E essas fitas grudadas no corpo dos atletas, para quê servem? Esse negócio funciona mesmo? Ou é só moda?
Bom, em um evento do glorioso tricolor, um grande repórter futebolístico me pediu que escrevesse a respeito dessas fitas que estão sendo usada por atletas.
Conhecida no meio fisioterapêutico como Kinesio Tape, ou bandagem terapêutica, essa técnica na verdade não é nova, foi criada há mais de trinta anos por Kenso Kase, em Tókio, no Japão. Desenvolvida através da hipótese de que os músculos e outros tecidos poderiam ser influenciados por um contato externo. Apesar de antiga, a técnica teve seu boom na última olimpíada, quando vários atletas apareceram usando estas bandagens.
A primeira coisa a explicar é que essa fita não tem nada de medicamentoso, ou seja, não vem impregnada com nenhuma substância analgésica. Falo isso pois muitos me perguntam o que tem nela. São fitas elásticas adesivas hipoalergênicas, feitas de material poroso e que não tem função de imobilização. Eles têm a espessura semelhante a da pele, podem expandir até 130% do seu tamanho e só crescem em um sentido: longitudinal.
E como ela age? Ela atua na propriocepção, fazendo estímulos elásticos na pele que são transmitidos a camadas mais profundas. A Kinesio Taping mantém a comunicação com tecidos mais profundos através de mecanorreceptores encontrados na derme e epiderme.
A bandagem é aplicada com diversos objetivos:
Diminuição da dor e da sensação de desconforto
Promover suporte durante a contração muscular
Diminuir a congestão do fluxo linfático
Diminuir o extravasamento sanguíneo para o subcutâneo
Ajudar na correção de desvios articulares
Promove auxilio na contração muscular
Aumenta a propriocepção
Um dos grandes estudiosos e admiradores desta técnica, o Dr. Hélcio Figueiredo, fisioterapeuta carioca da Total 1, tem demonstrado resultados animadores com o uso desta opção terapêutica. Claro que, como todo tratamento, ele precisa e deve ser feito por um profissional habilitado, neste caso os mais indicados são os fisioterapeutas. Sempre que falo em fisioterapeutas costumo citar Dr. Pedro Paulo Guimarães, Dr. Arivan Gomes e Dra. Mariana Marques, pois com esses tenho contato quase que diários e sempre estamos trocando informações. Apesar de que em relação a Kinesio Taping eles não me falam muito, pois tem medo de que eu aprenda. Sem dúvida e fazendo justiça, o grupo de fisioterapeutas do E.C. Bahia, Dr. André, Dr. Diogo e Dr. Neto, são outros craques desta arte.
Vale ressaltar que este tratamento, seja ele preventivo ou curativo, também não é algo milagroso, tem suas limitações, mas é mais uma ferramenta que temos no meio desportivo. A ação placebo, que é aquela em que na verdade não se faz nada e se obtém resultado, também existe, e essa eu tive uma prova maravilhosa nos últimos dias. Um grande amigo e paciente (que só citarei o apelido: Nando) me falou que taping era tão bom que ele já estava fazendo nele mesmo e jogando tênis sem dor. Claro que esse meu querido amigo, paciente e companheiro de esporte, está sendo agraciado pelo efeito placebo, mas o que vale é que ele tem jogado forte.
Brincadeiras a parte, existe uma técnica específica para a colocação dessas fitas e que podem variar não só com a articulação como também com o objetivo a ser atingido. Por exemplo: se aplico ela no sentido da origem para inserção do músculo, dou mais suporte muscular e ajudo na contração; já se aplico da inserção para origem, ajuda a relaxar a musculatura e melhorando lesões musculares. Além disso, podem ser aplicadas em Y, em I, em X, em teia de aranha, conforme aparece nas fotos.
Tudo que melhora a performance, acelera retorno a prática esportiva e não prejudica, vejo com bons olhos para o esporte. Seja pela ação clínica ou placebo, essa técnica tem conseguidos grandes adeptos e sempre que possível continuarei indicando, lembrado mais uma vez que não é milagre, mas mais uma ferramenta terapêutica.
Dr. Fabio Costa CREMEB 15998 TEOT 8421
Médico Ortopedista, Especialista pela USP em Joelho,
Cirurgia Artroscópica e Traumatologia Esportiva
Coordenador Médico do Esporte Clube BAHIA
www.traumatologiaesportiva.com.br
[email protected]
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