é goleada tricolor na internet
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Publicada em 16 de janeiro de 2015 às 00:00 por Autor Genérico

Autor Genérico

Já não vem tarde!

Muitos falam sobre ética e poucos a têm. Quando o então eleito presidente do Esporte Clube Bahia, Marcelo Sant’Ana, anunciou interesse pelo inconstante Jael, escrevi na minha conta no Twitter que “trazer Jael é retrocesso se o processo é de renovação”. Mais tarde, escrevi nesta coluna que Jael não merecia confiança, porque ao primeiro aceno de algum outro clube de expressão, mediana até, ele agitaria para sair. Foi assim quando ele deixou o Bahia e foi para o exterior. Lá, não se dando bem, começou a enviar mensagem pelas redes sociais para a torcida e esta fez o restante para que o Bahia o contratasse, à época.

— Na primeira vez, é bom lembrar, o Bahia tentou trazer o jogador e acertou na palavra com ele, e tudo estava como esteve agora, acertado… mas ele abriu mão da sua palavra e foi para Minas e depois para Goiás, salvo algum equívoco meu na ordem dos fatos.

Voltando do exterior, se tornou um problema no clube e acabou acontecendo o que aconteceu, desrespeitando o Bahia e a sua torcida ao dar um soco em um superior hierárquico. Em minha opinião, ali ficou encerrado definitivamente o ciclo desse jogador no Bahia, para sempre. Por todo o seu histórico de comportamento inadequado com o clube é que acho que seria realmente um retrocesso trazê-lo.

— Fazer média pelas redes sociais com a torcida é outro ponto negativo nesse jogador que desagrada, porque isso é feito para ele se blindar na hora das suas molecagens, aí fica fácil jogar a diretoria contra a torcida e deixar aquela como refém. Isso ele sabe fazer muito bem, pois a torcida, apesar das aprontadas do Jael, sempre o teve como preferido… quem sabe agora esse xodó acabou!

Às vezes, tenho a sorte do lógico conspirar à meu favor, mas costumo dizer que humildade na arte de ouvir sucumbe diante da insensibilidade do deslumbramento.

Com o potencial que dizem ter o referido jogador — algo que jamais consegui notar –, não deveria ele estar em algum grande clube? Laranja madura na beira da estrada… pois é, o resto já se sabe. Às vezes, o bicho não tá no pé e nem na laranja, sim na cabeça que gerencia o próprio caráter. Aliás, caráter e ética no trato da coisa profissional parecem ser as grandes dificuldades do Jael.

Como para o bem do Bahia, sorte da diretoria e alegria minha, Jael já era, vamos tratar de outras dificuldades.

A torcida anda ávida por uma contratação de “peso”, não é bom esperar por esse jogador sonhado. O Bahia tem de se adequar à sua realidade, que é a Segunda Divisão, pra cá não vem nenhum expoente do futebol brasileiro. Poderia se tentar algum outro argentino… acho que de problemas já chega, né?! Uruguaio, Paraguaio, hum… deixa isso quieto e vamos olhar essa turminha que acaba de deixar a Copa São Paulo, ali sim tem bons valores, só precisam ser bem cuidados na transição de baixo para cima. Tomara que Haroldo, com a sua competência — esse cara conhece muito de futebol — descubra um novo Talisca e, se acontecer, tomara que esta diretoria não o entregue pelo preço que o imediatismo da necessidade determinar.

Vou ficar muito feliz quando ver o Bahia formando seu próprio elenco dentro de casa. Certa vez, meu filho, conversando informalmente com Carlos Alberto, aquele mesmo que começou craque e regrediu após disputar a Liga dos Campeões, perguntou se um jogador da categoria dele tinha motivação para jogar no Bahia. A resposta foi imediata: “até gosto de jogar aqui no Bahia, mas é muito diferente do jogador prata da casa, pois, por mais que eu queira me comprometer, falta identidade, e sei que no fim do ano posso sair para um outro clube, porque aqui não tenho raízes. A questão, talvez, nem seja dinheiro, sim uma busca por uma identidade maior num centro mais notado. Não acontece só comigo, mas com todo jogador nômade. O comprometimento é indiscutivelmente inferior ao do jogador feito na Base. O fato de você já vir da Europa com algum sucesso obtido por lá só vai contribuir para essa desmotivação natural num centro menos notado”.

Ele não falou nenhuma novidade, falou uma verdade. Porém, o torcedor ainda não assimilou a filosofia de ajudar a construir um grande clube com a própria matéria prima disponível — que é boa atualmente. Se o treinador não tiver medo de perder emprego e a diretoria peitar o imediatismo emanado da torcida, resolvendo apostar firmemente na Divisão de Base do clube, eu não terei dúvidas em afirmar que em médio prazo o Bahia terá um grande time e uma autonomia capaz de proporcionar voos mais distantes. É claro que algum jogador mais experiente deve ser contratado e é o que vem acontecendo… toda juventude precisa ter alguém para lhe dar equilíbrio.

Por que não colocar agora os pés bem plantados no chão e fazer uma ação de catequização do torcedor através da mídia sobre como será o caminho a ser trilhado para um futuro digno da história do Bahia? Isto evidentemente passa pelo volume de impaciência que caracteriza a torcida, passa pela ausência de grandes conquistas, mas passa muito mais pela coragem do dirigente em sofrer críticas, injustas inclusive, porém, consciente de que está fazendo a coisa certa. A instituição presidente não tem que se salvaguardar de críticas indesejadas. O que precisa ser preservado é a grandeza da outra instituição, o E.C. Bahia.

O Sant’Ana, quando resolveu assumir o pepino, que é o clube na Série B, sabia exatamente que teria de fazer diferente se quisesse obter sucesso, e creio que seja esse o objetivo dele. Vou mais além… é a sua obrigação ser diferente para fazer um Bahia diferente neste Século. Agora, se ele achar que esses projetos de jogadores inacabados, como Jael e outros do mesmo porte, vai fazer da sua administração, e consequentemente do Bahia, um sucesso, pode mudar de rumo, porque o precipício é formado por pedras, e mais uma queda pode ser fatal. Até aqui, exceto “o cruel voltou”, o Bahia está sendo conduzido de acordo com a sua realidade.

Vamos ver o que acontece. Por enquanto, todos nós temos de dar as mãos e apoiar o clube e sua diretoria, mas é claro que algumas atitudes têm de ser rechaçadas imediatamente quando elas não forem condizentes com os anseios da nação dona do clube. Noutro dia critiquei o corporativismo, mas hoje acho que o presidente está tentando se cercar de pessoas da sua inteira confiança. Se essas pessoas são competentes, isso só o tempo dirá. Toda aposta é incerta, a princípio.

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