é goleada tricolor na internet
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Publicada em 17 de junho de 2012 às 00:00 por Autor Genérico

Autor Genérico

Lá em casa tinha um peru

Creio que quase todos os internautas de plantão já tenham conhecimento de uma peça circulante em sites de compartilhamento de vídeos, na qual um gorducho garotinho cearense entoa, de dentro da cozinha da sua casa, uma daquelas canções infantis repetitivas que grudam como chiclete até na cabeça dos adultos: um verdadeiro inventário dos bichos que possam habitar uma fazenda.

A certa altura da pegajosa música, um dos versos é citado para fins de exemplificação:

“Lá em casa tinha um peru
Lá em casa tinha um peru
E o peru gulugulu
E o galo corococó
E a galinha có
E o pintinho piu
E o pintinho piu
E o pintinho piu
E o pintinho piu”

Em que pese o aspecto incrivelmente educativo desta música (ajuda a ensinar as crianças a usar a memória e a falar com fluência: acredite se quiser), é com estes versos parnasianos que começo mais esta coluna, para alegria, deleite e regozijo dos leitores do ecbahia.com!

RESSACA DO TÍTULO BAIANO

Conforme esperado, o título baiano, conquistado de forma brilhante no contexto e medíocre pontualmente, parece ter acomodado a diretoria tricolor, a qual ainda não aprendeu que Campeonato Baiano não passa de pré-temporada e resolveu não investir muito em contratações para a competição nacional. Até o momento, presenciamos perda de importantíssimos pontos, como no empate sem gols frente ao Santos paralelo e na triste derrota para o Vasco dentro de casa, fora a melancólica exibição contra os gaúchos do Olímpico Monumental pela Copa do Brasil, mostrando que o Bahia ainda é um clube de Série A com ranço, mentalidade, elenco e características de Série B.

O elenco, como um todo, não pode ser considerado dos piores, para quem já teve Adelino, Aldrovani e Pantico (o que Sua Alteza, o Presidente do Esporte Clube Bahia, faz questão de nos jogar na cara). Temos um técnico que joga para frente, um goleiro que ainda pode melhorar mais ainda (idem seu reserva), uma zaga que tem seu potencial… e laterais bichados, volantes que não sabem marcar, passar nem armar, meias que não sabem criar e atacantes que não sabem chutar.

Apenas isso.

Contra o Grêmio e o Vasco, o que pelo menos pude entender, é que é muito fácil jogar pelo meio contra os volantes do Bahia. Para piorar, perdemos Donato, Titi está em má fase e o tal do Danny Morais… eu quando for lá pro Sul vou lhe trazer um pacote de erva de chimarrão pura-folha pra ver se ele joga mais esperto.

Com Souza contundido, temos que nos virar com Júnior, o Grande Cacto (é resistente e vive furando), Jones, o Poste, e acender uma vela para Nossa Senhora do Arremate (ou do Arremedo) para ver se vai.

Eu, não sendo nenhum Doutor em Phutebol, digo que o Bahia tem um elenco-base e que a política do caminhão de jogadores parece ter sido deixada para trás. Contudo, diante do mercado autoclavado, temos que nos contentar com apostas improváveis e investimentos de altíssimo risco como Zé Roberto, o qual recebe mais do que vale a minha casa por mês e não disse a que veio até o momento.

Esta é a realidade: para o contexto regional, voltamos a conquistar a hegemonia. Não há o que contestar do Campeonato Baiano desse ano, pois fomos realmente os melhores. Agora, é o torcedor (pois os dirigentes já deixaram claro seu posicionamento) que vai dizer o que quer do Bahia doravante: continuar sendo aquele time-engraçado-do-nordeste ou ser uma das maiores forças do futebol brasileiro, como todos queremos e sabemos que é possível.

PERSPECTIVAS PARA O FUTURO

Para o ano de 2012, o que se pode esperar do Bahia é, no mínimo, a repetição de campanhas anteriores na Série A do Campeonato Brasileiro. Vide tabela abaixo:

Reprodução/Wikipédia

Falo do que é mais provável: no passado, o Bahia contratava revelações de clubes menores, revelava bons atletas na base e contratava um ou outro “refugo”, como Cláudio Adão e Dadá. Nada diferente de hoje. No entanto, com esse tipo de plantel o clube fazia lá a sua graça… e hoje? Creio que não fazemos muito diferente, mas na atualidade, o risco de rebaixamento é cada vez maior diante da fórmula vigente e da modernização progressiva dos concorrentes. O mais provável em 2012 é uma campanha meia-boca, mediana, medíocre, simplória etc; pois na estatística, essa é a mediana das campanhas do nosso clube em campeonatos brasileiros.

Dessa forma, vemos que desde a criação do Brasileirão moderno, em 1971, até 2002, chegamos entre os dez primeiros colocados seis vezes; e apenas três vezes entre os cinco primeiros. Isso em 31 edições. É claro que o viés regulamentar é evidente nesse lapso de tempo, pois um clube com menos jogos e jogando contra equipes mais fracas que os demais poderia se destacar no passado, como foi o rival em 1993.

Depois dos pontos corridos, em 2003, e tirando os anos de subdivisões, o melhor que alcançamos foi o 14º lugar ano passado. No primeiro ano de pontos corridos levamos tanta paulada, que a zaga do Bahia (Valdomiro e Accioly) foi tida como uma das piores da história da competição.

