é goleada tricolor na internet
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Publicada em 24 de abril de 2013 às 00:00 por Autor Genérico

Autor Genérico

Japu

Neste domingo, tive o prazer de levar a família para assistir ao espetáculo de teatro de sombras “O Pássaro do Sol”, na sala de teatro da Casa do Comércio – sintomático: a sessão era na hora do jogo do Bahia. Como podem ver, incompetência administrativa também é cultura!

O espetáculo se baseia na lenda indígena da descoberta do fogo recontada pela escritora baiana Myriam Fraga no livro O Pássaro do Sol.

Em resumo, a lenda conta que houve uma época em que a humanidade tinha medo do escuro e da noite por não conhecer seus segredos, até que um sábio cacique comunicou à tribo que o medo da noite passaria se eles obtivessem um pedaço do palácio do Sol.

O desafio foi lançado e só Japu, um jovem e belo guerreiro, se prontificou a cumpri-lo, pois era o único com coragem, força e astúcia suficientes para a missão. Japu se transformou em um pássaro e numa jornada de sete dias e sete noites trouxe o fogo aos homens.

Seu sacrifício em prol de sua tribo, porém, não passou incólume. Japu teve seu rosto deformado pelo calor do fogo que trouxe do Sol e foi excluído e escorraçado pela tribo pela qual se sacrificou.

Então, Japu preferiu voltar a ser um pássaro, a ave com o bico de ponta vermelha como carvão em brasa, tal qual o fogo que ele trouxe do Sol, fogo este que até hoje beneficia os homens. Esta ave até hoje gorjeia nas matas e é conhecida pelo nome do herói da história: Japu.

Mas, o que isso tem a ver com o Bahia?

Bom, se você pensar que as trevas da noite das quais os índios tinham medo são a ignorância, a incompetência e a má administração e se você associar o fogo –que Japu trouxe do Sol num auto sacrifício heróico– à luz do esclarecimento, do desejo de transparência, profissionalismo, competência e, principalmente, democracia, as coisas começam a fazer sentido.

Mas se você enxergar que Japu, o herói que trouxe o fogo para nós, foi excluído e escorraçado por seus pares, tal qual os torcedores esclarecidos do Bahia que há vinte anos iniciaram sua saga de sacrifício próprio em prol de um Bahia livre, democrático e revolucionário e iniciaram pela primeira vez uma oposição organizada, efetiva e esclarecida no futebol baiano –e talvez brasileiro–, verá que a história da oposição tem tudo a ver com a lenda indígena da descoberta do fogo.

Hoje, os “gritos” de #ForaMGF só são possíveis porque lá no passado alguns Japus trouxeram à luz os problemas administrativos do clube. Esses mesmos Japus, torcedores comuns como quaisquer outros, tiveram suas figuras queimadas e proscritas pela torcida à qual beneficiaram sem nenhum apoio. Vide Jorge Maia quando conseguiu a intervenção judicial, uma ação que poderia ter libertado o clube, mas que foi combatida até pelos cegos torcedores inebriados com a mediocridade efêmera, tendo inclusive sua integridade física ameaçada.

A única diferença significativa nessa analogia é que, enquanto nas lendas o bem sempre vence o mal, na vida real as trevas têm desde sempre levado grande vantagem.

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Muito embora a caravana continue passando na base do #EstamosNosLixando, o latido ganhou mais volume e passou a incomodar um pouco mais.

Ontem tivemos uma prova de que a caravana começou a temer a matilha, quando cancelaram a assembleia de prestação de contas.

Cancelaram mesmo após o presidente decantar em jornal que obteve as grandes conquistas de:

– ser Nike (uniforme feito de material de segunda, parecendo de treino);

– ter um novo CT (no interior do Estado, trocado por uma área supervalorizada na capital);

– ser campeão baiano uma vez em quatro tentativas sem nem ganhar do vice (e ao que tudo indica serão uma em cinco);

– subir para a primeira divisão (lugar do qual fomos tirados por seu pai);

– se manter na primeira (com as calças na mão todo ano);

– e disputar uma competição internacional (para a qual praticamente bastava não ser rebaixado para poder participar e –pasmem!– na qual não marcamos nem um gol e nem saímos do Brasil).

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Muitas evidências indicam que as coisas mudaram no ceio da torcida em relação à conscientização sobre o que o Bahia realmente necessita, mas gato escaldado tem medo de água fria.

Dessa vez, eu continuo preferindo esperar pelas famosas duas vitórias para saber se algo mudou de verdade na cabeça do torcedor mediano ou se tudo isso é por causa de uma goleada sofrida para o vice. Esse filme eu já vi diversas vezes e sei qual o final.

Cá pra nós, vencer duas seguidas nesse campeonatozinho, como é o baiano, não é tão difícil. Nem para o Bahia dos Guimarães!

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