Culpa de um passado mal pensado de uma década e meia para cá, aproximadamente, o descaso com a modernidade elaborou um Bahia que só tem experimentado humilhações. A torcida tricolor está mais uma vez de “quarentena”. Enquanto os outros clubes de futebol de primeira e segunda divisões saíram de uma maratona estadual direto para competições nacionais e internacionais, o Bahia amarga uma parada de cerca de quarenta e cinco dias e, claro, cheio de compromissos com prenúncio de atrasos. Mais uma vez o cálice tricolor transborda. Torcida entristecida e perdas tolas de classificações, como aquela da Copa do Brasil, fez com que novas dispensas no plantel fossem efetuadas, aliás necessariamente.
Apesar de achar que Artur teve alguma culpa no fracasso do time nas disputas deste ano, não posso deixar de reconhecer nele uma pessoa que conhece futebol e é trabalhador, precisa apenas de mais tempo, equilíbrio, ser maleável e um elenco com mais qualidade técnica. Gosto do seu discurso quando o ouço dizer que “o Bahia não precisa de boleiro, precisa de homens que saibam jogar futebol”, numa alusão clara à seriedade do seu trabalho e aonde pretende que chegue o Bahia sob seu comando.
Está certa a diretoria do Bahia quando acredita no trabalho de Artur, mantendo-o no cargo. Quem está convivendo com ele, Artur, sabe da sua eficiência dentro do atual planejamento no departamento técnico melhor que ninguém. Se Artur transmite alguma antipatia a alguns torcedores, é algo pertinente a paixão desenfreada desses. A mim cabe olhar o contexto à luz da realidade, e a realidade é que o Bahia não pode e nem deve estar trocando o comando técnico a todo instante, isto tá provado, não deu certo nos ultimos quatro anos. Aliás, há cerca de vinte dias foi feita uma pesquisa de opinião aqui no site e a grande maioria da torcida votou a fovor da permanência de Artur.
Se há um planejamento para alcançar um objetivo, então, que se cumpra ele de acordo com a cronologia estabelecida no próprio planejamento. Nada mais deve ser feito ao acaso. Vejamos alguns exemplos em outros clubes, como é o caso do Flamengo, que contratou um técnico para obter resultados a médio e longo prazos e está conseguindo. O caso do Santos de Luxemburgo, que voltou a ser um time que conquista títulos. O Botafogo de Cuca e Bebeto, planejado para longo prazo com resultados que já começam a aparecer. O Atlético Mineiro, planejado pela competência de Levir Culpi, que infelizmente, para o Atlético, se rendeu aos japoneses, mas deixou traçado como prosseguir. Internacional, Gremio, São Paulo, Cruzeiro, Goiás e outros que seguem à risca um planejamento, estão se dando bem, óbvio.
O Bahia desceu até o fundo do poço. Para tirá-lo dali é preciso persistência e planejamento, que dentro das condições atuais do clube está sendo feito e eu reconheço isto. Precisa de muito mais, claro, mas um trabalho está se desenvolvendo aos poucos e com mais algum tempo os resultados aparecerão. Eu já disse aqui que não visto camisa dessa ou daquela facção política no Bahia, meu papel é opinar neste espaço com a minha consciência em paz, e eu tenho procurado fazer isto. Meus dedos tornam-se pesados ao admitir aqui que o Vitória tem uma estrutura bem melhor que a do Bahia, principalmente no departamento técnico, por exemplo, e justamente por isso ganhou o campeonato baiano com sobras.
Eu não sei qual o motivo de a direção do Bahia estar segurando, propositadamente ao que parece, o estabelecimento do novo estatuto que o próprio presidente do clube dera como concluido. Por que essa demora tão intrigante? Abram o clube à torcida, dêem a ela o direito de eleger em 2008, democraticamente, um novo presidente através do seu voto. Ao contrário do que os senhores pensam, a abertura poderá render votos à situação. O que a torcida quer é ver seu time modernizado e democratizado em todas os seus departamentos. A oposição de “meia dúzia” iria continuar existindo, mas e aí, não confiam no taco, ou a oposição não é “meia dúzia”?!
Eu fico imaginando um Bahia bem estruturado, assim como o São Paulo, o Bahia proporcionaria público médio de 35.000 aqui na Fonte Nova durante o ano inteiro. Só numa ligeira sensação de um time ganhador e em dois jogos lá estiveram aproximadamente 100.000 espectadores. Some-se esse potencial a um bom quadro de associados e um competente marketing, e a diferença para o São Paulo, por exemplo, desapareceria. Mas enquanto eles não abrem o Bahia à massa, vamos aguardar o reencontro com os nossos co-irmãos da Terceira Duvisão.
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Teve gente que comemorou até o mérito de o Bahia ter conseguido a participação na Série C, dentro de campo. Mas algo há que se comemorar, ô meu irmão!… Se fosse de outro modo a humilhação seria maior, se é que ainda pode ser maior do que estar solitário aqui na terceira.
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Formar um elenco de homens que saibam jogar futebol e não de “boleiros” irresponsáveis, eis a dificuldade. Mas se consegue, sim. Aliás, dizem que presidente bom é aquele vê o jogador no dia da assinatura do contrato e depois só em campo, da tribuna de honra. O presidente do Flamengo, dizem, age assim.
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Safra boa de técnicos apareceu no Brasil… Cuca, Dorival, Muricy, Gallo, Renato Gaúcho, Caio, Bonamigo e outros… é isso aí, pelo menos descentraliza dos medalhões.
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Pensei que Marcelo Guimarães estivesse afastado do Bahia. Nada contra, que esteja ou não, acho até que muito se deve a ele pela estrutura física do Bahia. O que me chamou a atenção para a sua presença foi a nomeação de Rui Accioly para diretor de futebol. No Bahia há duas correntes dentro e uma fora. É a luta dos cartolas.
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