliense, pelo Ipitanga e, agora, pelo Ceilândia.
Perceba que nossos adversários não são mais São Paulo, Vasco, Flamengo, Coritiba, Fortaleza, Sport, Grêmio. Nossa luta agora é contra o Democrata de Governador Valadares, de onde não conseguimos contratar o atacante Marinho. Nosso rival é o São Bento de Sorocaba, que fez desertar do Fazendão o centroavante André Leonel.
Os donos do Bahia são um desastre no presente, ofuscam nosso passado e comprometem nosso futuro. Deixamos de ganhar R$ 150 mil por não avançar à 2ª rodada da Copa Brasil. Uma geração inteira de jogadores promissores está sendo jogada às feras, assim como o treinador Charles, num momento em que a torcida já esgotou toda a sua cota de paciência. Quem vai pagar por tudo isso? O diretor de futebol Newton Mota corre o risco de perder todo o seu prestígio acumulado. E tenha certeza, Mota, ao seu lado, tem gente trabalhando intensamente, ardorosamente, com esse fito. .
Que ninguém se engane: os eternos donos do Bahia foram moldados com o pior barro da espécie humana. Ali não há nobreza, grandeza, seriedade, amizade, serenidade, inteligência. Eles não defendem os interesses do Bahia, mas os seus próprios negociozinhos, usando a mentira, o autoritarismo, a manipulação, a compra de limitadíssimas consciências como instrumentos para a perpetuação no poder. Quem achar que pode se aliar a eles sem se conspurcar, ou é muito idiota ou mais “isperto”.
Pois é, agora temos Adelino e Didé para nos restituir a glória. Não gosto de falar de jogadores, porque o problema do Bahia é de comando – não de treinador ou atletas. Contudo, com os meus parcos conhecimentos de futebol, sinceramente, nunca ouvi falar dos dois. Fala sério!
Como reconheço minhas limitações e duvidei dos meus próprios pitacos, recorri aos serviços de Pai Ambrósio, aquele que resolve os problemas profissionais e amorosos, cura qualquer doença ou vício, encontra cão perdido, tira unha encravada e fimose, além de jogar cartas, bingo e bilhar.
Veja o que respondeu Pai Ambrósio: Misifio, com esses tais Adelino e Didé os problemas não se acabarão; não disputarão a final do 1º Turno do Campeonato Baiano; o Vitória será campeão, e vocês continuarão na 3ª Divisão. E, misifio, com as caveiras de burros não enterradas no Fazendão, vejo um futuro quase sem futuro: o seu Baêeea não vai a lugar nenhum e você vai sofrer. E muito..
XXX
Aviso aos que se acham “ispertos”, mas que a história vai revelá-los como os verdadeiros bobos da corte: não confundam espírito de grandeza, em total desapego a qualquer interesse pessoal, com fraqueza. Eu sou da luta por um grande Bahia e, se precisar, morro nela. Se não precisar, fico na minha arquibancada para gritar, como faço há mais de 30 anos, Baêeeeeea, porra!
comentários
Aviso: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do ecbahia.com.
É vetada a inserção de comentários que violem a lei, a moral, os bons costumes ou direitos de terceiros.
O ecbahia.com poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios
impostos neste aviso ou que estejam fora do tema proposto.