O futebol se modernizou, os grandes clubes se profissionalizaram e se fortaleceram, e o Bahia, depois de voltar das distantes galáxias do não-futebol, passou anos a fio atrás do bonde da História. Ainda corre atrás dele, sob os auspícios de uma “dinâmica futurista” e publicando fotos de uma sala cheia de computadores, TVs de LED e murais como se fosse um grande laboratório de observação de craques. Deve ser mesmo… apenas de observação… de ver os jogos do Barcelona naquela TVzona e dizer: “Esse Messi é craque!”

Não entendo, no auge da minha suprema burrice, um clube tão futurista não refletir sobre o custo benefício de um Zé Roberto ou de um Carlos Alberto de forma tempestiva, posto que em equipes mais gabaritadas, ambos já teriam visitado o olho da rua há algum tempo.

Não entendo que clube dinâmico já se encontra na quinta ou sexta rodada do campeonato e fica deixando a imprensa especializada fabricar notícias-haldol para acalmar o ânimo da torcida, lançando “bombas” de efeito moral para desviar o foco e especulando via rede social para satisfazer os mais ansiosos e alegrar os bajuladores.

A contratação de Mancini para compor o elenco não é ruim, mas um clube dinâmico e futurista tem recursos humanos para substitui-lo à altura. Quais recursos temos mesmo? Não precisa tirar todos os titulares do São Paulo e do Corinthians, como já foi dito por algum torcedor em algum lugar, mas eu acho que se o ECB fosse tão futurista assim, não repetiria o desempenho de campanhas passadas e métodos de contratação idem.

“Ah, e em vez de criticar, o que você pode apontar como solução?”, me perguntariam. O maior barato da gestão por competências é o trio eficácia, eficiência e efetividade. É saber fazer, saber como melhor fazer e saber aplicar melhor o que está sendo feito. A gestão do ECB foi eficaz em reerguer o clube das profundezas divisionais; está sendo nada eficiente em dar seguimento e nunca foi efetiva em fazer o clube crescer, pois apenas resgatou o clube da inanição. Não é possível que somente estes senhores conhecem o negócio futebol… o que a CBF está esperando para contratá-los???

Como o tempo é o senhor da razão, paro por aqui. O provável está acontecendo: perderemos e perdemos vários pontos para os “Doze Grandes”, ganharemos do restante, ficaremos em posição intermediária para baixo na tabela e o que importa é que vencemos o Campeonato Baiano, pois não temos dinheiro, moral nem prestígio para crescer. Mal temos torcida…

NEGÓCIOS ESCUSOS

Primeiramente, ao ler uma reportagem na qual denuncia que um conselheiro do clube possuiria laços “imbricados” com agenciamento de atletas e com o patrocinador master do clube, eu não senti a mínima sensação de surpresa.

É notório que as autoridades desportivas do nosso país permitem que determinados negócios dessa natureza aconteçam, assim como permitem que ocorram licitações viciadas e interesses outros para com o Erário por parte de políticos, bicheiros e empresários… tais coisas ocorrem sistematicamente em outros clubes, e é ingenuidade achar que o Esporte Clube Bahia é asséptico a tudo isso.

Caso as denúncias sejam reais, que sejam apuradas. No entanto, a partir do momento em que o Bahia não interessa a “ninguém”, vai ficar por isso mesmo.

Até hoje não sei o paradeiro real das transações de Zé Carlos, de Daniel Alves e outros menos votados. Perdoem-me a ignorância sobre o assunto caso isso já tenha sido esclarecido.

Até hoje não vimos a contrapartida do milhão ou dos milhões da venda do atleta Felipe para não sei aonde; ou seja: no que esta grana foi aplicada.

Enquanto isso, o Sr. Presidente passa a noite postando mensagens na rede social do passarinho azul.

Sim, respondendo às mensagens de apoio, ignorando os críticos e escrevendo o repetitivo “estamos trabalhando”. Ao ser questionado pelas tais transações, ele nega categoricamente que possa ter a ver com tudo isso. Mas tem sim, presidente… é patrimônio do clube junto a um conselheiro, e sua obrigação é no mínimo de mandar apurar administrativamente. E quem não faz nada acaba tido como conivente.

REDES SOCIAIS

Olhando as mensagens da tal rede social, não sei por quê, me lembrei da musiquinha dos bichos.

Ontem mesmo fui dormir com o verso do peru na minha cabeça. E quem não for desses galináceos, é posto na gaiola da indiferença e que vá chorar pitanga em outra freguesia longe do passarinho.

E as respostas aos questionamentos mais veementes são sempre as mesmas, grudentas, pegajosas. Tornam-se verdades absolutas por exaustiva repetição… afinal, Jesus Cristo já dizia que o Reino de Amor é para aqueles que não são doutos ou prudentes; ou que assemelham-se às inocentes criancinhas.

No final, toda a torcida falando como determinado torcedor-símbolo, repetindo em alta velocidade o Mantra da Grandeza sem travar a língua; assim como os meninos proclamam com eficiência, rapidez e fluência todo o elenco do zoológico do jeito que faz o gordinho do Ceará.

Enfim: que a torcida do Bahia diga sempre amém e não morra de véspera ao contrário do análogo e metafórico galináceo.

Vamos todos entoar o gulugulu de que fomos campeões brasileiros há mais de vinte anos e que nada possa atrapalhar o planejamento, este mais secreto do que os arquivos da Guerrilha do Araguaia.

Até lá, que Diego Souza tenha pena de Titi e não o deixe cair sentado da próxima vez que enfrentarmos o Vasco em casa.

Obrigado, presidente, por não contratar mais Adelino, Pantico, Moré e cia.

Obrigado, presidente, por eu poder ver o meu clube na TV de vez em quando jogando contra Vasco e Flamengo, pois aqui aonde moro não tem TV Bahia.

Obrigado por não ter deixado meu clube fechar as portas.

Que assim seja!

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